domingo, 24 de abril de 2011

Este é o DIA!



Aquele Sábado que precedeu o Domingo de Páscoa foi um Sábado diferente de todos os outros Sábados. As mulheres da Galileia preparavam em segredo aromas, mas era escuro no coração delas. Também a Mãe de Jesus esperava em silêncio. É o Sábado do silêncio de Deus.
É também assim para mim, sentado diante do sepulcro.
Mas chegou o terceiro dia, e uma manhã, ou uma tarde, ou melhor ainda uma noite, numa esquina (Mt 28,9), ou num jardim (Jo 20), ou no silêncio do meu quarto, o encontro acontecerá, será como e quando ele quiser. A mim basta desejar e fazer memória e esperar. E o reconhecerei, como as mulheres, graças a dois sinais que não enganam: um sacro temor, uma trepidação da cruz de quem ama mas se espaventa, e uma alegria que aumenta dentro de mim, humilde e forte. Então correrei como Maria de Magdála, como as outras mulheres, para anunciá-lo, “com temor e grande alegria”. Para dizer com a vida: Cristo é vivo!
A mim não basta saber que Cristo é morto, uma cruz a mais entre os tantos patíbulos da terra, eu devo saber se Cristo resuscitou. “Aquilo que faz crer é a cruz, mas aquilo na qual cremos é a vitória sobre a cruz” (Pascal). Esta é a aposta da minha fé: Jesus é vivo, hoje. Enquanto quem não acredita me dirá: não, Jesus é morto. A diferença está aqui sintetizada. Eu creio que o futuro não pertence à violência. Este é o sentido da Páscoa para a nossa história, onde a ressurreição de Cristo não está nunca separada da nosso própria ressurreição.
A Páscoa é o mais árduo e o mais lindo tema de toda a Bíblia. Árduo porque é contrário a todas as evidências e lógicas, lindo (se creio)porque é a vida que se reacende de VIDA. Páscoa não é somente a “salvação”, que é libertar-nos da perdição e das águas impetuosas que nos ameaçam, mas Páscoa é também “redenção”, que é muito mais, que é transformar a fraqueza em força, a maldição em benção, a cruz em glória, a traição de Pedro em acto de fé, o meu defeito em energia nova, fuga numa corrida veloz de regresso.
A manhã de Páscoa é caracterizada por uma corrida frenética e continua. Maria corre ara anunciar a Simão e ao outro discípulo que Jesus amava que o sepulcro era vazio, Pedro e João correm em direcção ao sepulcro… Porque todos correm? Que necessidade há de correr? Tudo aquilo que toca Jesus não suporta mediocridade mas merece a pressa do amor: o amor tem sempre pressa, quem ama está sempre atrasado na fome dos abraços. Correm impelidos por um coração em tumulto, porque eram cheios de ânsia pela luz. Pensemos em João. Ele viveu por inteiro o drama da paixão, estando muito próximo ao seu mestre. Correu mais do que Pedro e antes de todos os outros viu e acreditou. Quem ama ou é amado compreende mais e melhor. O primeiro sinal da Páscoa é o túmulo vazio, o corpo ausente. Na história humana falta um corpo para fechar a conta dos injustiçados e mortos inocentemente. Falta um corpo á contabilidade da violência e da morte. A Páscoa levanta a nossa terra, esta planeta de sepulcros, para um mundo novo, onde o mal não vence, onde o carnífice não terá razão sobre o inocente. Pasqua: “o bom perfume de Cristo é odor de vida que conduz à vida” (2Cor 2,16)

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