sábado, 31 de março de 2012

DOMINGO DE RAMOS!

Quem é Jesus? «Na verdade, este homem era Filho de Deus», esta frase do centurião, um pagão e um estrangeiro, é uma verdadeira confissão de fé e aparece mesmo como a primeira confissão de fé da história cristã. Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Todavia, a narração de hoje é um balde de água fria e desilusão para todos os que esperavam um messias guerreiro, defensor da independência de Israel. O homem que entrou na cidade santa, montado num burro, não quis exibir a sua força. Ele é um homem de paz e aceita o entusiasmo da multidão que aclama bendito aquele que vem em nome do Senhor. O Messias esperado, chegou. Todavia, a revelação acontece pela paixão e pela morte cruel na cruz, o máximo do amor pelos discípulos e por todo o povo. Quem é o discípulo? Hoje sublinha-se o projeto de vida do discípulo. Discípulo é aquele que acolhe a palavra de Deus e reconhece que tudo é dom de Deus, agradecendo com a própria vida. Onde não há amor não pode haver vida. Deus não está presente num coração ausente. Bento XVI, na mensagem para o 49º dia de oração pelas vocações, cita uma célebre página das Confissões de Santo Agostinho onde ele exprime com grande intensidade a sua descoberta de Deus, suprema beleza e supremo amor, um Deus que sempre lhe esteve próximo, e ao qual abria finalmente a mente e o coração para ser transformado: “Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim Vos procurava; com o meu espírito deformado, precipitava-me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós”. A Cruz florida da Páscoa A Palavra visível de Deus exprime-se ao longo de toda a história da salvação e tem a sua plenitude no mistério da encarnação, morte e ressurreição do Filho de Deus. A cruz e a Páscoa são inseparáveis, ou seja, a cruz sem a Páscoa é sem sentido e a Páscoa sem a cruz é vazia. O Nazareno é o Crucificado e o Ressuscitado. Aqui está identidade de Jesus, o Cristo. A morte na cruz faz repensar a vida. A vida faz repensar o nascimento. A redação dos evangelhos obedeceu a esta tríplice sequencia. Pascal sublinha isto ao afirmar «o que nos faz acreditar é a cruz. Mas aquilo em realmente acreditamos é a vitória da cruz. A cruz florida da Páscoa!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Eis-me aqui!


Maria de Nazaré teve medo, mas não hesitou em responder quando entendeu que os tempos, segundo a palavra de Deus, chegara à plenitude. Apesar da pouca experiência e da jovem idade, a virgem ousou acreditar que o seu corpo, a sua feminilidade, a sua própria sensibilidade humana eram as cores com as quais Deus tinha decidido pintar a sua obra mais nobre: a encarnação do seu Filho unigénito na nossa carne humana. Quando compreendeu que Deus não estava pedindo nenhum sacrifício, deu o se consentimento, recitando uma oração que se seria o respiro do seu amado filho: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-Me um corpo. Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado. Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui’; (Heb 10,5-6)
A mesmíssima proposta - por outras vias mas com a mesma intensidade - bate à nossa porta nestes dias de fim da Quaresma. A nós Deus endereça o convite a tornarmo-nos o lugar santo onde a sua Palavra de salvação quer fazer história sagrada e nova humanidade. Próprio nós, que tomamos a sério o convite para entrar na lógica da conversão e viver um amor maior, somos hoje chamados a escutar o canto da anunciação que começa sempre da mesma maneira: «Alegra-te, cheia de graça: o Senhor é contigo» (Lc 1,28).
Maria fez-se encontrar, disse: «eis-me aqui». O fez acreditando que, enquanto o coração era cheio de medo, a sua vida estava, porém, cheia de bênçãos. Que os motivos para sorrir eram infinitamente maiores do que todo o tipo razão para chorar ou desculpar o convite do céu. Disse «sim», porque acreditou que o sorriso de Deus estava diante dos seus olhos. Também nós saberemos alguma coisa da nossa vida somente a partir de uma intuição gozosa e grata de Deus e do tempo que nos é dado. Em nenhum outro modo podemos anular os vícios, exercitar uma boa virtude, escolher em doar finalmente a nossa vida, senão a partir de um coração colmo de alegria. Um coração capaz de pronunciar a única resposta que comove Deus e salva o mundo.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Extrema tentação!

