quarta-feira, 30 de maio de 2012

São Francisco e os jovens!


São muitos os que se deixam fascinar por São Francisco de Assis, mas sobretudo os  jovens. É raro encontrar um jovem que não tenha ouvido falar  dele. Muitosconhecem até muito da vida e do ideal de São Francisco. Alguns deles ficam de tal maneira tocados por este ideal que, no melhor da sua juventude, decidem seguir Jesus ao jeito de Francisco. Entram nos noviciados das diversas Ordens e Congregações da Família Franciscana. São aos milhares em todo o mundo. Recordemos, ainda que brevemente, o itinerário do jovem Francisco e o modo como enfrentou os problemas da sua juventude, que são os problemas dos jovens de todos os tempos.
Antes de mais, convém lembrar que característico de qualquer jovem é (pelo menos deveria ser!) aPAIXÃO PELA VIDA. Francisco foi um jovemAPAIXONADO PELA VIDA. Havia nele um ideal apaixonante, uma direcção certa, um coração vibrante, uma razão de viver. Quando muitos jovens hoje não têm outros IDEAIS na vida se não ser um profissional brilhante, ter um carro para aparecer, pertencer a uma família de renome, realizar um casamento importante... Francisco buscou ideais que não envelhecem e que satisfazem profundamente o coração humano. Uma das ânsias mais profundas dos jovens é a LIBERDADE. Amor livre! Libertação da Família!Libertação da influência dos adultos! Liberdade para amar! Liberdade para se fazer o que se quer!... Assim, tantas vezes foge de casa porque não se julga compreendido. Outras vezes critica os pais, que não o deixam livre, pois não permitem que se vá divertir numa discoteca ou numa festa de aniversário... Enquanto as pessoas buscam a liberdade para satisfazer os seus caprichos pessoais, voltadas para si mesmas, FRANCISCO, num determinado momento da sua juventude, diante do Bispo de Assis, despindo todas a suas roupas, rompe com a família e com as autoridades. Torna-se um homem LIVRE. Livre PARA SERVIR. Servir Deus e o próximo.
Uma experiência muito própria dos jovens, sobretudo os de hoje, é a experiência da FRUSTRAÇÃO e do VAZIO. Também o jovem Francisco a sentiu. Ele era rico, tinha muitos amigos, era o rei das festas da juventude. Um dia, porém, caiu gravemente doente. Sentiu a verdade dos seus valores, dos seus sonhos. Sentiu o vazio, o aborrecimento, a noção da inutilidade. Foi capaz, contudo, de vencer esta crise porque houve nele uma MUDANÇA DE VALORES.
O tempo da adolescência e da juventude é também o momento da descoberta da amizade e do AMOR, sobretudo em relação à pessoa do outro sexo. BEIJOS, abraços e carícias, reciprocamente trocados, ocupam um lugar de relevo no mundo afectivo do adolescente e do jovem que começa a sair de si e a abrir-se à pessoa amada. O jovem Francisco foi capaz de ir ainda mais longe. Foi capaz de beijar um leproso, um trapo humano, um banido da sociedade. E viu nele o próprio Deus. Só um coração como o de Francisco podia amar assim, dar-se totalmente. Não só à pessoa amada, mas a todos!
Um dos pontos críticos dos jovens é a sua relação com a IGREJA. São, de facto, muitos os jovens que hoje não ligam nada à Igreja: ao que ela é, ao que ela diz, ao que ela faz. Vêem a Igreja como uma alienada e mantêm em relação a ela uma atitude muito crítica e por vezes até destrutiva. Frequentemente invocam os seus muitos pecados. FRANCISCO vê uma Igreja em ruínas. Não critica. Não destrói. Sabendo que ele também era Igreja, constrói, dá o melhor de si mesmo na reconstrução da Igreja do seu tempo. Nunca nos esqueçamos que cada um de nós é a solução para uma Igreja nova e renovada. Particularmente os jovens. A Igreja deposita neles uma grande esperança. E, lembra João Paulo II, a Igreja tem tanta coisa a dizer aos jovens, e os jovens tanta coisa a dizer à Igreja!
Finalmente, é próprio dos jovens uma atitude de busca e de PROCURA. E tantas vezes se perdem por caminhos que não conduzem à verdade total e à verdadeira felicidade. O jovem FRANCISCO andava à procura. Encontrou a resposta nas palavras de Cristo. Encontrou a sua missão e executou-a. "É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo o coração" - exclama Francisco cheio de alegria. A Francisco juntou-se um grupo de idealistas e de loucos, cujo ideal e loucura era o de viver o Evangelho de Jesus.
O mundo de hoje precisa de muitos loucos, como São Francisco de Assis. HOJE, SÃO FRANCISCO PODES SER TU, JOVEM, quando procuras viver os valores e a mensagem de Francisco. Alguns destes valores exercem um fascínio especial sobre os jovens. Outros são resposta a algumas necessidades e apelos do nosso tempo, que deposita nos jovens muitas esperanças na construção dum futuro melhor. Lembremos só alguns destes VALORES:
:: a intimidade profunda com Jesus, num mundo cada vez mais materialista e ao mesmo tempo com fome de Deus;
:: o Evangelho feito vida, num mundo cansado de ouvir palavras que não produzem frutos de vida;
:: a fraternidade universal, num mundo onde os países derrubam as fronteiras e as pessoas se fecham cada vez mais na solidão;
:: a paz - vivida e comunicada a todos -, num mundo onde as negociações de paz não conseguem pôr fim à guerra;
:: a ecologia que consegue ver a Beleza de Deus na das criaturas, num mundo ameaçado pelos projectos utilitaristas dum homem que pretende ser senhor absoluto de tudo e de todos.
in São Francisco de Assis, um homem que amou o mundo,
por Wilson João

