segunda-feira, 30 de abril de 2012

Frei Capuchinho, EU quero ser!


Nos permanentes contactos que tenho tido com os jovens, quer nas escolas onde lecciono, quer nas minhas várias actividades pastorais, diante das muitas inquietações lanço muitas vezes e em tom desafiador a pergunta:  “Já pensou o que você vai ser amanhã?”
Certo, a vida moderna nos oferece muitas alternativas, mas é importante que os jovens perguntem com frequência: “qual o caminho a seguir?” É também muito importante responder com serenidade e seriedade a estas questões: tens um sonho? Amas e tens um ideal de vida? Acreditas em Jesus e no seu projecto? Sentes paixão pela constrição do mundo? 
Se sim, caro jovem então atreva-se! Descubra uma vida nova! Para conhecer a tua vocação é indispensável buscar conhecimento e perceber os sinais que a vida e Deus te apresentam. Lembra-te, a partir do teu desejo íntimo, tu podes encontrar uma vida nova de dedicação e amor ao próximo. 
Na medida em que se torna mais intenso o desejo de seguir em frente é preciso ter muito discernimento e acompanhamento. Não é por acaso que um número cada vez maior de jovens buscam conhecer a vida Franciscana nas nossas casas de formação ou nos nossos grupos juvenis (como a JuFra).
Não é preciso pressa, no tempo certo vais descobrir qual é a tua. O importante mesmo é seguir valorizando a vida em todas as suas formas e entrar no grupo dos que levam uma existência comprometida, isto é todas as pessoas que querem um mundo melhor. De facto todos somos chamados a viver e conviver em harmonia, a ser propagadores de Paz e Bem entre todas as criaturas, a compartilhar as alegrias e esperanças, tristezas e angústias de toda a humanidade. Irmãos e irmãs, casados e solteiros, jovens e idosos, todos podem pertencer à grande e bonita Família Franciscana.
Em Cabo Verde existem diversos grupos que vivem e testemunham Jesus Cristo do jeito de São Francisco e Santa Clara. Somos muitos, graças a Deus! De entre estes muitos que somos alguns são consagrados, isto é, são certos cristãos "homens e mulheres" que vivem uma forma especial de seguimento a Jesus Cristo. Vivem em comunidade e participam na missão evangelizadora da Igreja, com especial atenção aos que foram os preferidos de Jesus: pobres, enfermos, pequenos. Os que abraçam essa forma de vida não se casam, vivem pobremente, cultivam a oração e meditam a Palavra de Deus. Isto acontece quando a pessoa se sente irresistivelmente atraída pelo amor de Deus. O Amor de Deus é tudo, vale tudo, merece tudo, está acima de tudo. E então "se rende". Entrega-se: "Senhor, que queres que eu faça?" Esse processo culmina na consagração como Frei ou Irmã.
Se és jovem e esta breve leitura despertou em ti o desejo de conhecer melhor os freis capuchinhos então entre em contacto connosco. Estamos em: Santo Antão: 2221295; São Vicente: 2324208; São Nicolau: 2351209 ou 2361143;  Santiago: 2647304; Fogo: 2812587; Brava: 2851344
Bom caminho!

sábado, 28 de abril de 2012

O Verdadeiro pastor!