Senhor, nós queríamos ver Jesus: Ver Jesus, não é apenas uma curiosidade, mas um verdadeiro desejo de conhecer e de acreditar, pois este é o sentido profundo do verbo ver em S. João. E nós, chamados à comunhão com Deus e entre nós, devemos ser anunciadores deste dom. «O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós». Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré» (Bento XVI, VD 12). Jesus responde com uma parábola que ilumina o inteiro sentido da sua vida. Ele é como o grão de trigo lançado à terra para dar fruto. E o fruto vem descrito logo a seguir: «quando for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Da morte do grão nasce o fruto. O centro da frase não é o morrer, mas o dar muito fruto. Viver é dar vida. A única visão de Jesus é o seguimento. Chegou a hora: Com o tema fundamental da hora de Jesus, o texto passa dos gregos aos crentes. Este termo é essencial na teologia Joanina e indica diversas coisas, mas, a hora derradeira da cruz é o grande mistério de todo o mistério. A hora de Jesus é a grande passagem – a Páscoa. É a grande hora do amor. É ainda a hora de ver o invisível no visível da cruz pascal. E este é o enorme risco da fé. A Cruz gloriosa: A cruz é a manifestação máxima do amor de Deus. Em todo o evangelho de João, Jesus fala da cruz em termos gloriosos. A cruz é glória do amor. «A glória de Deus é o homem vivo. A vida do homem é, todavia, ver Deus» (St. Ireneu). Na cruz contemplamos um amor forte. O poder, a fama e a riqueza não entram nesta glória. Só o serviço, a pobreza e a humildade são caminho do amor, do grão de trigo que morre. Deus entregou-se à liberdade dos homens. Todos esperavam um Deus que se impusesse a todos. Deus escolheu o caminho do amor que respeita a liberdade. Ver Jesus significa viver n’Ele. Mas a vida em Cristo não se ensina, aprende-se e experimenta-se; é a finalidade da nossa oração e da nossa fé. Ele mesmo faz-se nosso companheiro. Ele é o único modelo a contemplar. Que depois de O ver, possamos mostra-l’O em eloquente Evangelho! D. José Cordeiro, Bispo De Bragança-Miranda

terça-feira, 20 de março de 2012

Não sem nós!



Depois de ter contemplado o povo como uma vale de ossos ressequidos (Ez 37), o profeta Ezequil recebe a grandiosa visão da salvação de Deus semelhante a um templo trasbordante de águas terapêuticas, uma cascata imparável de vida e de graça «todo o ser vivo que nela se move terá novo alento e o peixe será muito abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente.» (Ez 47,9).
Diante deste cenário poderoso, símbolo do qual fazemos experiência já dos rios de água viva do mistério pascal, se põe uma pergunta: «Viste, filho do homem?» (Ez 47,6) que torna-se uma útil revisão do nosso caminho quaresmal: o que consegui ver - e reconsiderar - nestes dias de graça? Na presença de que volto temos escutado, rezado, empenhados na caridade e no abandono de nós mesmos? Serve uma revisão a meio do caminho, porque a cura do nosso espírito não pode acontecer em anestesia total. Existem, de facto, aspectos da nossa humanidade que esperam a redenção toda uma vida, como aquele homem de que fala o Evangelho de hoje, doente há trinta e oito anos (Jo 5, 5). Mas estar muito tempo doente não significa necessariamente ter também vontade de assumir a cura. Este homem, desde sempre imóvel, parece prisioneiro da resignação, prelúdio de todo vitimismo: «não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim» (Ez 5,7). 
O Senhor Jesus o conduz a modificar o olhar, mudando a atenção das circunstâncias externas - à primeira vista desfavorável -  àquelas internas, com uma pergunta que, só aparentemente é desnecessária: «Queres ser curado?» (5,6). 
Este é o segundo ponto da pergunta que hoje nos quer fazer reflectir. Na vida espiritual não existem curas de massa, nem impessoais. O primeiro passo que nos é pedido é sempre a disponibilidade para assumir a nossa história e aceitar que a salvação de Deus se cumpre gradualmente, no difícil e maravilhoso jogo do confiar quotidiano, da relação autêntica, de pequenos actos de obediência à realidade, nossa primeira aliada no êxodo da escravidão dos medos para a liberdade dos filhos de Deus. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Amor misericordioso!

A liturgia do 4º Domingo da Quaresma garante-nos que Deus nos oferece, de forma totalmente gratuita e incondicional, a vida eterna. A primeira leitura diz-nos que, quando o homem prescinde de Deus e escolhe caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, está a construir um futuro marcado por horizontes de dor e de morte. No entanto, diz o autor do Livro das Crónicas, Deus dá sempre ao seu Povo outra possibilidade de recomeçar, de refazer o caminho da esperança e da vida nova. A segunda leitura ensina que Deus ama o homem com um amor total, incondicional, desmedido; é esse amor que levanta o homem da sua condição de finitude e debilidade e que lhe oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim que está no horizonte final da nossa existência. No Evangelho, João recorda-nos que Deus nos amou de tal forma que enviou o seu Filho único ao nosso encontro para nos oferecer a vida eterna. Somos convidados a olhar para Jesus, a aprender com Ele a lição do amor total, a percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida. É esse o caminho da salvação, da vida plena e definitiva. (www.dehoneanos.org)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Indignação!