sábado, 26 de maio de 2012

Vem Espírito Santo!




“Quando vier o Paráclito”
Os tribunais hebraicos tinham uma personagem que hoje não temos: quando era pronunciada uma sentença acontecia, por vezes, que um homem de reputação incontestada fosse, discreta e silenciosamente, colocar-se junto do acusado, para declarar-se a seu favor. A este depoimento mudo e eloquente, que confundia os acusadores, chamava-se o “paráclito”.
Entre as páginas do Evangelho encontramos também Jesus como paráclito da mulher acusada de adultério que, em silêncio, escreve com o dedo no chão. Agora, no regresso ao céu, o Mestre segreda aos apóstolos que vai enviar o Paráclito. Este permanece discretamente junto dos discípulos, como testemunha silenciosa da verdade. O Espírito é o dedo de Deus que, ainda hoje, escreve sobre o pó do nosso coração as palavras de uma aliança nova e grava na nossa vida um amor total que nunca poderá ser esquecido.
“Eu vos enviarei o Espírito da verdade”
Os apóstolos, apesar da convivência com Cristo, pouco tinham compreendido da sua mensagem. Só com o Espírito Santo, “grande mestre da Igreja” (Cirilo de Jerusalém), as palavras de Jesus se tornam luminosas. Ainda hoje, é Ele que nos faz penetrar no mistério de Cristo, nos abre a inteligência e nos faz arder o coração. É Ele que dá vida à Palavra, a torna vital e sensível, contemporânea aos nossos sonhos e dúvidas. Por ele, o Evangelho ecoa como novo, nos arrasta e seduz.
É o Espírito que constrói, sobre as pontes das nossas distâncias terrenas, relações de eternidade. Ele é como uma música que ressoa na história, em todos os tempos e em cada pessoa, abrindo para horizontes nunca antes explorados. Ele é a harmonia que faz bela a vida.
Genial artista interior
O Espírito Santo, o Eterno Esquecido, está sempre presente. Sem protagonismos ou vaidades, Ele escolhe a interioridade, lugar onde se fazem confidências, se cria comunhão, se sonha o futuro e se contempla silenciosamente o essencial. Em segredo, o Espírito Santo é sempre para o outro. Ele é o Amor em cada amor, a alma em cada vida, o ar de cada respiro, misterioso coração do mundo, êxtase de Deus, efusão ardente. O Espírito é doce carícia divina que deixa no nosso coração o dom maravilhoso da sua presença. Ali, no mais íntimo, onde a humanidade abraça a divindade, está o Espírito de Deus.
Quando tudo parecia estéril, aquele Espírito que tinha rolado a pedra do sepulcro e vencido a morte faz despontar nos apóstolos uma coragem e energia inesperadas. É, por vezes, difícil sair do nosso cenáculo e do lamento infértil. E o Espírito vem, humilde e decidido, mais forte do que o nosso desânimo, como vento que enche as velas da nossa vida, que dispersa as cinzas da morte e que difunde, por toda a parte, os pólenes da primavera da ressurreição.
O Evangelho não faz referência a Maria. Contudo, acredito que, com os cabelos já grisalhos e junto dos apóstolos, Ela sorria serenamente como se já conhecesse o rosto e o modo de agir do Espírito. No seu íntimo tinha experimentado a Sua presença e tinha visto dissipar-se, no silêncio, todas as perplexidades. Ela bem sabia que a semente colocada por Deus no coração dos apóstolos trazia dentro de si a força para desabrochar e dar vida. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

