Chamar as coisas pelo nome!


Nos últimos tempos a palavra crise tem estado presente em todos os discursos mais ou menos sérios que se fazem nas nossas praças, ruas e meios de comunicação social. A complicar ainda mais a situação temos assistido, quase sistematicamente, situações que metem a nu a miséria humana, para onde, aliás, a nossa sociedade se encaminha paulatinamente. Muitos dos nossos jovens vêem para o futuro com muita apreensão e dúvida. Diante destas situações, sobretudo quando vemos inocentes a morrer gratuitamente, colocamos perguntas profundas que chamam em causa as razões pelas quais eu próprio contínuo aceitar viver. Acho que cada um de nós, de vez em quando, coloca estas questões cruciais e procura as próprias “razões de vida”. Dizer sim á vida equivale a reconhecer que ela tem um significado original, tem um sentido. Intuo que este significado deve coincidir com a exigência mais profunda que sai da minha consciência: experimentar a alegria de ser amado. Sem a experiência gozosa do amor recebido e doado entendo que de mim não resta mais nada. 
No princípio de mim está o dom de uma existência que não auto-construí. Não posso negar que vivo num universo que não fui eu a construí-lo. Fui concebido, não me auto-concebi. Encontro-me inserido numa relação com um Outro que me precedeu, criou-me, amou-me e me quis. A minha primeira razão de vida é então conseguir a conhecer e a tornar-se uma só carne com Aquele que me quis criatura de carne. No diálogo com Ele, isto é, na minha primeira relação de amor, posso procurar os significados a dar a cada situação que a vida faz-me atravessar 
Acho que cada evento da minha existência seja uma pergunta à qual Deus pode dar uma resposta, a pacto que Deus conheça a minha carne. Em Jesus Cristo, Deus conheceu a nossa carne. “Jesus, sabendo que era ” (Jo 13, 1). Acolhendo a boa notícia da minha origem de criatura chamada do amor e para o amor, posso entrar no supermercado dos significados e escolher aquelas razões de vida que me permitem, como Francisco de Assis, olhar inclusive a morte chamando-a de irmã. 

NB: Esta é a abertura do Boletim Juvenil de Animação Vocacional e Franciscana EIS-ME AQUI que pode ser lido no blog: http://poco-da-palavra.blogspot.com 

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