Quanta indignação na liturgia de hoje! O mais evidente é aquela dos habitantes de Nazaré que, além de não saber aceitar Jesus como profeta, ficam irados quando são desmascarados. 
“Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo”. (Lc 4, 28-29)
Os outros dois episódios de indignação encontramo-los na história de Naamã, o comandante do exército  do rei de Aram, tocado pela lepra. Tendo sabido que em Israel existia um profeta (Eliseu), o rei de Aram envia o seu oficial doente, juntamente com uma carta de recomendação. Apenas a recebe, o rei de Israel entra em crise de indignação e rasga os vestidos. É necessário a razoabilidade e a mansidão de Eliseu que tudo recupere a calma. 
“Por que motivo rasgaste as tuas vestes? Esse homem venha ter comigo e saberá que existe um profeta em Israel” (2Reis 5,8)
Surpreendentemente será o próprio comandante leproso a ter a mesma reacção de ressentimento, quando receberá a ordem para se emergir sete vezes no Jordão, desiludido pela simplicidade do pedido e do insignificante cerimonial com que o profeta decidiu comunicar com ele. Desta vez são os servos a placar a indignação di Naamã e a convecê-lo a obedecer. 
“Meu pai, se o profeta te tivesse mandado uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais, se ele te diz apenas: ‘Vai banhar-te e ficarás limpo’?”  (2Reis 5,13).
Ambas as narrações acabam bem. Naamã convence-se e se imerge no rio: “A sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo” (2Reis 5,14).  Da sua parte, o Senhor Jesus não se deixa nem espantar nem intimidar pela rejeição e contínua o seu caminho: mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho (Lc 4,30). 
A mensagem da liturgia de hoje é bastante clara: se deixarmos de esperar da vida alguma coisa nova, escorregamos facilmente na indignação diante dos sinais e da obediência disseminadas no nosso caminho. Se, ao contrário, o nosso coração se abrir aos dons e ás surpresas de Deus, não cessaremos de caminhar. E, sem voltar as costas a ninguém, podemos aprender a ser fiéis a Deus e também fiéis a nós mesmos. Sem nenhuma indignação!

sábado, 10 de março de 2012

Templo vivo!

Depois de ter-nos conduzido à silenciosa pobreza do deserto, onde emergiu aquilo que existe no homem e depois sobre o místico monte da transfiguração, onde se manifestou a grande confiança do Pai na humanidade assumida pelo Filho, a liturgia deste Domingo imprime uma aceleração no nosso caminho quaresmal levando-nos ao lugar sagrado por excelência, onde aparece qual é o culto e qual é a humilhação que o homem está a viver diante de Deus. Ali Jesus, devorado pelo zelo e tomado por uma ira incontenível, reage com veemência ao triste espectáculo de uma casa de oração reduzida a empório do sagrado: «então fez um chicote de cordas e expulsou-lhes para fora do templo». As palavras que acompanham este gesto profético permite-nos compreender a origem de tanta intolerância: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio» (Jo 2, 16). A partir do seu relacionamento filial com Deus, Jesus não pode senão interpretar como uma dramática deformação um culto religioso alimentado por uma mentalidade de tipo económico. Não só porque as lógicas do mercado são profundamente incompatíveis com a gratuidade sobre a qual se fundam as relações autênticas, mas ainda mais porque a ideia de ter que se apresentar a Deus com uma oferta adquirida exprime a não aceitação daquela pessoal e radical pobreza que é chamada a entrar em aliança com o poder de Deus. O Senhor Jesus enche-se de ira diante de uma religiosidade construída sobre a remoção e não sobre a aceitação da realidade, onde alguém se vê obrigado a encher as mãos de presentes em vez de doar a verdade do próprio existir. As palavras do apóstolo são testemunho daquele diferente modo com que Jesus Cristo interpretou a aventura da sua humanidade, não como um lugar para encher com bens supérfluos, mas como um templo em que a fraqueza não é somente planamente acolhida mas também celebrada e levada á salvação: enquanto os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Nós, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios ( 1Cor 1, 23). Antes de ser manifestação do amor maior, a cruz revela a absoluta mansidão com que o Verbo escolheu levar a escolha da encarnação. A meio deste tempo de purificação e de preparação para a celebração do Mistério pascal, a liturgia deste Domingo nos reconduz à nossa realidade de criaturas, necessitadas de reconciliar-se com a própria fraqueza. Neste êxodo do medo daquilo que somos para a alegria de sermos amados, Deus nos acompanha desde sempre com os dez mandamentos, ensinamentos de vida que nos recordam como é impossível entrar na promessa da terra sem aceitar a providencial e complexa trama de dependências com os quais se compõe o tecido da nossa vida.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Eis a mulher!



