sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça!



A liturgia deste VIII Domingo do Tempo Comum parece que Deus nos quer dizer sinteticamente isto: desde que te chamei á vida não parei de olhar para ti, sigo-te e acompanho-te em cada passo da tua vida. “Fui eu que modelei as entranhas do teu ser e formei-te no seio da tua mãe: fiz-te como um prodígio” (Salmo 139,14). Sim, próprio tu, sei um prodígio, és uma realidade estupenda, maravilhosa! É por isso que “és precioso aos meus olhos, és digno de estima e eu amo-te" (Is 43, 4): Sou muito orgulhoso de ti, tenho-te tatuado na palma da minha mão. Que belo! Por isso estás sempre presente nos meus pensamentos e nunca esquecerei de ti e nunca terei tantas coisas para pensar ao ponto de não pensar em ti a cada momento. Nunca esquecerei de ti! “Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele eu nunca te esqueceria” (Isaías 49,15). Não amo-te porque és bom ou bonito, ou porque sabes fazer isto ou aquilo: amo-te porque és tu. Uma criatura única e irrepetível. Não pense nunca que os teus pecados podem diminuir o bem que te quero, meu amor por te é gratuito “Não temas, porque eu te resgatei, e te chamei pelo teu nome, tu és meu. Se tiveres que atravessar as águas, estarei contigo, e os rios não te submergirão. Se caminhares pelo fogo, não te queimarás, e as chamas não ti consumirão. Porque eu, o Senhor, sou o teu Deus; eu, o Santo de Israel, sou o teu salvador” (Is 43,1-3). Não tenhas medo, estou contigo para proteger-te, caminho sempre contigo e estarei sempre do teu lado acompanhando-te nas tuas lutas, não te deixarei, nem te desampararei. “Amo-te com um amor eterno, por isso, dilatei a misericórdia para contigo” (Jer 31,3). Por isso estou sempre pronto para (re)abraçar-te cada vez que diriges para mim os teus passos. Na verdade, os meus braços estão sempre abertos para abraçar-te calorosamente. Sobretudo quando as tuas escolhas te conduzem para longe de mim. Mesmo quando vais em busca de outros amores, de outras aventuras que, no entanto, não te enche a vida de significados, porque sou o único que te sei amar com um amor imenso e infinito. Não acreditas? Olha para a cruz, é a minha maior prova! O meu único desejo é caminhar ao teu lado todos os dias para remover todo o mal e toda a dor que habitam a tua história! Eu “estou á tua porta a bater e se ouvires a minha voz e abrir a porta, entrarei na tua casa e cearei contigo e tu comigo” (Cf. Ap 3,20). Não te preocupes contigo mesmo eu cuidarei de ti porque amo-te!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tu és Pedro!

Hoje, 22 de Fevereiro, na Igreja Católica celebramos a festa da Cátedra de São Pedro. É uma ocasião que nos é oferecido para meditarmos a peculiar missão que Jesus confiou ao pobre pescador da Galileia. O símbolo da Cátedra (cadeira) mete em evidência a missão de mestre e pastor que Jesus confiou a Pedro, indica, portanto a posição como preeminente no colégio apostólico, demostrada na explícita vontade de Jesus que lhe atribui o papel de “apascentar” o rebanho, isto é de guiar o povo de Deus, aqueles que dariam crédito a Jesus Cristo.
Ao centro da Liturgia de hoje esta a ideia da paternidade de Deus. O próprio Jesus afirma que Pedro, respondendo sobre a identidade de Jesus reconhecendo-o Messias, falou por inspiração de Deus: “feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. De facto é de Deus que provém tudo o que bom e tudo o que é verdadeiro. Também Jesus é dócil ao pai. Não escolhe arbitrariamente o primeiro (no serviço) entre os seus apóstolos mas deixa que seja Deus a manifestar a sua escolha e só depois, quando o reconhecimento de Pedro indica inequivocamente a escolha de do Pai, diz a Simão: “Tu es Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Estamos diante de um reconhecimento recíproco, baseado na iniciativa do Pai. Pedro reconhece em Jesus o Filho de Deus e Jesus, da parte sua, reconhece em Pedro a pedra fundamental da sua Igreja.
O Evangelista Mateus é cuidadoso em afirmar que a compreensão de que Jesus é Filho de Deus não é fruto da carne ou do sangue mas é dom de Deus. O Evangelista sabe muito bem que somente a luz que vem de Deus faz compreender o mistério profundo de Jesus…
Nos versículos que seguem o Evangelista afirma que chegou o tempo para para um novo anúncio: da revelação de Jesus Messias se passa à revelação de Jesus como Filho do homem sofredor. Diante deste anúncio da paixão nasce uma incompreensão, desta vez não da parte da multidão mas da parte dos próprios discípulos que não aceitam que o Messias de Deus possa sofrer. Mateus quer dizer-nos que a Cruz faz parte do plano salvífico. Porque na Cruz fica evidente que Deus não toma parte em nenhum evento de morte e de pecado. O Deus de quem Jesus é o Messias é um Deus que não tolera o mal.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Amai os vossos inimigos!



