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A mostrar mensagens de abril, 2011

Crer para ver!

O Evangelho deste segundo Domingo da Páscoa fala-nos do encontro de Jesus ressuscitado com o apostolo Tomé que queria ver para crer. Por isso muitos chamam Tomé de incrédulo. Na verdade a mensagem deste passo evangélico é uma outra bem diferente. É uma mensagem muito profunda e actual. Tomé, um dos doze, não era presente quando Jesus apareceu aos seus discípulos uma semana antes e não quis acreditar no testemunho dos outros que lhe diziam. “Vimos o Senhor”. Tomé põe uma condição sine qua non: “se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter os dedos no lugar dos cravos e a mão no seu lado não acreditarei” Tomé é exigente. Para crer quer ver! Não deseja um milagre para poder crer. Não! Quer ver os sinais nas mãos, nos pés e no lado! Não acredita num Jesus glorioso separado do Jesus humano que sofreu na cruz. Quando João escreve, no final do primeiro século, existiam pessoas que não aceitavam a vinda do Filho de Deus na carne humana. Eram os agnósticos que desprezavam a matér

A verdade do Evangelho!

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Neste primeiro dia da semana que segue à grande festa (festa tão grande que se prolonga por oito dias. Mais, por cinquenta dias. Festa que se repete cada Domingo, Páscoa semanal. Festa que se repete a cada Eucaristia), é a vida quotidiana da fé que (re)começa. Uma fé que não se fossiliza. Porque, se aquilo que cantámos e dissemos na Noite da grande Vigília é verdade, o é somente quando o Cristo ressuscitado garante aos seus que estará com eles e para eles até ao último dia. Dia em que todos os homens descobrirão o significado autêntico da VIDA. Os factos da Páscoa que os Evangelistas, de maneira diferente, viveram e resumiram nos seus respectivos livros são um testemunho. Testemunho contestado na época deles como na nossa. São Mateus fala de Maria de Mágdala e da outra Maria, que encontram um anjo perto do sepulcro ao romper da aurora. Quando obedecem e deixam a sepultura vazia, Jesus ressuscitado as encontra enquanto corriam pela estrada com temor e alegria. É o próprio Jesus, o viven

Este é o DIA!

Aquele Sábado que precedeu o Domingo de Páscoa foi um Sábado diferente de todos os outros Sábados. As mulheres da Galileia preparavam em segredo aromas, mas era escuro no coração delas. Também a Mãe de Jesus esperava em silêncio. É o Sábado do silêncio de Deus. É também assim para mim, sentado diante do sepulcro. Mas chegou o terceiro dia, e uma manhã, ou uma tarde, ou melhor ainda uma noite, numa esquina (Mt 28,9), ou num jardim (Jo 20), ou no silêncio do meu quarto, o encontro acontecerá, será como e quando ele quiser. A mim basta desejar e fazer memória e esperar. E o reconhecerei, como as mulheres, graças a dois sinais que não enganam: um sacro temor, uma trepidação da cruz de quem ama mas se espaventa, e uma alegria que aumenta dentro de mim, humilde e forte. Então correrei como Maria de Magdála, como as outras mulheres, para anunciá-lo, “com temor e grande alegria”. Para dizer com a vida: Cristo é vivo! A mim não basta saber que Cristo é morto, uma cruz a mais entre os tantos

Missa que celebra Missa

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Na linguagem litúrgica corrente, inclusive nos livros litúrgicos se intende como Tríduo Pascal o ciclo de três dias que vai de Quinta feira até Sábado Santo. Mas na origem da expressão litúriga estão os três dias dos quais se diz  no Credo: Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Neste sentido, os três dias são aqueles que vão do momento da Cruz, portanto da Sexta Feira Santa, até ao Domingo da Ressurreição. Naqueles três dias (Sexta, Sábado e Domingo) a celebração eucarística é única, é tipicamente aquela da Vigília pascal. A grande Vigília que põe fim ao silêncio da Palavra feita carne e desceu na víscera  da terra. Na Quinta Feira Santa celebra-se uma Missa chamada Ceia do Senhor. Esta recorda exactamente o gesto que Jesus fez na última Ceia. Na verdade, toda a celebração eucarística é feita em memória Dele, para pregar a sua morte, anunciar a sua ressurreição, na esperança da sua vinda gloriosa. Portanto, toda a celebração eucarística celebra sempre a Páscoa do Senhor. 