“Eu sou o Bom Pastor” - Talvez Jesus se tenha recordado das palavras de Deus pronunciadas pela boca do profeta Ezequiel: “Eu cuidarei das minhas ovelhas, para as tirar de todos os sítios em que se desgarraram num dia de nevoeiro e de trevas. Eu apascentarei o meu rebanho, Eu o farei repousar. Hei-de procurar a ovelha que anda perdida e reconduzir a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida e velarei pela gorda e vigorosa” (34, 11-16). Como pastor Jesus não vai à retaguarda lamentando-se da lentidão dos nossos passos ou dos saltos fora da estrada, mas caminha à frente, abrindo caminhos inesperados e inventado percursos de esperança. Precede-nos atraído mais pelo nosso futuro do que pelas quedas do passado. É o seu andar que seduz e encanta, convidando-nos a sair dos velhos recintos, dos rebanhos anónimos, dos desvios falhados, para ir ao encontro dos outros. “Conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me” - São tantas e infinitas as vozes que enchem a nossa vida: conselhos, pareceres, comentários, boatos… que nos afogam no silêncio anónimo. Faltam vozes amigas e familiares que falam ao coração. De facto, os ouvidos ouvem, mas é o coração que escuta. Só o coração reconhece a voz do amado, só o coração ardente reconhece o Senhor ao partir do pão, só o coração de amor responde: “eis-me aqui”. Quando o bom Pastor chama fá-lo num modo eternamente apaixonado. Ele conhece nossa vida; recorda a nossa beleza mesmo quando não nos lembramos dela; sabe quais são as nossas quedas para, se necessário, levar-nos ao colo. O Pastor chama pelo simples nome, sem evocar função, autoridade ou atributo, abraçando simplesmente a nossa humanidade de filhos. Abraça-nos com a sua voz, fala sem atalhos ao coração, convida-nos a sair de tudo aquilo que rouba, saqueia ou é estranho à vida. “Dou a minha vida” - Este é o segredo de Jesus, o tesouro escondido e o mistério revelado: Deus vem para dar vida! Dar a sua vida! Não apenas o indispensável, mas aquela vida exuberante, excessiva, bela, magnífica, exagero de vida. Deus dá sempre em demasia: cem vezes mais em irmãos; sobras imensas após saciar a multidão; água insípida transformada no melhor vinho de Canaã; ossos inanimados revigorados no paralítico; pedra do túmulo rolada em Lázaro; perfume esbanjado no perdão dos pecados, até à morte do Filho na cruz para salvar o escravo. O Amor é sempre excessivo, abundante, exagerado; de contrário não seria amor! Ser cristão é aprender de Jesus que a vida é dom; é descobrir que o sentido da vida é dar com abundância; é compreender que o segredo da felicidade depende do amor, da entrega e da relação com o pequeno rebanho confiado ao nosso coração. E Deus, com infinito amor, dá a eternidade ao que de mais belo e bom trouxermos no coração. E isso, caros amigos, é Evangelho!

terça-feira, 24 de abril de 2012

E VIU QUE ERA COISA BOA!

Se queremos compreender uma “filosofia” devemos olhar o modo com que ela apresenta a relação entre as pessoas e as coisas. Mais do que nas enunciações teóricas, uma visão da vida se revela por aquilo que é ao descrever o significado das coisas para a pessoa. O homem verdadeiro se vê no modo como vive a circunstância. A palavra “circunstância” indica o que está à nossa volta. Nós vivemos circundados de pessoas e de coisas Mas dizer isto não basta. Não somos câmeras de filmar que registram com indiferença aquilo que vemos. Na verdade, as coisas nos provocam; são “palavras” que batem á porta da nossa existência e pedem para serem hospedadas. Todas as coisas que acontecem são pro-vocações. E aqui nascem os problemas! As coisas suscitam em nós atracção e repúdio. Concentremos a nossa reflexão sobre as coisas que nos atraem. Muitas vezes temos medo destas coisas que nos atraem. Porquê? Porque muitas vezes se acolhermos a promessa de prazer e de satisfação que trazem consigo e se nos deixarmos envolver, depois tomamos conta que podemos ficar escravos destas coisas e pessoas; outrossim, temos medo que aquilo que nos atrai nos cause grandes desilusões. As coisas parecem consumir-se e tornam-se assim, tarde ou cedo, em causa de dor. De facto os nossos sofrimentos estão sempre ligados aos nossos desejos. Por isso, ao fim ao cabo, existem duas “filosofias”: uma que diz: tudo neste mundo acaba um dia, aproveita o que se pode aproveitar sem se comprometer com nada. É a filosofia do carpe diem. A outra é a vida ascética na qual as coisas são tidas como más e em alternativa a Deus e por isso devem ser evitadas. Na vida cristã, porém, as coisas são boas (Gn 1,4-31). Isto está escrito desde o início da Bíblia e se repete várias vezes (Sabedoria 1,14) até São Paulo, que afirma: tudo o que foi criado por Deus é bom e nada deve ser desperdiçado (cf. 1Tm 4,4). Para a visão cristã da vida as coisas são boas porque são criaturas, isto é, queridas por Deus e por isso, “sinais”. E nós podemos viver bem a realidade, gozar das coisas quanto mais as tomamos como sinal através do qual Deus nos fala e nos faz caminhar para na sua direcção. Neste caminho não são mais as coisas que nos possuem, mas somos nós que aprendemos a possuir as coisas em Deus. ver as coisas como sinal de Deus quer dizer vê-las como as via Jesus, com os olhos do Pai. Assim, exactamente porque reconheces que tudo é de Deus, tudo se transforma teu, e és chamado a ser filho de Deus em Cristo. Sabem como se chama o ponto mais alto deste modo de sentir e gozar as coisas, as relações e as pessoas? Chama-se virgindade! A sério? Sim! A virgindade cristã não é fuga da realidade, mas é viver todas as coisas como as vivia Jesus, possuir as coisas como Jesus. 