No Evangelho deste VII Domingo do Tempo Comum Jesus pede aos crentes de não oporem resistência ao malvado: esta dimensão negativa do ser discípulo será preenchido pelo comando positivo de amar os próprios inimigos. A violência faz parte do mundo não redimido e opõe-se radicalmente ao Reino de Deus portanto, não pode fazer parte da prática messiânica.
A exigência de amar os próprios inimigos é o ponto central da “diferença cristã”: o que distingue o cristão dos pagãos e publicanos, dos indiferentes e não crentes? Jesus pede aos que crêem nele a saírem do círculo estreito, da limitação das suas relações àquilo que é homólogo, semelhante, recíproco, auto-referencial: amar quem já nos ama, saudar somente os irmãos. Trata-se de ousar a alteridade, de ter a coragem da diversidade e de vencer com as armas do amor o medo da diferença e do “outro”. Aquilo que provoca a violência é a absolutização de nós mesmo, do nosso eu.
Praticar o amor aos inimigos traz consigo uma grande promessa escatológica: “para serdes filhos do vosso Pai que está nos céus”. Viver o amor aos próprios inimigos significa aceitar de ser imergido no amor de Deus que em Cristo se é manifestado como amor aos inimigos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Voltar a crer e esperar!

Ó vós todos, que passais pelo caminho,
Olhai e vede se há dor igual à minha dor!” (Lm 1,12)

Cerca um mês atrás a pequena cidade de Ceva, onde vivo já alguns meses, foi abalada pela morte de um jovem de 24 anos vitima de um acidente automobilístico. Este trágico evento chocou profundamente todos os cebanos (aqueles que são de Ceva), de modo particular os jovens. Marco (assim se chamava a vitima) era muito conhecido e muito amado. Era um apaixonado pela montanha (como um bom piemontese) e pelo ciclismo. Quando uma vida (em qualquer idade mas sobretudo se jovem) é assim brutalmente e inesperadamente ceifada reacendem na consciência colectiva perguntas fundamentais sobre a nossa existência e sobre a possibilidade ou não da existência de Deus. Se ele existe as dúvidas e, compreensivamente, a revolta ganham proporções ainda maiores. Sobretudo se aqueles que se declaram crentes e, inclusive,  ministros deste Deus que definem como amor não souberam calar e rezar e tentarem “justificar” o sucedido reclamando o “destino” ou, pior ainda, a justiça de Deus. 
Os pais do saudoso Marco (Marco era filho único), frequentadores do nosso convento, depois de algum tempo de ausência, hoje voltaram para a Missa das cinco. No fim da Missa gentilmente quis cumprimentá-los e surpreendentemente, não sem algumas lágrimas,  disseram-me: “com a partida de Marco foi-se também um pedaço de nós e da nossa felicidade mas agora temos que encontrar forças para voltar a crer e a esperar”. Talvez quisessem da minha parte um discurso de consolação ou de confirmação mas eu não tive forças de pronunciar palavras limitei-me a abraçá-los e a segredar-lhes: “vos acompanho na oração”. Não sei se o meu abraço e a certeza da minha pobre oração transmitiram-lhes a minha veneração e a minha total sintonia com com a sua dor. 
Estou certo que estes pais, trespassados pela “espada da dor” como Maria mãe de Jesus, meditando a tragédia da morte de um filho único encontrarão uma forte relação com a morte de um Outro Filho único: Jesus. Estou certo que saberão, talvez daqui a tantos anos, a reler estas duas mortes dramáticas á luz da revelação de um Deus que é sempre fiável. Sim, porque o mistério da Cruz, depois de um inicial espavento e descrédito, possibilita curiosamente o aproximar-se e o afirmar-se de uma fé sem precedentes. (Cf. O centurião vendo Jesus morrer afirma: “verdadeiramente este homem era Filho de Deus”). Somente a presença daquele que atravessou a existência humana com todas as suas imprevisibilidades e dramaticidades, inclusive o sofrimento e a morte inocente, sem nunca deixar de fiar-se incondicionalmente no amor de um Deus que ele chama de Pai. Cristo crucificado é a única presença capaz de habitar e de encher a solidão do corpo e do espírito que experimentam aqueles, como os pais de Marco, a perda de um ente querido como um filho único. É a este “homem das dores” que eu não cesso de rezar para que possamos todos, quando formos visitados pela dor, pelo sofrimento e pela até morte, continuar com os olhos fixos em Deus e possamos, atravessado o deserto da solidão cantar com Francisco de Assis: “Louvado sejas tu, ò meu Senhor, pela nossa irmã a morte corporal”. Estou convencido que na sua cruz Jesus não somente redimiu o homem mediante o sofrimento, a dor e a morte mas o próprio sofrimento, a dor e a morte foram redimidas.  É a ele que confio esta família: os pais e o filho único: MARCO.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Evangelho como Pão!

