Ser homem para ser santo!


Hoje celebramos com alegria a solenidade de todos os santos e a jornada da santificação universal. Sim… universal, porque a santidade não é um apanágio de ninguém mas é uma vocação de todo o crente que procura viver a própria existência dando credibilidade ao homem Jesus. Ser santo é revestir-se do nosso ser profundamente humanos deixando viver no íntimo do nosso ser o divino sopro que nos gerou à vida nova em Cristo e que faz tornar autêntico, apaixonado e cheio de valor o nosso ser homens. 
Encontrar a própria forma de viver esta realidade não é um empresa fácil, tanto mais num tempo e numa sociedade que induz a fugir dos compromissos fortes e duradouros, do aprofundamento sério, da beleza, da lenteza com a qual acontecem as coisas grandes e nos leva a não considerar como possível a realização da nossa natureza humana à imagem e semelhança daquele que é beleza, paz, misericórdia, justiça, como dizia São Francisco de Assis, vivendo como homens e mulheres insatisfeitos, frustrados. 
Ser santo é viver para o Senhor, encarnado no amor pelos outros na procura de relações novas e positivas, carregado do desejo da justiça e de paz construídas através de pequenos e grandes gestos quotidianos sendo fiel a nós mesmos, respeitando a criação. 
Quando penso ao tema da santidade passa-me sempre pela mente uma carta que o grande pastor Bonhoeffer escreve enquanto é em prisão (21 de Julho de 1944). Nesta carta o Bonhoeffer reproduz uma conversa que tivera 13 anos antes nos Estados Unidos da América com um jovem pastor francês. À pergunta recíproca sobre o que desejariam fazer das suas vidas, o pastor francês respondeu: “Gostaria de tornar-me um santo”. Bonhoeffer pensou um pouco e depois respondeu: “Eu gostaria de aprender a crer”. Mais adiante na carta explicita o que queria dizer “aprender a crer”, e escreve: “Mais tarde eu experimentei e experimento até este momento que só vivendo plenamente neste Mundo aprendemos a crer. 
Quando desistimos completamente de fazer algo importante de si mesmo, ou seja, ser um santo ou um pecador convertido ou um eclesiástico, um justo ou um injusto, um doente ou são.
Viver plenamente neste mundo significa viver na plenitude das tarefas, dos problemas, dos sucessos e fracassos, das experiências e perplexidades, assim nos lançamos completamente nos braços de Deus”. 
Eis porque dizer “santo”, no fundo, não é dizer outra coisa senão “profundamente, apaixonadamente, intimamente enamorado de Deus”
       

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Zacarias, o mudo que fala de Deus!

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

FRUTOS DA TERRA E DO TRABALHO DO HOMEM