Frei Paolo Martinelli (capuchinho e professor universitário)

sábado, 21 de abril de 2012

Segundo as Escrituras!

Do desespero até à fé Os dois discípulos de Emaús caminham amargurados e decepcionados. Abandonam Jerusalém e ali deixam os sonhos e as esperanças Com o coração ainda acampado no calvário são incapazes de acolher a alegria transbordante da Páscoa. Enquanto caminham um desconhecido junta-se a eles. Quando tudo parece falir, Jesus faz-se companheiro de viagem, acolhendo as confidências, na partilha da vida, da palavra e do pão. Quem de nós não se encontrou um dia sobre a estrada de Emaús, com o coração cheio de questões e de esperanças desiludidas? Quantas vezes não pensamos que o Senhor fica retido nos sacrários e que caminhamos sozinhos no mundo? Ainda hoje, quando sobre a nossa fé desce a noite, os passos de Jesus metem-se nos rastos da humanidade, dentro do pó da estrada, e ao ritmo do seu coração. O problema não é a ausência de Deus, mas é a incapacidade em reconhecê-lo; é a miopia que concentra tudo sobre nós próprios, sobre os nossos problemas. Caminho de palavra e de pão Caminhar juntos permite desfolhar as páginas densas da vida com um novo significado. Se a palavra amiga muda o coração, o pão partilhado muda o olhar dos discípulos que reconhecem Jesus no partir do pão. É este o seu estilo; é este o sinal da sua presença como corpo partido e dado, vida doada para alimentar a vida. Todo o caminho de Emaús é uma liturgia de esperança: faz descobrir o fio de ouro dentro das malhas do mundo; revela a presença silenciosa e escondida de quem nunca nos abandona; é capaz de despertar o dom de um coração aceso, apto a ver o amigo. Emaús obriga a repartir, como se a noite já não fosse noite. O triste caminhar torna-se então alegre corrida com o sol dentro da vida: não há mais noite, nem cansaço, nem tristeza. “Não ardia cá dentro o nosso coração?” Esta é a eterna interrogação do homem. Na verdade, desde a saída de Jerusalém até ao regresso, não mudam os factos ou as palavras, muda é o coração dos discípulos. Para reconhecer Jesus não basta conhecer as Escrituras, não basta caminhar com o outro, não basta repetir mecanicamente os gestos da última ceia, se em tudo faltar o ardor do amor. Sem amor é impossível ver Jesus e o outro. Só o amor conhece! Só amor vê e encontra! É sobre Jesus que os dois discípulos falam; é por causa dele que estão desiludidos e desconsolados. Mas só quando Ele lhes fala, é que arde o coração. Só uma vida acesa, na partilha dos irmãos, é capaz de incendiar as trevas e desilusões. Ter um coração ardente é o dom precioso de Emaús! E isso, caros amigos, é Evangelho!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pegar ou largar!