Na narração cristã de Deus a imagem do pão é absolutamente central. No “Pai Nosso” Jesus ensina a rezar: “dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” recolhendo neste pedido e portanto no símbolo do pão tudo aquilo que é essencial, não somente no sentido moral, para uma vida boa e digna de ser vivida. 
Sobretudo, Jesus, quando decide deixar um gesto ritual que continuasse a sua presença no meio dos seus discípulos escolhe a Eucaristia, partindo e distribuindo um pão que é ele mesmo. 
Mas porquê o pão? Porque Jesus chega ao ponto de instituir esta surpreendente identificação: “eu sou o pão da vida”? Faz pensar a qualquer coisa de simples e de sublime ao mesmo tempo: a maravilhosa normalidade do pão que exprime de maneira original e imediato a bondade da existência?
Mas o de Jesus não é somente um pão oferecido mas é um pão (re)partido. Na Ultima Ceia Jesus toma o pão, diz a oração de agradecimento, parte o pão dividendo-o em fragmentos e o distribui aos discípulos. Sucede que aquele gesto, conhecido como oferta de  amizade, Jesus o faça acompanhar por algumas palavras que o dá uma interpretação radicalmente nova e de dramático peso: “Este é o meu corpo”. Isto é - diz Jesus - este pão que ofereço sou eu mesmo na concreto da minha humanidade e da minha vida. Mas, se trata, exactamente, de um pão (re)partido, de um pão oferecido completamente desde o seu início até ao fim inclusive o seu ponto de rotura representado pela morte. Jesus é o pão. 
Com esta semelhança o Filho unigénito exprime o caracter inequivocamente bom da divindade: um Pai que deseja dar as coisas boas aos seus filhos e de facto oferece si mesmo no Filho como alimento perene para a fome dos homens.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Jesus, cumprimento da Lei!



O ideal religioso do judeu devoto consistia, no tempo de Jesus, em observar a lei, através da qual se realizava a vontade de Deus.
Meditar e obedecer à lei, era a herança do judeu devoto, "uma lâmpada para os seus passos", o seu "refúgio", a sua "paz" (cf. Sl 119).
Jesus é o cumprimento da lei, porque ele é a palavra definitiva do Pai (Hb 1,1). Paulo nos diz que "quem ama o próximo cumpre a lei ... pleno cumprimento da lei é o amor" (Rm 13,8-10).
E é neste sentido que Jesus é o cumprimento de toda palavra que procede da boca de Deus: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito... Para que o mundo seja salvo por seu intermédio" (Jo 3,16-17).
O cristão é, em primeiro lugar, um discípulo de Jesus, e não um cumpridor de leis. Os fariseus eram obcecados com a aplicação literal e minuciosa da lei, mas tinham perdido completamente o espírito da própria lei. Daí as palavras de Jesus: "Se vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus...".
Amor não é primariamente um sentimento generalizado de fazer sempre o que queremos, mas sim o motor do serviço ao próximo, de acordo com o plano divino. E é por isso que Jesus enumera seis casos da vida quotidiana - neste VI Domingo do Tempo Comum a liturgia nos apresenta os três primeiros - em que se manifesta este amor concreto: a reconciliação com o nosso próximo, não irar-se, não insultar ninguém, não cometer adultério nem mesmo no desejo, evitar o pecado… O contraste com os critérios que regem o mundo moderno não poderia ser maior. Para que valores cristãos apostamos? Mais uma vez somos consolados pela declaração de Cristo: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão" (Mt 24,35).

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

...Era muito boa!


