Confiança!


Existe no Evangelho a discrição da insana satisfação de um homem que lutou toda a sua vida para conquistar um nome, para, construir uma empresa, para aumentar a facturação, para impor-se no mercado. Um homem realizado que se alargou sempre mais e teve a graça de sentar-se e contemplar e de sentir-se satisfeito. Parar para contemplar o que já se conseguiu é já um facto positivo tendo em conta aquele frenesim de ter que a muitos envenena toda a vida para conquistar sempre mais.
Ora bem, este homem se senta, contempla e põe a confiança naquilo que possui. “Minha alma, goza, fizeste tudo aquilo que podias para agora estar bem. Hoje tens o prémio das tuas canseiras. Foi muito duro! Tivemos que eliminar tantas outras pessoas que nos faziam concorrência, não fomos sempre lá muito leais. Mas o mundo é assim: se não comes os outros, são os outros que te comem a ti”. 
Os sonhos deste homem realizaram-se, mas rapidamente tornaram-se num pesadelo. De facto como uma música de fundo ouve um murmúrio: “Tolo, esta mesma noite deverás prestar contas de tudo e ficarás nu como quando nasceste, as únicas coisas que poderás levar contigo são o teu coração e a tua capacidade de amar. Mesmo que alguém viva na abundância a sua vida não depende dos seus bens”. 
Esta é mais do que uma constatação, é o ensinamento de Jesus que chama a nossa atenção acerca do apego ao dinheiro, às operações económicas, aos jogos de azar, ao acúmulo... 
É sempre presente a tentação de confiar o nosso futuro às coisas: o drogado o confia às substâncias, o famoso ao sucesso, o jogador às conquistas, o homem da televisão às audiências. E, infelizmente, muitas vezes tornamo-nos meias pessoas, uns manequins à deriva das situações. Perdemos a alma pensando que estamos a salvar a vida. 
É a Deus que ocorre confiar e fiar-se. É ele que deve sempre estar diante de todos os nossos pensamentos. Estamos a esquecer-nos de uma palavra: providência. No entanto os santos construíram obras grandiosas confiando apenas na providência de Deus. Deus criou-nos e nos mantêm em vida por isso nos seus braços podemos confiar-lhe a nossa humanidade ferida.   

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