sábado, 19 de maio de 2012

Um caminho para todos!




“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho”
Os onze discípulos, assolados pelas dúvidas, são enviados a todo o mundo. A confiança do Mestre não dá importância às incertezas daquele punhado de homens e acredita, ainda hoje, em cada um de nós. Ele bem sabe que a missão não se baseia nas forças ou nas dúvidas dos discípulos, porque no coração da missão está o coração do Pai. O milagre do Evangelho é, então, prodigamente semeado nas sílabas da voz humana e nas frágeis mãos de cada pessoa. Jesus não deseja discípulos alienados com um estéril fixar dos céus, mas convida a voltar o olhar para o quotidiano, sementeira de milagres.
Deus arrisca, aposta, aventura-se! Ele confia a beleza da criação à nossa vida de barro, entrega a sua obra de amor à fragilidade do coração humano.
“O Senhor Jesus foi elevado ao Céu”
Jesus elevando-se da nossa terra – olhada, visitada e semeada ternamente por Deus – inaugura uma fraternidade universal, como uma seara verdejante a ondular ao vento suavíssimo do Espírito. O Mestre ousa sonhar em grande: a missão confiada tem a pretensão de totalidade, de eternidade, com sabor de infinito. A fé torna-se sempre um sair, um andar, um abrir-se, um pôr-se a caminho do mundo. Deus é para todos, é de todos. Ninguém pode sequestrar a salvação. Mergulhar tudo e todos em Deus; baptizar na beleza e novidade que se encontrou e conheceu; inundar a humanidade naquele oceano de amor, faz brotar a vida!
A partir da Ascensão, o discípulo torna-se uma pessoa de fronteira, é levado pelo Ressuscitado a superar o horizonte do umbigo egoísta. O outro torna-se um universo imenso para caminhar. O outro é o paraíso, a terra prometida. O outro, o irmão, é o lugar onde Deus se pode encontrar.
“O Senhor cooperava com eles”
No The end do Evangelho descobrimos que a promessa inicial de Deus – ser o Emanuel, o Deus connosco – se mantém. Ele não se satisfaz com visitas fortuitas, mas promete cooperar connosco todos os dias, dia após dia, de luz e de trevas, de presença e de silêncio. Jesus não assegura coisas, riquezas, comodismos; afiança antes uma presença, uma relação, uma companhia: eu estou sempre convosco! Nunca mais estaremos sós. Nunca mais um Deus distante, separado, esquecido no alto dos céus, mas amassado com a humanidade. Céu e terra reproduzidos, multiplicados e engendrados juntos.
Desta união o homem sairá recoberto de céu, porque o Filho se revestiu da humanidade. Em Jesus, as realidades celestes beijaram a terra e as realidades terrestres foram elevadas à intimidade de Deus. Maravilhosa missão que nos é confiada: criar laços com a eternidade, enamorar-se do céu, ser escada do paraíso. A nossa missão é simples: salvar um pedaço do céu na nossa vida e fazer nascer uma semente de éden no coração da humanidade.
Ainda hoje, Deus mete os seus passos nas pegadas do homem. Basta subir e descer a humanidade de Cristo para encontrar a bênção de Deus. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como "funcionam" os Capuchinhos?