Serei eu?

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Antes de entrar no Santo Tríduo Pascal, as Escrituras nos imerge na consciência com que Jesus decide viver a sua Paixão, para revelar-nos o rosto do Deus bendito, o amor infinito do Pai. Lá onde imaginamos que a capacidade de ir ao encontro de um trágico destino derive de uma força divina presente na pessoa de Jesus, a Palavra profética revela que somente a partir de um profundo contacto com a fraqueza pode nascer a possibilidade de não voltar a trás na hora de dar o testemunho. Esta fraqueza é o comportamento de Jesus, o Mestre que fez da escuta dos outros o respiro da sua inteira existência. O Senhor chega a consumar a sua Páscoa por nós porque se fez ouvinte e discípulo da nossa humanidade perdidade: “O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti nem recusei” (Is 50,5). “cada manhã”, cada hora, cada dia da sua existência terrena, Jesus fez “atento” os seus ouvidos a nós, até acolher, sem condições e sem limites, tudo aquilo que em nós há o perfume de vida ou cheira a morte,

Não ainda!

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Depois de ter-nos exortado de todas as maneiras a seguir mais seriamente e mais amorosamente o Senhor Jesus no seu caminho, a Quaresma agora parece quase querer impedir-nos de dar qualquer passo em frente, como acontecera já com os primeiros discípulos. Na fraqueza de Judas que trai e na cobardice de Pedro de renega, contemplamos hoje a parte da nossa humanidade que não pode entrar em aliança com Deus antes de alcançada e salvada pelo seu amor. O Mestre não é um ingénuo, conhece bem aqueles que escolheu, as suas fragilidade e os seus corações endurecidos. E, talvez, depois de três anos de vida em comum, no seu animo cresce o desconforto de quem não vê ainda os frutos de tanta generosa sementeira: “em vão me cansei , em vento e em nada gastei as minhas forças” (Is 49,4). Mas mais forte é seguramente o testemunho interior do amor fiel do Pai, que o Senho Jesus reconhece dentro de si como uma palavra segura e digna de fé: “Tu és o meu servo, em ti serei glorificado” (Is 39,3). O mestre

Na ponta dos pés!

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Escutando o Evangelho desta Segunda Feira Santa, 19 de Abril, somos todos inundados pela fragrância daquele “perfume” que um dia encheu “toda a casa” dos amigos de Jesus (Jo 12,3). Lázaro tinha saído vivo do sepulcro, a alegria tinha-se transformada numa fraterna ceia. “Marta andava a servir e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus” (12,2). Maria, no entanto, literalmente fora de si, transforma a sua alegria numa gratidão sem confins: “tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos” (12,3). O caminho em direcção ao Tríduo Pascal inicia assim, com uma excessiva onda de perfume na qual se prefigura e se intui todo o significado da paixão do Senhor Jesus. A linguagem da Páscoa se exprime e se compreende no campo do amor, onde o raciocínio, o cálculo prudente, a conveniência devem ceder o passo à lúcida loucura do dom gratuito. Maria compreendeu a segreda beleza do Cristo. No estranho modo com que Jesus esperou e de

Domingo de Ramos!

