Regressar!
A conversão, segundo o evangelho, não é um intenso esforço que somos chamados a fazer para apagar as asneiras da nossa vida. Aliás, muitos perfecionamentos da nossa humanidade são até contraproducentes, quando os fazemos para sermos vistos pelos outros numa luz melhor. Trata-se de um mau hábito que o Mestre Jesus no Evangelho deplora abertamente: “Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles; de outro modo, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está no Céu” (Mt 6,1).
A conversão se desenvolve, pelo contrário, a partir de uma nossa disponibilidade a deixar-se “reconciliar com Deus” (2Cor 5, 20), e portanto a recomeçar a tecer o fio precioso da nossa humanidade na sua companhia. No segredo do nosso coração, no profundo da nossa verdade, o Pai espera encontrar-nos, na medida em que somos dispostos a reconhecer-nos pecadores, admitindo com sinceridade que somos um coração meio vazio, um misterioso caos de onde, às vezes, sai o mal. Senão ressoam sem efeito as maravilhosas palavras do Apóstolo que dizem quanto o amor precede e acompanha o nosso caminho: “Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus” (2Cor 5,21). Portanto mais do que uma conversão moralista, próprio de uma religião moralizada e asfixiante, trata-se de uma conversão teológica. Isto é, uma conversão que toca antes de tudo o nosso modo de pensar Deus e o nosso modo de tecer relações com ele. Só num segundo momento nos é pedido um passo em frente e uma consequente conversão moral. Bom caminho para todos.
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