Os Irmãos (ou Freis) Capuchinhos vivem em Fraternidades ou Comunidades locais, animadas por um Superior («Guardião»). Várias destas fraternidades de uma região ou país constituem uma Província, orientada por um Ministro Provincialassistido por 4 Conselheiros Provinciais (ou «Definidores»), um e outros eleitos num Capítulo Provincial reunido cada 3 anos e em que participa um determinado número de Irmãos Capitulares «democraticamente» eleitos por toda a Província.
A totalidade das Províncias constitui a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, governada por um Ministro Geral assistido por 8 Conselheiros (ou «Definidores») Gerais representativos dos vários grupos linguísticos do Mundo, eleitos em Capítulo Geral convocado cada 6 anos por altura do Pentecostes, e em que participam todos os Ministros Provinciais da Ordem.
Os Superiores locais são escolhidos pelo Ministro Provincial e seu Conselho, que também distribuem os irmãos pelas várias Fraternidades locais e Serviços Provinciais. O Ministro Provincial é confirmado pelo Ministro Geral e seu Conselho, e tanto um como outro podem ser reeleitos.
Os Frades, após um ano de Noviciado, precedido pelo tempo de formação básica e um período de Postulantado, professam na Ordem por um ou três anos, prometendo viver segundo o Evangelho e observar a Regra de São Francisco para os Frades Menores, cumprindo os votos ou conselhos evangélicos de Pobreza, Obediência e Castidade. Três anos após a primeira Profissão (ou mais, segundo os casos), os Frades que tiverem pelo menos 21 anos, fazem essa mesma Profissão religiosa para toda a vida, assumindo a plenitude de direitos e obrigações dentro da Ordem, segundo o Direito e a própria Lei fundamental, ou Constituições (que são uma concretização e actualização do espírito da Regra).
Uns irmãos são clérigos (quer dizer, além de frades são também padres), outros são não clérigos. Mas todos têm os mesmos direitos e obrigações dentro da Ordem e gozam de voz activa e passiva para os mesmos cargos. Antes, os irmãos escolhidos pela Igreja para o Episcopado ficavam juridicamente desvinculados da Ordem; agora, continuam unidos a ela.
A Vice Província de Cabo Verde dos Frades Menores Capuchinhos e as várias Províncias da África Ocidental constituem a Conferência dos Capuchinhos da África Ocidental (Concao). Periodicamente, é convocado o Conselho Plenário da Ordem, estrutura que está para a Ordem como os Sínodos estão para a Igreja. Nele participam Delegados eleitos pelas várias «Conferências» da Ordem e outros nomeados pessoalmente pelo Ministro Geral e seu Conselho.
actualmente, a Vice Província dos Capuchinhos em Cabo Verde conta com os seguintes membros a viverem em Cabo Verde (Brava, Fogo, Santiago, São Nicolau, São Vicente, Santo Antão), em Portugal e em Itália: 28 freis de profissão perpétua (sendo 22 padres e 5 não padres)  e 12 de profissão simples (sendo 2 estagiários e 10 estudantes de Teologia em Portugal e em Itália). Contamos ainda com 1 noviço, 3 postulantes e 9 aspirantes internos.  

NB: Se és jovem e esta breve leitura despertou em ti o desejo de conhecer melhor os freis capuchinhos então entre em contacto connosco. Estamos em: Santo Antão: 2221295; São Vicente: 2324208; São Nicolau: 2351209 ou 2361143;  Santiago: 2647304; Fogo: 2812587; Brava: 2851344
Bom caminho!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eu posso escolher?


Quem escolho ser? Quem devo escolher? Mas, eu posso escolher? 
São três questões fundamentais e fortemente ligadas entre si e que mexem profundamente comigo e com minha vida porque as suas respectivas respostas tocam todo o meu ser. E, se realmente devo dar-lhes uma resposta, é necessário começar de trás para frente para poder encontrar um sentido... 

Posso escolher? 
Na minha vida fui muitas vezes "obrigado" a escolher algo, a tomar uma decisão mais ou menos importante para mim e para minha vida e confesso que depois de uma inicial perplexidade e medo, senti quase sempre uma alegria crescente e a sensação de ter feito a escolha certa. As incertezas, pouco a pouco, foram-se dissipando e aquelas estrelas que pareciam tão distantes tornaram-se cada vez mais evidentes, perto de mim que até podiam ser tocadas, abraçadas, e tudo porque eu tentei, acreditei e, acreditei em mim mesmo, na minha liberdade... 

Quem devo escolher? 
As minhas escolhas condicionam a minha vida, disto sou consciente, mas muitas vezes deixo que sejam os outros a decidirem por mim, deixo-me influenciar preferindo a companhia dos outros e não a companhia que seria se eu fosse verdadeiramente eu mesmo, talvez aquela companhia crente, próprio do discípulo que com Jesus se constroe na escola da vida. É difícil sentir-se aceite pelo que se é, especialmente se somos um tanto originais ao ponto de preferir escolher alguém que os outros ignoram ou simplesmente fazem pouco caso...

