sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pão partido!


Eucaristia, sinal de um Deus solícito
O milagre da multiplicação dos pães vem na sequência das curas que Jesus está a realizar. A Eucaristia é o maior dom do amor de Deus, porque é a entrega de Si próprio. A Eucaristia contém em si e resume os bens excelentes que o Senhor dá aos seus filhos amados; ela é o sinal de que Deus alimenta o seu povo e está atento à sua indigência e necessidades. 
A cena passa-se ao entardecer quando as trevas da noite rondam a vitalidade do dia. Este estado de noite é um sinal da nossa condição peregrina que almeja uma aurora. A noite é este véu da nossa fragilidade que tacteia o decisivo. A Eucaristia surge-nos então aqui como um sol que se encontra com as nossas noites, que preenche de luz os espaços às vezes tenebrosos das nossas dúvidas e esforços e nos conduz no dia porque nos alimenta d’Aquele que é o Sol Divino… porque a Eucaristia é Presença!

Partiu-os e deu-os…
A Eucaristia é exigência para repartir os bens de Deus. Ela é fracção. Não se pode entender como algo de compacto, de acumulação de valor. Ela é o centro onde a dispersão se reconcilia e donde parte a irradiação do dom. Ela pertence a este dinamismo do amor que não se acumula, que não se deposita. Um depósito assim, que estagna e envenena, chama-se egoísmo. Só se entende o amor quando é repartido, quando explode, quando irradia vida para fora de si mesmo. O pão é o produto daquela longa história de mãos que nas mãos de Jesus encontram coroamento, é o fruto de um suceder de entregas que culmina na entrega de Jesus.
Decerto que os Doze também não teriam o estômago muito provido. Imaginemos o seu desconcerto quando pensavam exibir a Jesus uma louvável solicitude pelos famintos e Ele lhes diz: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Quantas vezes nos deixamos ficar pelos piedosos diagnósticos de fomes, sem avançar para a coragem de nos tornarmos refeição! Eles poderiam ter alegado: “Nós também temos fome!” Mas para Jesus tal argumento teria uma só solução, porque a sua lógica é esta: a nossa alimentação passa por dar de comer ao outro. E esta alimentação não se refere (apenas!) ao alimento exterior, mas o fazer-se alimento. Ser de Cristo é aceitar fraccionar-se, dar-se em alimento de comunhão. Nós somos o pão partido de Cristo, a sua viva Eucaristia.

A saciedade e o que sobra
Jesus podia ter feito um milagre perfeitinho, com bocados de pão contados e apenas umas migalhas para os passarinhos. Porquê este “desperdício”? Perguntará Judas a propósito do perfume derramado. Os doze deparam-se com a trabalheira de ter de recolher as sobras, cada um em seu cesto, sinal de uma abundância excessiva. Deus é esta desproporção imensa entre as nossas fomes e a sua misericórdia. Deus é um esbanjador inveterado, é esta grandeza que não calcula despesas, nem se deixa estrangular por orçamentos. A medida d’Ele é não ter medida. Amigos e amigas, não tenhamos medo de abrir o coração às dimensões de Deus para ser Eucaristia… explosão de Evangelho!


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