Nada te é impossível!

Escutando as leituras do livro de Job que a liturgia nos tem vindo a propor nestes dias, leituras, bem ,como o livro, que abordam a difícil questão do mal. Livro e leituras de extraordinária beleza e dramaticidade.  
Escutando e meditando essas leituras tenho recordado na minha oração tantas pessoas provadas pelo sofrimento e pela dor que pedem a minha oração e a da minha fraternidade. Dizem: “Reze por mim porque a si Deus escutará” ou “reze pelo meu filho tu que estás mais perto de Deus.” Muitas vezes são casos realmente dramáticos. Eu na minha miséria de frade respondo quase sempre, quando as circunstancias o permitem: “Reze você também e verá que Deus nos escutará e que é tanto perto de mim quanto de si.” Sim, porque a oração, nas suas diversas formas, pertence a todo o crente não é apanágio de ninguém e Deus escuta com a mesma docilidade e prontidão todos os seus filhos que na humildade e simplicidade o imploram. Aliás a última parte do Livro de Job demonstra com inegável clareza isso mesmo. 
Muitas vezes o risco que corremos é aquele de criar grandes sistemas teóricos e filosóficos sobre a dor, o mal e o sofrimento. Estes sistemas mantêm-se de pé enquanto estivermos no alto do púlpito  a pregar para os outros mas quando toca a nós enfrentar situações difíceis somos os primeiros a blasfemar contra Deus e a esquecer todo o edifício por nós criado. 
Quantas vezes desejei ter no momento, soluções para tantos problemas com que muitas pessoas me se apresentam. Problemas tanto de ordem física quanto de ordem moral e psicológica. Felizmente pouco a pouco estou a aprender, como Job, que a mim compete fazer silêncio e diante do Altar da vida oferecer toda a minha vida e a vida dos que se confiam à minha pobre oração. 
Tenho a plena consciência de que, como canta o padre Zezinho, é muito jovem a minha oração, talvez não tenha a maturidade mas tem a verdade do meu coração, do meu coração de jovem cristão. 
A frequentação da Cruz, como Maria, nos ensinará a compreender um bocadinho sobre o valor (se é que podemos falar de valor) do sofrimento. Aquele modo de encarar a dor e o abandono mantendo firme a confiança em Deus é para nós de grande consolação. 
Eu continuo, como é o meu dever, a rezar e como Job posso dizer: “sei que podes tudo e que nada te é impossível. Quem é que obscurece assim os desígnio divino, com palavras sem sentido? De facto eu falei de coisas que não entendia, de maravilhas que superavam o meu saber. Eu dizia: ‘escuta-me deixa-me falar! Vou interrogar-te e tu me responderás.’ Os meus ouvidos tinham ouvido falar de ti, mas agora vêem-te os meus próprios olhos. Por isso retracto-me e faço penitência, cobrindo-me de pó e de cinza.”

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