Quem escolho ser? 
Como posso, então, na fragilidade e pequenez das minhas dúvidas quotidianas, ter a coragem de tomar alguma decisão, para mim, sobre mim? É difícil explicar tudo isso com palavras, é mais fácil compartilhar aquilo que provei e experimentei... não sei bem o porquê, mas muitas vezes "ouvi" que era a coisa certa, a escolha certa e a pessoa certa para mim. Algo dentro de mim, uma força muito maior do que eu e que ultrapassa-me, mas é capaz de fazer-me entender concretamente quando é o momento certo para escolher quem devo ser! É hoje o momento em que sem importar-me com o que os outros pensam de mim, como deveria ser aos seus olhos: no hoje de cada instante escolho o que para mim é importante: antes de tudo, a mim mesmo, porque se há alguém que vale a pena escolher, este alguém sou eu e depois... Ele, Jesus, um dos poucos que me guia pela mão, para não me perder, e não desfruta das minhas derrotas, mas é sempre pronto a (re)apostar tudo em mim... para mim... e tudo na máxima liberdade. É um dos poucos "amigos" que procura e pede para ser aceite como um companheiro de viagem por este mundo afora. Numa aventura sem igual. Aceitando-o na minha existência descobri, não sem surpresas, que afinal foi ele que escolheu-me e, maravilhosamente, antes que fosse formato no seio da minha mãe! Que estupendo!!!
Vem tu também e seja um frei capuchinho

NB: Se és jovem e esta breve leitura despertou em ti o desejo de conhecer melhor os freis capuchinhos então entre em contacto connosco. Estamos em: Santo Antão: 2221295; São Vicente: 2324208; São Nicolau: 2351209 ou 2361143;  Santiago: 2647304; Fogo: 2812587; Brava: 2851344
Bom caminho!

sábado, 12 de maio de 2012

Amai-vos!


“Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei”
Hoje, o amor é um conceito algo enigmático, abusado e inflacionado. O amor é até uma realidade pouco poética: constata-se que é difícil amar! Todos conhecemos tantos contos de fadas que acabam mal…
Há uma teoria que afirma que a palavra amor é composta do “a” privativo (não) com a palavra “morte” (mors, mortis): o amor é a não-morte. Então, o amor é a vida, é aquilo que não morre, é o que permanece para sempre. O amor é aquilo que salva: só o amor nos faz viver e só por amor se pode viver.
Jesus confessa a fonte do seu amor: o Pai! Não se sente diminuído ao dizer que é fruto de um amor maior. Nós pelo contrário, cegos pela sede de aparecermos originais e de não dependermos de ninguém, esquecemos que a nossa felicidade depende sempre do amor de um outro maior do que nós.
O amor é sempre fruto de um enamoramento. O “amor é divina folia” (Platão). E esta é a essência do cristianismo: acolher o amor apaixonado de Deus! Diante de Deus nada temos a temer ou a esconder, mas devemos trazer aquela pitada de folia, de excesso, de desmedida, um pouco daquela irracionalidade que é própria do coração. Ocorre sermos pedintes do amor, mendigando a seiva da vida, deixando-se alcançar por aquele Amor que arrasta e repara as ruínas da existência, para frutificar.
“Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”
É este pequeno como que me perturba e me encosta à parede! Sim, mas é também este amar como Ele nos ama que me encanta e seduz, como fogo que queima, inquieta, aquece, ilumina, desacomoda, preenche, devora, orienta… Só o amor de Jesus é a medida de um amor sem medidas! Este amor é fonte e dom, maravilha de um contágio excessivo, que antecipa e provoca o nosso amor! Aquele “como” indica a qualidade do verdadeiro amor: desproporcional, gratuito e infinito.
O Deus invisível tornou-se visível nos gestos de amor de Jesus. O nosso amor é sempre a declinação, a tradução daquilo que Deus é: simples gota dum oceano, um instante da eternidade, um pedaço do Amor.
Amar os outros requer cumplicidade. Não se ama a humanidade desconhecida, mas os próximos mais próximos, a começar pela família, amigos, colegas… “Amar” árvores e cães é até muito fácil…
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”
No Evangelho “amar” está traduzido tantas vezes com o verbo “dar”. Não se trata de uma emoção ou sentimento, mas um dar ao alcance das mãos, de pão, de água, de vestes, de tempo dado, de portas atravessadas, de pó das estradas… “porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes (Mt 25, 34 -40).
Amar não é só a vaga paixoneta adolescente, com perfume a violetas e juras eternas. É principalmente a vida real e concreta, a dança do cansaço e da paixão, o beijo da fidelidade e da dádiva esquecida. Pois, como diz o poeta, “se o nosso coração não arder de amor, o mundo morrerá de frio”. Então, caros amigos e amigas, experimentai o amor! Arriscai a amizade! E incendiai o vosso mundo com o ardor do Evangelho! 
 (da página da união)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ser Frei Capuchinho? Mas como?


