segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Atentos!


Segunda Feira da XXXII Semana do Tempo Comum

As Escrituras, hoje, nos oferecem uma série de recomendações todas em vista à construção em nós de “uma autêntica religiosidade” (Tt 1,1). É sempre muito forte o risco - sobretudo para os crentes - de confundir a voz de Deus com medos e desejos que bramam seguranças, em vez de identificar-la com aqueles doces e audazes apelos que desejam “levas à fé” (Tt 1,1) os passos da nossa vida. O Senhor Jesus no Evangelho, depois de chamar a atenção dos discípulos sobre o perigo de escandalizar os pequenos na fé com o seu comportamento, recomenda uma particular forma de vigilância. 

« Tende cuidado. Se teu irmão cometer uma ofensa, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes num dia e sete vezes vier ter contigo e te disser: ‘Estou arrependido’, tu lhe perdoarás» (Lc 17,3-4).

Escandalizar significa ser ocasião de tropeço para o outro, impedir-lhe o caminho mediante obstáculos que o obriga a cair por terra. É isto, de facto, que nós fazemos todas as vezes que deixamos de perdoar e dizemos: “agora ghega, já não aguento mais!”. Certo, o perdão não exime do dever de ajudar o outro a tomar consciência do mal que está operando. Todavia, exprime a sua invencível força próprio na disponibilidade em acolher sem reservas, tornando-se naquele sinal de confiança capaz de fortalecer a fraqueza do irmão. Compreensível a reacção dos discípulos: 

« Aumenta a nossa fé!».
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela vos obedeceria» (17,5-6).

É preciso, certamente, fé para perdoar e, sobretudo, para continuar a fazê-lo. Mas o problema da fé não é antes de tudo uma questão de quantidade, mas de qualidade. As palavras de Jesus parecem dizer que fé, na verdade, não é preciso muita, porque um grãozinho é já suficiente. Ocorre fé na fraqueza do Evangelho, na loucura do amor que (sempre) reabre os caminhos interrompidos. Ou melhor, mais que uma pequena fé, o Senhor nos pede para termos uma fé atenta ao pequeno e ao ordinário. Não os clamorosos gestos - com os quais muitas vezes procuramos apenas manter Deus longe da nossa consciência - mas as pequenas atenções quotidianas exprimem e constroem a fé em Deus. Aquela atenta e serena vigilância sobre o mundo que está dentro e fora de nós, única forma de amor que nos impede de não adiar nunca o domínio e o dom de nós mesmos. 

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