A entrada de Jesús em Jerusalém é posta, em Mateus, sob o signo do cumprimento da Palavra profética (cf. Mt 21,4-5). A citação de Zc 9,9 põe Jesús na esteira do Rei "justo, salvado e humilde" (segundo o texto hebraico) de que fala o texto profético. Mas é significativo que o incipit do trecho de Zacarias, que convidava Jerusalém à alegria (“Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, flha de Jerusalém!"), seja substiuído em Mateus com uma citação de Is. 62,11: “Dizei à filha de Sião: aí vem o teu Rei, ao teu encontro, manso e montado num jumentinho;” (Mt 21,5). Desta forma a entrada de Jesús na cidade santa tranforma-se uma palavra para Sião, um anúncio que a interpela mas a que a cidade não responde com alegria mas sim com perturbação e desconfiança: "...,toda a cidade ficou em alvoroço. "Quem é este?" - perguntavam." (Mt 21,10). Os eventos da vida e da história, lidos à luz das Escrituras, tornam-se Palavra que pede dicernimento ao c

Ressurreição e vida!

Jesus vai à Betânia impelido pela amizade. Nós não sabemos nada acerca de Lazaro, a não ser que era amigo de Jesus. Esta é a sua identidade: “aquele que Jesus amava”. De Lazaro conhecemos também todas as lágrimas choradas por ele: coram Marta e Maria, choram os judeus, chora até mesmo Jesus. As lágrimas são o anúncio de que o amor é sempre ameaçado, que a felicidade é frágil, porque muitas coisas fogem ao meu controlo: o meu corpo, o meu coração e o coração dos outros, os acontecimentos da história e a natureza à minha volta. Eu invejo Lázaro não pela vida que Deus lhe deu de novo, mas pelo facto de ser circundado de amigos, sinal de uma vida conseguida, realizada. A sua santidade é a amizade, sacramento que conforta a vida. No entanto, a mim o que importa Lázaro? A que serve a sua ressurreição? Lázaro não é meu amigo, não é nem meu Pai nem minha mãe. Lázaro não é nenhum dos meus mortos. A mim importa não importa Lázaro. Importa sim, Jesus e o seu amor pelo amigo. Amor até as lágrim

Deus é amor!

Apresentamos a segunda pregação de Quaresma à Cúria Romana, realizada nesta sexta-feira, na presença do Papa, pelo padre Raniero Cantalamessa, Franciscano Capuchinho. (tradução de www.zenit.org) DEUS É AMOR O primeiro e fundamental anúncio que a Igreja tem a missão de levar ao mundo, e que o mundo espera da Igreja, é o amor de Deus. Mas, para terem como transmitir esta certeza, é preciso que os próprios evangelizadores sejam intimamente permeados por esse amor, que tem que ser a luz da sua vida. É para esta meta que, pelo menos em mínima parte, a presente meditação pretende se dirigir. A expressão “amor de Deus” tem duas acepções bem diferentes: uma em que Deus é objeto e a outra em que Deus é sujeito: uma que indica o nosso amor por Deus e a outra que indica o amor de Deus por nós. O homem, mais propenso por natureza a ser ativo que passivo, mais a ser credor que devedor, sempre deu precedência ao primeiro significado, àquilo que nós fazemos para Deus. A pregação cristã também seguiu

Na tua luz...

No centro deste IV Domingo da Quaresma está o tema da Luz, da passagem das trevas à luz expresso no evangelho com o episódio da cura do cego de nascença que tem implícita uma pedagogia de fé Cristológica. Na segunda leitura o tema tem uma valência baptismal e comporta implicações éticas: a luz baptismal induz a uma vida de conversão. (“É que outrora éreis trevas, mas agora sois Luz no Senhor. Procedei como filhos da luz..." Ef 5,8). Em paralelo com este anúncio a primeira leitura apresenta a unção real de David por parte de Samuel: o gesto e as palavras do profeta que consagram o Messias remetem para as palavras e para os gestos de Jesús "luz do mundo" (Jo 9,5), que dá a luz a quem está nas trevas, com gestos e palavras que invocam a dinâmica sacramental. As três leituras levantam o problema do discernimento. Primeiro, o difícil discernimento de Samuel para escolher aquele que Deus elegeu entre os filhos de Jesse. Para discernir é preciso ver como Deus vê, consciente