No meio do Povo!

Um bispo de uma diocese ao redor de Roma mandou construir uma grande igreja paroquial com todos os serviços próprios de uma paróquia no interior de um grande centro comercial onde trabalham cerca de mil pessoas e circulam cerca de 10 mil visitantes por dia sendo que este numero quase se duplica aos fins de semana. Esta decisão no mínimo ousada e inédita do bispo, naturalmente não é consensual. Muitos defendem que os centros comerciais são a negação da cidade e como, ao menos em Itália, o edifício eclesial está quase sempre ao centro da cidade e é motivo de agregação das pessoas, construí-la num centro comercial é ceder aos poderes económicos e capitalistas. Outros defendem a velha lógica de que “se Maomé não vai à montanha é a montanha que vem ao Maomé.” Neste caso, dizem, se as famílias trabalham toda a semana e o único dia que têm livre para as compras e para o lazer é o Domingo, ter uma igreja onde vão as famílias de Domingo é responder a uma necessidade séria.
Eu, ouvindo todo este debate numa estação emissora, levei o argumento à fraternidade numa das nossas refeições e também ali não houve consenso. “Agora quando chega o natal o padre não pode pregar contra a paganização do natal visto que se instalou próprio junto dos promotores desta paganização”, diz-me contrariado um meu confrade com uma certa idade. Um outro frade, um bocadinho mais jovem, fez notar que se Jesus viesse a esta igreja chicoteava abundantemente o bispo e o pároco porque construíram a sua casa que devia ser casa de oração no meio do comércio.
Certo, todos têm razão. Mas eu achei a coisa muito interessante e até certo ponto profético. Fosse eu o tal bispo talvez não construiria uma autentica igreja paroquia mas uma grande capela que oferece a possibilidade de as pessoas exercitarem com dignidade a sua fé.
O termo paroquia, como sabemos, deriva do grego παρоικια e significa literalmente agregado de casa, vizinhança. Podemos dizer que é (e quer ser) a casa de Deus no meio das casas dos homens.
A paróquia foi sempre considerada, justamente porque de Deus, a casa de todas as pessoas, mas se no passado recente, a preocupação principal era saber como ajudar as pessoas na prática sacramental, hoje a paróquia, principalmente na Europa, tem que perguntar como anunciar o Evangelho a todos os homens. Para fazer isso, a Igreja que vive entre as casas deve ser capaz de entrar em comunicação com aqueles que explicitamente não acreditam, com aqueles que querem ser consideradas cristãos, mas que vivem fora da comunidade e com aqueles que se dizem crentes mas não praticantes, e, portanto, nunca entraram em comunicação com a comunidade e, ainda a Igreja deve entrar em comunicação com muitos dos baptizados, que nunca se tornaram crentes…
Se uma paróquia quer ser missionaria, portanto, deve ir sem complexos ao encontro das pessoas onde eles se encontram para anunciar-lhes que Jesus Cristo, morto e ressuscitado é o Senhor.
Para mim a iniciativa do bispo não é para "demonizar"e talvez o futuro lhe dará razão. 

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