Permanecer em Jesus!

“Eu sou a videira, vós sois os ramos” - Dos trabalhos no campo, é na vinha que o lavrador investe mais amor e poesia, paciência e inteligência, paixão e preocupação. Hoje, Jesus diz-nos que também nós somos vinha do Senhor: Ele é a videira e nós somos os ramos prontos a dar o vinho da sua alegria! Todos existimos pelo mesmo amor que irriga a todos. Maravilhosa vida interior que nos coloca entre Deus e os outros, nesta relação e circulação íntima. E admirável paciência divina neste encadeamento de esperança e de frutos. Misteriosamente, desde as raízes do mundo, através do tronco dos séculos, Deus chega a todos os ramos, como potência e energia, como milagre que faz desabrochar o amor, qual néctar delicioso e perfumado que inebria a existência. E se nos desligarmos da videira sabemos que morreremos, por deixarmos de receber e de dar amor. Ser ramo é ser elo e mistério de comunhão. “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” - Porque desafia o tempo, as incertezas e as agruras da vida, o amor não é uma experiência de um momento ou é algo intermitente, descontínuo, esporádico, mas é relação paciente que se faz história. O que permanece à superfície seca e morre, porque não saboreia a embriaguez do canto ou a intensidade do silêncio. Mesmo se a vida é feita de coisas externas e supérfluas, a felicidade reside na vitalidade interna, na fecundidade, ali onde nascem e correm os sorrisos e as lágrimas, a dor e o amor. Permanecer é então ter tempo, saborear, demorar, habitar, aprofundar raízes. Não ao lado, nem perto, mas dentro. Permanecer em é ser enxertado bem no meio, tal como profunda, íntima e vital é a comunhão do ramo na videira. E Deus permanece em nós, não como uma voz que vem de fora, mas como fonte de vida. Deus vive dentro do coração humano: é o seu sangue, a sua alma. Permanecer em (em Cristo, no seu amor, na sua palavra) é basilar para permanecer com (os irmãos numa vida comum). “A glória de meu Pai é que deis muito fruto” - A glória de Deus reside nos pequenos ramos, capazes de uma riqueza de cachos amadurecidos pelo sol e de bagos de mel. A sua glória é dar muito fruto como se a nossa única vocação fosse a fecundidade. Não interessam a Deus os números dos defeitos ou dos pecados, mas sim os cestos cheios de fruta, os cabazes de alegria e de brilho, os açafates de pão partilhado e de lágrimas enxugadas, os cestos de palavras e de gestos que alimentam de doce sabor a vida! Deus gloria-se na fecundidade de frutos novos e de gestos de esperança que antes não existiam, enaltece-se na criatividade de encontros e de sorrisos que podam solidões e desânimos, glorifica-se na entrega de si mesmo que sacia anseios e fomes. O sonho de Deus, bem como a nossa felicidade, não é a poda ou o desbaste, mas é o fruto abundante e multiplicado, a dilatação de mais vida, a participação na seiva vital divina, deixando circular nas nossas veias a linfa da vida de Cristo. Dar fruto é sentir, no nosso coração, o pulsar do amor de Deus, até podermos dizer: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (S. Paulo). Assim, caros amigos e amigas, se vive o Evangelho.

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