A proposta vocacional dos freis capuchinhos visa antes de tudo ajudar o jovem que batem à nossa porta a fazer um discernimento sério e sereno da vontade de Deus a seu respeito e ajudá-lo a responder com prontidão e generosidade. Por isso temos todo um percurso formativo que propomos aos nossos candidatos. 
Antes de chegarem às etapas formativas, temos todos os anos acampamento vocacional, onde são admitidos os candidatos que desejam e estejam preparados para a primeira experiência connosco em fraternidade. Para que os candidatos possam chegar até nós, servem-se muitas vezes de diversos meios para iniciar a nossa vida franciscana capuchinha. E porque o Senhor serve de muitas pessoas para convidar os outros jovens à uma vida de perfeição e porque não vai encontrar pessoas perfeitas que estão num processo de discernimento, são escolhidas pessoas já com uma certa experiência de vida, para estar a frente da formação e sim, ajudar os recém chegados a começar uma nova orientação de vida. Mas como veremos a formação não se limita aos iniciados, mas a todos que estão neste processo.
O nosso itinerário formativo é composto por seis fases:
1. Aspirantado externo ou familiar
É um tempo, depois dos primeiros contactos, de acompanhamento vocacional através de encontros, diálogos e retiros sendo que o jovem candidato continua em sua casa maturando, com ajuda dos frades e da fraternidade mais próxima, a sua própria vocação em vista a iniciar uma caminhada mais de perto.
2. Aspirantado interno
O Aspirantado interno começa no dia em que um jovem, admitido pelo Ministro Vice-Provincial, entra na nossa Fraternidade de S. Vicente sob a responsabilidade formativa do Frei Napoleão Gomes. A formação baseia-se na formação humana, cristã e académica. Neste momento são nove (9) os nossos aspirantes internos: 1 de Fogo, 1 de São Vicente, 3 de Santiago, 1 de Brava, 3 de Santo Antão. 
3. Postulantado
O postulantado encontra-se na Fraternidade de S. Lourenço na Ilha do Fogo sob a responsabilidade do Frei Ademário Delgado. A formação dos postulantes tem como objectivo, sobretudo, aperfeiçoar a catequese da fé e compreende a introdução à Liturgia, aos métodos de Oração, à formação Franciscana e uma primeira experiência de actividade apostólica e tem a duração de nove meses. Neste momento são três (3) os nossos postulantes, Yuri (Cidade da Praia), Ravilson (Porto Novo) e Patrick  (Brava). Se tudo correr bem iniciarão o noviciado em Agosto. 
4. Noviciado
O noviciado encontra-se na Fraternidade da Ilha Brava sobre a responsabilidade do Mestre Frei Matias Silva. O noviciado é uma fase de intensa formação da nossa vida franciscana capuchinha, sem estudos académicos afim de uma maior interiorização da nossa vida. O candidato deve ganhar maturidade para abraçar o projecto de Deus nesta Ordem. Segundo as nossas constituições (cap.II, IV, 29), é uma fase de iniciação mais intensa e uma experiência mais profunda da vida Evangélica Franciscana-Capuchinha. No fim do Noviciado faz-se a primeira profissão dos conselhos evengélicos e recebe-se o hábito (batina) capuchinho. Neste momento temos 3 noviços, Frei Tiago e Frei Bruno da província portuguesa e Frei Emanuel da nossa Vice Província. Se Deus quiser farão a sua profissão religiosa na segunda quinzena de Agosto.
5. Pós-Noviciado
O pós-Noviciado é o período durante o qual os irmãos, prosseguindo num crescimento e amadurecimento, se preparam para a opção definitiva da nossa vida evangélica a assumir pela profissão perpétua. Essa etapa não deve ser me mais breve do que três anos e nem mais longo do que seis. A formação basea-se no estudo mais profundo da Sagrada Escritura, da Teologia Espiritual, da Liturgia, da História e da Espiritualidade da Ordem e académica. Neste momento são 12 os nossos pós-Noviços que estudam em Cabo Verde, Portugal e Italia sendo dois deles estagiários.
6. Formação Permanente:
A Formação Permanente é o processo de renovação pessoal e comunitária, que se destina a todos os irmãos. Cabe a todos os frades de Profissão Perpétua zelar pela sua formação permanente, porém, ao nível da vice-província há um responsável pela formação permanente, e ao nível de cada fraternidade local, os guardiães zelam pela formação de cada um dos irmãos.
CRISTO CHAMA-TE, FRANCISCO INDICA-TE UM CAMINHO.
Caro jovem, Deus, na sua bondade, chama todos os fiéis da Igreja à perfeição da caridade, nos diversos estados de vida, para promover a santidade de cada um e a salvação do mundo.
Cada um deve dar uma resposta de amor a esta vocação, com a máxima liberdade, de modo que assim a dignidade da pessoa humana se concilie com a vontade de Deus.
Nós os capuchinhos fazemos de tudo para que sob a sabedoria do Espirito Santo, nosso primeiro animador, ajudar os nossos vocacionados a discernirem seriamente a vontade de Deus e o melhor caminho para se formarem porque são eles os continuadores do ideal franciscano-capuchinho nestas ilhas do Atlântico.
Nosso Seráfico Pai nos ilumine com seu carisma de "homem todo evangélico", para que saibamos viver com simplicidade nossa vocação capuchinha.