Em memória da Mulher
Recordemos Maria, mãe de Jesus, que tornou possível o projecto da Salvação de Deus para toda a humanidade!

Recordemos Míriam que, juntamente com Moisés e Aarão, conduziu o Povo de Israel para fora do Egipto!

Recordemos Débora, que julgou o Povo de Israel com Justiça e Verdade!

Recordemos Holda, a profetiza que anunciou ao Povo a Palavra de Deus!

Recordemos Maria Madalena, apóstola de apóstolos, a primeira a dar a Boa Notícia da Ressurreição de Jesus!

Recordemos Febe, a mulher-diaconisa, líder da Igreja de Cêncreas, que pregou o Evangelho a outras Igrejas!

Recordemos Priscila que, juntamente com seu esposo Áquila, trabalhou duramente na causa do Evangelho e arriscou a vida pelo seu amigo, o apóstolo Paulo!

Recordemos Clara de Assis que, juntamente com Francisco, viveu o amor a Cristo na fidelidade ao Evangelho e na fraternidade com todas as criaturas!

Recordemos Juliana de Norwich, mestra e mística, que revelou o rosto materno de Deus e de Jesus!

Recordemos Teresa de Jesus, que deu a conhecer o rosto amigo de Deus e reformou a Ordem Carmelita!

Recordemos Catarina de Sena, que chamou ao arrependimento e à fé os Papas e Reis do seu tempo!

Recordemos Teresa Kane, que dirigiu palavras de dor e de esperança ao papa João Paulo II em Washington, em 1986!

Recordemos Rigoberta Menchú, prémio Nobel da Paz, que reivindica o respeito pelos direitos humanos de todos os cidadãos do seu país!

Recordemos Teresa de Calcutá, que deixou a vida fácil para se entregar aos mais abandonados e carentes da sociedade!


sexta-feira, 2 de março de 2012

Escutai-O!


O monte é um símbolo extraordinário na Bíblia, como lugar dos encontros com Deus, onde Moisés recebeu a lei e conheceu mais profundamente o mistério divino, onde Elias encontrou o Senhor e escutou a sua voz. O monte é também sinal de uma ascensão que exige esforço.
No meio de tantas canseiras a anunciar a Boa Nova não sei se, à partida, aos discípulos teria agradado a ideia de subir um monte e logo um monte muito alto. Cansamo-nos depressa. Estamos constantemente a adiar esforços e mudanças. Jesus estabelece metas que estão sempre para lá das nossas expectativas e que nos convidam a uma superação constante. E só um coração que se deixa surpreender é um coração preparado para receber Deus.
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». 
A glória de Deus manifesta-se inesperadamente em Jesus. E uma nuvem luminosa envolve os discípulos, os quais entram na sombra santa que é o Espírito. Da nuvem, uma voz: «Este é o Meu Filho muito amado: escutai-O». Uma transfiguração de luz e de alegria, que antecipa a transfiguração de dor na noite escura do horto das oliveiras. Nesta aparente diferença está sempre o mesmo Cristo, próximo e obediente ao Pai. Esta voz no limiar da Páscoa evoca a voz do Batismo de Jesus, no limiar da vida pública. Ambas concordam em sublinhar que Jesus é o Filho, o Filho amado. O acrescento da Transfiguração «escutai-O» salienta a missão de Jesus como a imagem do Pai. A presença do Pai é que opera a transfiguração. A Transfiguração do Senhor é a manifestação antecipada do Ressuscitado e aponta para a beleza futura da Igreja, para a fisionomia a que cada um de nós é chamado a configurar-se.
Mestre, como é bom estarmos aqui! 
Em todo o Antigo Testamento se repete um desejo: ver o rosto de Deus. No Tabor, os discípulos vêem o rosto de Deus no rosto humano de Jesus transfigurado na luz. Pedro exclama: “É bom estarmos aqui!” É o aqui da deliciosa presença do Senhor. “Escutai-O!” é a resposta do Pai! É como se o escutar fosse condição essencial para continuar e permanecer na sua presença. Guardar a sua Palavra é guarda-Lo a Ele, Palavra. Acreditar e confiar nessa presença é garantia para que todos os momentos, mesmo os mais difíceis e contraditórios, sejam bons.
O verbo estar (com o Senhor) tem de ser ativo e não passivo. A constatação de que é bom estar com o Senhor não é uma justificação para acampar mas um impulso para peregrinar e o recurso para alimentar a peregrinação.  A glória de Cristo manifesta a glória do Pai e, ao mesmo tempo, resplandece em nós, para que nós possamos exprimir a mesma glória trinitária. E essa irradiação é Evangelho!

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

Aqui escreves TU