Durante esta semana e a próxima a liturgia quotidiana irá apresentar-nos algumas passagens do livro de Génesis.
Escutaremos o relato bíblico da criação, que não ha nenhuma pretensão científica, no sentido que damos hoje a esta expressão, mas a sua intenção é catequética.
Na criação o homem ocupa um lugar singular em relação às outras criaturas de Deus. O homem é o único criado “à imagem e semelhança de Deus”. O homem é o ponto máximo da criação de Deus.
O que significa que o homem foi criado à imagem de Deus? Muitas foram as explicações propostas durante a história da Teologia. O que é central é que a criação do homem à imagem e semelhança de Deus propõe uma relação estreita entre Deus e o homem. Deus cria um ser que que lhe é conforme, com quem possa comunicar.
O livro de Génesis, como já disse, “não foi redigido para escrever História, mas para dizer que Deus domina a História”.
Devemos, lendo este belíssimo livro, fazer a distinção entre "representação" e "revelação". A “representação” reflecte, inevitavelmente, a cultura da época. A “revelação” manifesta a verdade que permanece além do tempo e das culturas. Aquela é filha do tempo, a esta filha da eternidade.
Que a terra fosse plana e o céu curvo, que o oceano circundasse a terra seca e o sol pendesse como uma lâmpada, diz respeito à representação do cosmo, e não de uma revelação religiosa. A Bíblia reage de maneira clara às crenças míticas e idolátricas do tempo afirmando a existência de um único Deus, único Criador.
Muitos mitos orientais de facto narravam fantásticos contos de divindades em permanente luta umas com as outras: contos do deus da luz e da deusa do mar, das potências celestes e terrestres; gene do bem e do mal, que lutam freneticamente para dominar o mundo, cada um com seu próprio nome, cada um com sua própria soberania, cada um com seu próprio domínio.
O livro de Génesis, em oposição a essas crenças, afirma que toda a criação é obra de um único Criador, e só a ele pertencem o céu e a terra, que somente dele dependiam a luz e os astros, dia e noite, vida vegetal e animal, e que ninguém fora dele, tem poder sobre o universo. Afirma sobretudo que a obra de Deus é boa desde toda a eternidade.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sabor e esplendor de Deus!



«Vós sois o sal da terra...». Como se sabe, uma das funções primárias do sal é temperar, dar gosto e sabor aos alimentos. Esta imagem recorda-nos que, através do baptismo, todo o nosso ser foi profundamente transformado, porque «temperado» com a vida nova que nos vem de Cristo (cf. Rm 6, 4). Este sal que tem a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado, é a graça baptismal que nos regenerou, fazendo-nos viver em Cristo e tornando-nos capazes de responder ao seu apelo para «oferecermos os [nossos] corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus» (Rm 12,1). S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma, exorta-os a evidenciarem claramente o seu modo de viver e pensar diverso do de seus contemporâneos: «Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito» (Rm 12,2).
O sal foi também, durante muito tempo, o meio habitualmente usado para conservar os alimentos. Como sal da terra, sois chamados a conservar a fé que recebestes e a transmiti-la intacta aos outros. Particularmente grande é o desafio que se coloca à vossa geração de manter íntegro o depósito da fé (cf. 2Ts 2,15; 1Tm 6,20; 2Tm 1,14).
É próprio da condição humana e, particularmente, da juventude buscar o Absoluto, o sentido e a plenitude da existência. Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideiais! Não vos deixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais profundos e autênticos do seu coração. Tendes razão para não vos resignardes com diversões insípidas, modas passageiras e projectos redutivos. Se mantiverdes com ardor os vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o conformismo, tão espalhados na nossa sociedade.
3. «Vós sois a luz do mundo...» Tanto para os primeiros que ouviram Jesus como para nós, o símbolo da luz evoca aquele desejo de verdade e sede de chegar à plenitude do conhecimento que estão gravados no íntimo de todo o ser humano.
Quando a luz vai diminuindo ou desaparece totalmente, deixa-se de poder distinguir a realidade circundante. No coração da noite, pode-se sentir medo e insegurança, aguardando-se então com impaciência a chegada da luz da aurora. Amados jovens, é o vosso turno de ser as sentinelas da manhã (cf. Is 21,11-12) que anunciam a chegada do sol que é Cristo ressuscitado!
A luz de que nos fala Jesus no Evangelho é a fé, dom gratuito de Deus que vem iluminar o coração e esclarecer a inteligência: «Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é que brilhou nos nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento da glória de Deus, que se reflecte na face de Cristo» (2Cor 4,6). Por isto mesmo assumem um valor extraordinário as palavras com que Jesus explica a sua identidade e missão: «Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12).
O encontro pessoal com Cristo ilumina a vida com uma nova luz, orienta-nos pelo bom caminho e leva-nos a ser suas testemunhas. O novo modo de ver o mundo e as pessoas, que d'Ele nos vem, faz-nos penetrar mais profundamente no mistério da fé, que não é simplesmente um conjunto de enunciados teóricos para serem acolhidos e ratificados pela inteligência, mas uma experiência a assimilar, uma verdade a ser vivida, o sal e a luz de toda a realidade (cf. Veritatis splendor, 88).
No actual contexto de secularização, quando muitos dos nossos contemporâneos pensam e vivem como se Deus não existisse ou deixam-se atrair para formas irracionais de religiosidade, é necessário que precisamente vós, amados jovens, reafirmeis a fé como uma decisão pessoal que compromete toda a existência. Que o Evangelho seja o grande critério que guia as opções e os rumos da vossa vida! Tornar-vos-eis assim missionários por gestos e palavras e, por todo o lado onde trabalhardes e viverdes, sereis sinal do amor de Deus, testemunhas credíveis da presença amorosa de Cristo. Nunca esqueçais: «Não se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire» (Mt 5,15)!
Peço a Deus, três vezes Santo, que, pela intercessão desta multidão imensa de testemunhas, vos torne santos, amados jovens, os santos do terceiro milénio!

