Democracia, Qualidade e… Confiança

Um estudo realizado em agosto e setembro deste ano pela empresa Afrosondagem aponta que o Governo é mal avaliado em todas as áreas, enquanto 46 por cento dos inquiridos consideram que tanto o Presidente da República como o primeiro-ministro têm culpa na relação entre eles que 35 por cento classificam de “tensa”. Assim noticiaram os meios de comunicação esta semana. Isso lembrou e fez-me pensar quantas vezes, mesmos os políticos falando de si mesmos sublinham a necessidade de elevar o discurso para que seja pedagógica e da necessidade de imprimir maior qualidade à nossa Democracia. Como poderia isto acontecer? Encontrei uma resposta num monólogo do italiano Giorgio Gaber que ironicamente afirmou: "Sejamos claros, a democracia não é o inimiga da qualidade. É a qualidade que é o inimiga da democracia. Assumamos como um paradoxo que um político é um homem de qualidade. Assumamos também que ele se quer manter a um nível elevado. Quantos irão apreciar isto? Poucos, poucos, mas bons. Não. Em democracia são necessários números, e que números. É preciso alargar o consenso, ir até à base. É preciso adaptar-se. E um pequeno abaixamento de nível hoje, um pequeno abaixamento de nível amanhã... e o homem de qualidade vai gradualmente ganhando gosto... e "tac", outro pequeno abaixamento de nível... e depois há outro que se rebaixa mais do que ele…. e depois também ele... "tac"... "tac"... todos os dias ele rebaixa dois centímetros... E assim, quando formos todos igualmente estúpidos, rasteiros a democracia será perfeita". (Democracia). Mas, hoje em dia, se quisermos avançar, precisamos de 'qualidade', 'ideias' e 'visões a longo prazo', ultrapassando a lógica do revanchismo, parternalismo, esmolas, apouquismo (fazer pouco de…) e constante procrastinação. É um desafio maior do que o drama da própria Pandemia! Obrigado por me ler. Corações ao alto!