O abandono das redes, da própria profissão: este é o primeiro abandono que Jesus pediu. Não é, porém um abandono “uma vez para sempre”: é um abandono contínuo que acontece cada dia porque não precisa só abandonar as redes mas também os  carismas e tantas coisas que possam servir-se de impedimento. Daqui nasce a escala das prioridades que se actualiza continuamente mas que em primeiro lugar põe sempre Jesus Cristo. Cada vez mais ouvimos dizer: “quando serei… quando terei...” mas quanto mais estamos empenhados, mais o Senhor nos chama a fazer alguma coisa. Acredito que é o Senhor que nos guia: não dou um pouco de tempo a Deus em base aos meus compromissos, mas arranjo um espaço para dar-Lhe tempo na oração, para estar com ele através da evangelização… o Evangelho é tudo para todos e nós somos chamados ao abandono das redes! Durante o meu dia de trabalho e de estudo encontro sempre tempo para o Senhor porque como cristão não deixo alguma coisa mas encontro uma pessoa. E encontrando Jesus tudo o resto é… resto. No fundo é uma escolha! Jesus chama-me, convida-me a seguí-lo e eu o sigo sem o saber. Jesus pede simplesmente que eu o siga e mais nada. Seguindo-o com todo mim mesmo descubro que pelas coisas que faço com coração em favor dos meus irmãos, mesmo sem receber recompensa, recebo uma grande alegria que dá sentido e qualidade ao meu viver e reforça o amor por Jesus. Fazer esta escolha é difícil: cada dia devo fazer contas com uma sociedade e com os esquemas que ela me impõe ou tenta impor-me; escolher coloca-me contra a parede, pronto para ser julgado, visto como diferente, enquanto quem julga não se dá conta que é ele que não consegue viver livre, mas escravo da matéria que o circunda. Pessoalmente procuro Deus nas pequenas coisas, naquelas que podem fazer-me imensamente feliz… encontro Deus na misericórdia, na fé vivida com simplicidade, no amor, na simplicidade da vida, na descoberta do próximo como irmão, na Igreja… procuro Deus nos sorrisos e nos prantos das pessoas… procuro Deus sobre a Cruz! Porque sobre  a Cruz morreu para a nossa salvação e o papel de quem o consegue ouvir e escutar é o de profetizar. Quem entrar em contacto profundo com a Palavra de Deus… não é nunca o mesmo! 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Confiança!


Existe no Evangelho a discrição da insana satisfação de um homem que lutou toda a sua vida para conquistar um nome, para, construir uma empresa, para aumentar a facturação, para impor-se no mercado. Um homem realizado que se alargou sempre mais e teve a graça de sentar-se e contemplar e de sentir-se satisfeito. Parar para contemplar o que já se conseguiu é já um facto positivo tendo em conta aquele frenesim de ter que a muitos envenena toda a vida para conquistar sempre mais.
Ora bem, este homem se senta, contempla e põe a confiança naquilo que possui. “Minha alma, goza, fizeste tudo aquilo que podias para agora estar bem. Hoje tens o prémio das tuas canseiras. Foi muito duro! Tivemos que eliminar tantas outras pessoas que nos faziam concorrência, não fomos sempre lá muito leais. Mas o mundo é assim: se não comes os outros, são os outros que te comem a ti”. 
Os sonhos deste homem realizaram-se, mas rapidamente tornaram-se num pesadelo. De facto como uma música de fundo ouve um murmúrio: “Tolo, esta mesma noite deverás prestar contas de tudo e ficarás nu como quando nasceste, as únicas coisas que poderás levar contigo são o teu coração e a tua capacidade de amar. Mesmo que alguém viva na abundância a sua vida não depende dos seus bens”. 
Esta é mais do que uma constatação, é o ensinamento de Jesus que chama a nossa atenção acerca do apego ao dinheiro, às operações económicas, aos jogos de azar, ao acúmulo... 
É sempre presente a tentação de confiar o nosso futuro às coisas: o drogado o confia às substâncias, o famoso ao sucesso, o jogador às conquistas, o homem da televisão às audiências. E, infelizmente, muitas vezes tornamo-nos meias pessoas, uns manequins à deriva das situações. Perdemos a alma pensando que estamos a salvar a vida. 
É a Deus que ocorre confiar e fiar-se. É ele que deve sempre estar diante de todos os nossos pensamentos. Estamos a esquecer-nos de uma palavra: providência. No entanto os santos construíram obras grandiosas confiando apenas na providência de Deus. Deus criou-nos e nos mantêm em vida por isso nos seus braços podemos confiar-lhe a nossa humanidade ferida.   

sábado, 14 de abril de 2012

Ver, tocar, crer!