(Extrato da da mensagem do Papa João Paulo II em ocasião da XVII Jornada Mundial da Juventude)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

homens livres, servidores do Evangelho!

Hoje, a quarenta dias depois do Natal, a Igreja nos convida a celebrar a festa da Apresentação de Jesus no Templo.
Maria "apresenta" a Deus o seu filho Jesus e lho "oferece". ora, toda oferta é  também uma renúncia. Por isso podemos quase afirmar que começa aqui o mistério do sofrimento de Maria, que culmina ao pé da cruz. A cruz é a espada que atravessaria a sua alma. Todo judeu primogénito era um sinal quotidiano e memorial permanente da "libertação" da grande escravidão: os primogénitos de Israel no Egipto, foram poupados. Mas Jesus, o Primogénito por excelência, não será "poupado", mas com o seu sangue traz a nova e definitiva libertação. O gesto de Maria, que "oferece" o próprio filho se traduz no gesto litúrgico, de cada nossa Eucaristia. Quando o pão e o vinho - frutos da terra e do trabalho do homem - nos é dado de novo como Corpo e Sangue de Cristo, também nós somos em paz do Senhor, porque contemplamos a sua salvação e vivemos na expectativa da sua "vinda".
Por vontade do Papa João Paulo II se celebra também a Jornada de oração pelos consagrados. Ora pelo Baptismo somos já todos consagrados a Cristo. No entanto essa fundamental e insuperável consagração que nos constitui como novo povo de Deus em igual dignidade deve assumir formas concretas em vista á própria santificação, à santificação dos irmãos e ao testemunho evangélico ao mundo de hoje. É assim que nasceu na Igreja a vida religiosa, homens e mulheres que professando os conselhos evangélicos vivem o próprio Baptismo na Igreja sendo uma chamada de atenção constante sobre os verdadeiros valores da vida e da fé. Os objectivos da celebração deste dia é, segundo o saudoso Papa, “ajudar toda a Igreja a valorizar cada vez mais o testemunho das pessoas que decidiram seguir Cristo pela prática dos conselhos evangélicos e, ao mesmo tempo, uma ocasião propícia para as pessoas consagradas renovarem o seu compromisso e reacender o fervor que devem inspirar a sua doação ao Senhor.”
Não posso, porém, deixar de lamentar, à luz do primeiro objectivo, o facto de este importante dia se resumir no fim, em algumas Igrejas, a um mero encontro dos religiosos com o próprio bispo (noutras Igrejas nem mesmo isto). Para mim o não valorizar a riqueza que representa os religiosos Igreja local, ou uma errada visão funcionalistica dos religiosos, é um evidente sinal de auto-suficiência dos nossos pastores e agentes pastorais. Muitos, de facto, consideram a vida religiosa uma concorrência na actividade pastoral. Tudo isto é fruto de uma concepção de Igreja ainda centralista, clericalista e jerarquica incapaz de acolher e valorizar a diferença. Em algumas Igrejas que conheço o corporalismo é ainda forte e dá evidentes sinais de querer consolidar ainda mais. 
A esperança é que finalmente a eclesiologia de comunhão que o Concílio Vaticano II inaugurou seja finalmente acolhida nas nossas comunidades locais.  

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

Aqui escreves TU