Ver claramente!


As leituras de ontem convergiam em dizer-nos que o nosso caminho, como homens e mulheres crentes, é sobretudo um problema dos olhos. Na imagem do cego conduzido por Jesus e, à parte, curado pela sua compaixão, podemos reconhecer um itinerário do qual temos todos muita necessidade para poder ver melhor a realidade

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos chegaram a Betsaida. Trouxeram-Lhe então um cego, suplicando-Lhe que o tocasse. Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da localidade. Depois deitou-lhe saliva nos olhos,impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?».”

Estranhamente, o gesto de Jesus não parece resolver definitivamente o problema. O cego consegue uma certa capacidade de ver as coisas, mas de modo desfocado e impreciso. Torna-se necessária uma segunda intervenção de Jesus, quase idêntico à primeira

“Em seguida, Jesus impôs-lhe novamente as mãos sobre os olhos
e ele começou a ver bem: ficou restabelecido e via tudo claramente.”

A carta de Tiago ilumina este mistério, afirmando que a salvação não consiste em lançar simplesmente o olhar sobre a imagem da salvação - com o risco que seja apenas superficial e estéril autocomiseração- mas em manter fixo este olhar até reconhecer-se plenamente envolvido na liberdade do Evangelho.
Para além da metáfora, trata-se de não limitar-se a escutar as belas coisas que a Palavra nos diz e nos mostra, mas permitir a sua declinação nos factos da nossa vida de todos os dias.

“Quem ouve a palavra e não a cumpre
é como alguém que observa o seu rosto num espelho
e, depois de observar a própria fisionomia,
vai-se embora e logo se esquece como era.
Mas aquele que se aplica atentamente a considerar a lei perfeita,
que é a lei da liberdade,e nela persevera,
sem ser um ouvinte que se esquece, mas que efectivamente a cumpre,
esse encontrará a felicidade no seu modo de viver.” (Tg 1,23-25)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Zacarias, o mudo que fala de Deus!

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

FRUTOS DA TERRA E DO TRABALHO DO HOMEM