NB: Se és jovem e esta breve leitura despertou em ti o desejo de conhecer melhor os freis capuchinhos então entre em contacto connosco. Estamos em: Santo Antão: 2221295; São Vicente: 2324208; São Nicolau: 2351209 ou 2361143;  Santiago: 2647304; Fogo: 2812587; Brava: 2851344
Bom caminho!

sábado, 5 de maio de 2012

Permanecer em Jesus!

“Eu sou a videira, vós sois os ramos” - Dos trabalhos no campo, é na vinha que o lavrador investe mais amor e poesia, paciência e inteligência, paixão e preocupação. Hoje, Jesus diz-nos que também nós somos vinha do Senhor: Ele é a videira e nós somos os ramos prontos a dar o vinho da sua alegria! Todos existimos pelo mesmo amor que irriga a todos. Maravilhosa vida interior que nos coloca entre Deus e os outros, nesta relação e circulação íntima. E admirável paciência divina neste encadeamento de esperança e de frutos. Misteriosamente, desde as raízes do mundo, através do tronco dos séculos, Deus chega a todos os ramos, como potência e energia, como milagre que faz desabrochar o amor, qual néctar delicioso e perfumado que inebria a existência. E se nos desligarmos da videira sabemos que morreremos, por deixarmos de receber e de dar amor. Ser ramo é ser elo e mistério de comunhão. “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” - Porque desafia o tempo, as incertezas e as agruras da vida, o amor não é uma experiência de um momento ou é algo intermitente, descontínuo, esporádico, mas é relação paciente que se faz história. O que permanece à superfície seca e morre, porque não saboreia a embriaguez do canto ou a intensidade do silêncio. Mesmo se a vida é feita de coisas externas e supérfluas, a felicidade reside na vitalidade interna, na fecundidade, ali onde nascem e correm os sorrisos e as lágrimas, a dor e o amor. Permanecer é então ter tempo, saborear, demorar, habitar, aprofundar raízes. Não ao lado, nem perto, mas dentro. Permanecer em é ser enxertado bem no meio, tal como profunda, íntima e vital é a comunhão do ramo na videira. E Deus permanece em nós, não como uma voz que vem de fora, mas como fonte de vida. Deus vive dentro do coração humano: é o seu sangue, a sua alma. Permanecer em (em Cristo, no seu amor, na sua palavra) é basilar para permanecer com (os irmãos numa vida comum). “A glória de meu Pai é que deis muito fruto” - A glória de Deus reside nos pequenos ramos, capazes de uma riqueza de cachos amadurecidos pelo sol e de bagos de mel. A sua glória é dar muito fruto como se a nossa única vocação fosse a fecundidade. Não interessam a Deus os números dos defeitos ou dos pecados, mas sim os cestos cheios de fruta, os cabazes de alegria e de brilho, os açafates de pão partilhado e de lágrimas enxugadas, os cestos de palavras e de gestos que alimentam de doce sabor a vida! Deus gloria-se na fecundidade de frutos novos e de gestos de esperança que antes não existiam, enaltece-se na criatividade de encontros e de sorrisos que podam solidões e desânimos, glorifica-se na entrega de si mesmo que sacia anseios e fomes. O sonho de Deus, bem como a nossa felicidade, não é a poda ou o desbaste, mas é o fruto abundante e multiplicado, a dilatação de mais vida, a participação na seiva vital divina, deixando circular nas nossas veias a linfa da vida de Cristo. Dar fruto é sentir, no nosso coração, o pulsar do amor de Deus, até podermos dizer: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (S. Paulo). Assim, caros amigos e amigas, se vive o Evangelho.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Isto nos bastaria!