“Estando fechadas as portas da casa” A tristeza e o medo de acabar como o Mestre aferrolha os discípulos. A memória da cobardia na noite da traição paralisa-os! No entanto, Jesus vem. Vem porque não se escandaliza nem se impressiona com os nossos medos e feridas. Ele entra apesar da dureza e lentidão do coração, apesar das resistências e obstáculos. O Ressuscitado não se detém diante da inércia lacrimosa ou da incredulidade, mas está atento às dúvidas dos seus amigos e vai à procura da ovelha perdida, no pequeno rebanho dos onze. É ali que se aproxima, estende a mão e oferece os sinais do amor crucificado, porque nesses sinais o amor imprimiu toda a sua história com o alfabeto das feridas. Onde nós temos medo, Jesus vem para inundar-nos do sopro vital, alagando-nos de paz, fazendo-nos sair rumo ao outro. “Se não vir o sinal dos cravos, se não meter a mão no seu lado, não acreditarei” Como são pobres as nossas palavras que não conseguem testemunhar, dizer ou convencer alguém. Os primeiros discípulos vivem a incapacidade em transmitir a fé ao ausente Tomé. Este quer ouvir, ver, tocar Deus. Quer garantias e certezas mais do que teorias. Quer tocar aquela história de amor, aquela escolha de uma vida dada; quer acariciar com as próprias mãos a desmedida da paixão. Tomé não procura sinais gloriosos ou triunfais, mas os sinais vivos e abertos do amor. Nas mãos de Tomé, ávidas em tocar, estão também as nossas mãos duvidosas, à procura de um sinal, de uma prova. Tomé é a voz e o rosto das nossas dúvidas, da nossa dificuldade em acreditar. Mais do que meter o dedo nas chagas de Cristo, Tomé mete o dedo nas chagas da nossa pobre fé. Esta nasce da presença e do encontro. Enquanto não formos abraçados e envolvidos no jogo de amor e de dor de Deus, não poderemos afirmar: eu creio Senhor! “Meu Senhor e meu Deus” Aquele “meu” tão pequeno muda tudo! Não indica um deus desconhecido, um deus da teologia ou dos livros, mas revela o Deus emaranhado e entrançado na vida. Aquele “meu” é experiência do Espírito, que rouba o coração e dilata a existência, tal como “o meu amado é para mim e eu sou para ele” (Cântico dos cânticos). Aquele “meu” é um brado de felicidade que brota do coração! Para quem acredita a vida nem é mais fácil ou mais difícil, mais cómoda ou segura. Para o crente a vida torna-se mais cheia, apaixonante, ferida e vibrante, ferida e luminosa. Importante não é ter vivido com Cristo antes da sua morte, mas sim viver a vida que nasce da sua ressurreição! E isso, caros amigos, é Evangelho!

sábado, 7 de abril de 2012

Amor Maior!

“Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13) Inacreditável!! Será possível encontrar nesta vida um grande amor? São muitos os que afirmam que não é preciso cair na ilusão, que é melhor ter os pequenos amores, pequenos sonhos, pequenos desejos. É melhor coisas reduzidas, mais seguras que expor-se a riscos de os outros mudarem de ideia e te deixam sozinho: assim, no caso corra mal, se sofre menos. É melhor não cair na ilusão: não se pode fiar-se de ninguém. Cada um faz os seus interesses, mesmo no amor, e então é melhor uma história banal numa noite que um grande amor incerto e cheio de riscos amanhã. Faz muito mal o sorriso sarcástico de quem olha para ti e te diz com ar de mulher ou homem vivido: “em que mundo vives? O tempo mudou! Os grandes amores já não existem nem mesmo nos filmes!” Dar a vida… para depois ficar com a boca seca e abandonado? De facto não é seguro que dando a vida no final se vence a final de amigos Dar a vida ou combater cada um a própria batalha para defendé-la com unhas e dentes? Quem pensará em ti? A vida é uma só, dura pouco todos procuram ter sucessos aproveitando-se dos outros e eu devo doá-la? Se fazes alguma coisa pelos outros ninguém agradece, pelo contrário, dirão que provavelmente fizeste-o por ti, para exibir-te q ue estas coisas devem ser feitas em privado para não incomodar… chega! Basta de passarmos por bons samaritanos, de sermos bonzinhos. Assim estamos todos em paz e são autorizados a pensar só aos próprios interesses. Já não se faz nada grátis! Jesus, que assume as razões profundas de todo o amor humano, nos dá a resposta: “faz que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim.” (Jo 17,21.23). Páscoa é a suprema aventura da história. E nos chama a celebrar com os olhos abertos a imensa migração dos homens em direcção á vida. Nos chama a levantar os olhos, a confrontar-nos com o duelo entre a vida e a morte, entre o desespero e a esperança que em nós combate. Alguém já dizia que não conhecemos a nossa altura enquanto não somos chamados a levantar-nos. E se somos fiéis ao nosso papel chega ao céu a nossa estatura. Chegará ao céu não em virtude da nossa força, que é pouca mas pela nossa fé. Porque em nós está Cristo, que desceu aos infernos, foi até ao fundo da matéria, nos infernos da história para dar energia a tudo para um caminho em direcção ao céu, à liberdade, ao amor. O abraço de Jesus, ressuscitado e feliz de ter dado a sua vida por nós, nos acompanhe neste tempo pascal.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

No limits!


Inicia depois o amor, depois de ter amado. Inclusive no final começa aquele verdadeiro, exactamente quando estão esgotadas as circunstâncias iniciais, aquelas que podem até ofuscar a gratuidade dos nossos sentimentos e dos nossos gestos. Quando não existem mais motivos - para nós - de doar-nos, eis  florir a hora do amor maior. Aquele livre, invencível, que não morre nunca. Aquele que ultrapassa os limites da prudência e da conveniência. «Antes da festa da Páscoa, Jesus. Sabendo que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até ao fim» (Jo 13,1).
Deus fez um longo caminho para chegar até aqui. Nos tempos antigos tinha iniciado a manifestar a sua misericórdia através da libertação de Israel da escravidão do Egipto. Naquela circunstância, o povo devia corresponder à iniciativa do Senhor através da oferta de um cordeiro imolado, segundo as prescrições da Lei de Moisés. «Comê-la-eis desta maneira: os rins cingidos, as sandálias nos pés, e o cajado na mão. Comê-la-eis à pressa. É a Páscoa em honra do SENHOR» (Ex 12,11).
Mas a oferta do amor da parte do Senhor continuava ambígua, incompleta. Parece ainda que Deus tivesse necessidade de nós para fazer-nos dom dele e da sua liberdade. No sacrifício, livre e perfumado, do Senhor Jesus, Deus tirou toda a dúvida sobre a totalidade do seu bem para nós. Como os primeiros cristãos compreenderam perfeitamente, reunindo-se à volta do altar para celebrar a “Ceia do Senhor”. «Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha. (1Cor 11,26). 
No mistério da Eucaristia nós entramos numa real comunhão com o coração de Cristo e da sua imensa capacidade de amor. Demasiadas vezes permanecemos estáticos nas nossas pequenas medidas e não sabemos reconhecer a hora de empurrar o amor até as suas extremas conseguências. Esquecemo-nos que, no amor, não existem confins. As dificuldades que encontramos na vida de cada dia são limites que devemos continuamente aceitar para sermos verdadeiros e felizes. Mas no dom de nós mesmos não. Unidos a Cristo podemos amar profundamente. Até ao fim!
Aproveito para desejar a todos os seguidores e utentes do “POÇO DA PALAVRA” uma Santa Páscoa do Senhor. Desejo profundamente que a celebração destes mistérios nos encha de um novo vigor para testemunharmos com maior credibilidade a bondade do nosso Deus. Obrigado a todos e Feliz Páscoa na paz e no bem! 

Atualidade

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