Amai-vos!


“Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei”
Hoje, o amor é um conceito algo enigmático, abusado e inflacionado. O amor é até uma realidade pouco poética: constata-se que é difícil amar! Todos conhecemos tantos contos de fadas que acabam mal…
Há uma teoria que afirma que a palavra amor é composta do “a” privativo (não) com a palavra “morte” (mors, mortis): o amor é a não-morte. Então, o amor é a vida, é aquilo que não morre, é o que permanece para sempre. O amor é aquilo que salva: só o amor nos faz viver e só por amor se pode viver.
Jesus confessa a fonte do seu amor: o Pai! Não se sente diminuído ao dizer que é fruto de um amor maior. Nós pelo contrário, cegos pela sede de aparecermos originais e de não dependermos de ninguém, esquecemos que a nossa felicidade depende sempre do amor de um outro maior do que nós.
O amor é sempre fruto de um enamoramento. O “amor é divina folia” (Platão). E esta é a essência do cristianismo: acolher o amor apaixonado de Deus! Diante de Deus nada temos a temer ou a esconder, mas devemos trazer aquela pitada de folia, de excesso, de desmedida, um pouco daquela irracionalidade que é própria do coração. Ocorre sermos pedintes do amor, mendigando a seiva da vida, deixando-se alcançar por aquele Amor que arrasta e repara as ruínas da existência, para frutificar.
“Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”
É este pequeno como que me perturba e me encosta à parede! Sim, mas é também este amar como Ele nos ama que me encanta e seduz, como fogo que queima, inquieta, aquece, ilumina, desacomoda, preenche, devora, orienta… Só o amor de Jesus é a medida de um amor sem medidas! Este amor é fonte e dom, maravilha de um contágio excessivo, que antecipa e provoca o nosso amor! Aquele “como” indica a qualidade do verdadeiro amor: desproporcional, gratuito e infinito.
O Deus invisível tornou-se visível nos gestos de amor de Jesus. O nosso amor é sempre a declinação, a tradução daquilo que Deus é: simples gota dum oceano, um instante da eternidade, um pedaço do Amor.
Amar os outros requer cumplicidade. Não se ama a humanidade desconhecida, mas os próximos mais próximos, a começar pela família, amigos, colegas… “Amar” árvores e cães é até muito fácil…
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”
No Evangelho “amar” está traduzido tantas vezes com o verbo “dar”. Não se trata de uma emoção ou sentimento, mas um dar ao alcance das mãos, de pão, de água, de vestes, de tempo dado, de portas atravessadas, de pó das estradas… “porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes (Mt 25, 34 -40).
Amar não é só a vaga paixoneta adolescente, com perfume a violetas e juras eternas. É principalmente a vida real e concreta, a dança do cansaço e da paixão, o beijo da fidelidade e da dádiva esquecida. Pois, como diz o poeta, “se o nosso coração não arder de amor, o mundo morrerá de frio”. Então, caros amigos e amigas, experimentai o amor! Arriscai a amizade! E incendiai o vosso mundo com o ardor do Evangelho! 
 (da página da união)

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