Durante a festa de Páscoa, os hebreus à mesa para a celebração de haggadah - o solene memorial da salvação de Israel - geralmente cantam um hino cujo refrão põe nos lábios de todos os presentes as palavras dayyenu, que em hebraico significam: “suficiente para nós”. O texto deste hino passa em revista todas as grandes obras que Deus realizou em favor do seu povo ao longo dos séculos: a saída do Egipto, o caminho do deserto, o dom da Lei, a herança da Terra. E, em correspondência de cada obra de Deus, cada um responde cantando dayyenu, “isto nos bastaria”. Trata-se de um canto de origem medieval, do qual, porém, encontramos, no Evangelho escolhido para a festa de hoje, uma curiosa antecipação no pedido que o Apóstolo Filipe apresenta a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta” (Jo 14, 8). O pedido de Filipe, o Apóstolo que hoje festejamos juntamente com Tiago de Alfeo, chamado o menor, nos oferece uma imagem palpável daquele desejo presente no coração de cada discípulo que, entrando em contacto com a fascinante relação que Jesus vive com Deus, compreende quanto o conhecimento do Pai seja a “verdade” indispensável à vida. As perguntas, absolutamente não retóricas, através das quais responde são um convite a não procurar o rosto de Deus longe daquela autêntica mansidão com que decidiu manifestar-se na humanidade de Jesus: “há tanto tempo estou convosco e tu ainda não me conheces Filipe? Como podes dizer: ‘mostra-nos o Pai?’ não acreditas que eu sou no Pai e o Pai é em mim?” (Jo 14, 9-10) 
Existe em nós uma forte pretensão de ter ulteriores sinais e confirmações do bem que Deus - como pai - nutre em relação a nós. Por causa desta expectativa, rejeitamos acolher tantas ocasiões como suficiente apelo a entrar na vida adulta dos filhos de Deus, não conseguindo intuir que o momento de autenticar a esperança do Evangelho é exactamente o tempo presente. O segredo que une o Filho ao Pai e o Pai ao Filho é o mistério de uma relação paritário, embora marcada por uma irreduzível diferença: “crer em mim: eu sou no Pai e o Pai é em mim” (Jo 14, 11). Mesmo aos apóstolos o Senhor Jesus fez um convite a não ficarem confinados dentro as determinações e as tiranas da infância: “Em verdade, em verdade vos digo: “Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores,porque Eu vou para o Pai.”  (Jo 14, 12). Não é possível olhar o rosto do Pai sem acolher o dinamismo da sua mesma vida. A paternidade de Deus não é a última confirmação com que nos protegemos dos riscos da existência, mas a definitiva decisão em crescer “até ao homem perfeito, até chegar à medida da plenitude de Cristo” (Ef 4, 13), para tornarmos criaturas livres de receber e de restituir o dom da vida.
Enfim… a nós podia ser suficiente ser “salvos” dos nossos pecados (1Cor 15,1), tornando-nos filhos de Pai e irmãos de cada homem. Mas a Deus isto não era suficiente quis fazer-nos “luz das nações” (Is 49,6) para levar a caminho do Evangelho “até aos confins da terra” (Is 49,6), a sua palavra de salvação até “aos confins do mundo” (cf. Salmo responsorial). 

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