terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Última hora!

Ao fim do ano (civil) nós os cristãos olhamos para os dias transcorridos e ao tempo que nos foi dado viver com especial intensidade e atenção. Reflectindo sobre o mistério da encarnação do Verbo, São João chega a afirmar que a história é já para nós como um tempo último. Não no sentido que depois não existirão outros, mas que se trata de um tempo pleno, decisivo, onde não falta nada, porque Deus descobriu todas as cartas, nos mostrou, finalmente o seu rosto.   

Meus filhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer que há-de vir o Anticristo. Pois bem, surgiram já muitos anticristos e por isso sabemos que é a última hora. (1Jo 2,18) 

Paradoxal, mas terrivelmente verdade. A confirmação de que se trata do último tempo vem do facto que a oposição a Deus revelado na carne de Jesus Cristo pode exprimir-se já em plena força. Desde dois mil anos, de facto “poderes” diferentes dos exercidos por Deus na lógica da cruz tentam influenciar e dirigir a história. Os vemos assumindo posição de prestígio nos preferidos da nossa sociedade contemporânea: dinheiro, sucesso, bem-estar, técnica, etc. Em tantos modos - diferentes mas no fundo sempre iguais - o homem tenta fugir à lógica da encarnação, que é a única luz verdadeira que ilumina cada homem e nenhuma noite pode vencer  

Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (Jo 1,10-13)

Ao fim de mais um ano vivido neste mundo - enquanto, mais uma vez, recordamos quanta “graça sobre graça” (Jo 1,16) desceu do céu para nós e para todos os irmãos e irmãs - é importante perguntar se e quanto nos aconteceu não reconhecer e acolher o Verbo de Deus feito carne. Talvez porque estivemos muito apegados aos nossos desejos de sangue, ou então excessivamente concentrados sobre a nossa vontade (ainda muito carnais), ou talvez ainda tão hipnotizados pelas expectativas e pelas necessidades dos outros. Mas, muito mais importante, é renovar o propósito de exercitar o único poder que realmente o céu deu à terra e é capaz de transformar a história no reino de Deus: a escolha humilde e feliz de se tornar filhos de Deus. Livres de fazer da última hora que nos é dado uma pequena obra prima. Sem medo de errar ou de ferir-nos. Mas com medo de não amar o suficiente. De não restituir tudo àquele que tudo nos dá. 


BOM ANO 2014 NO POÇO DA PALAVRA. PAZ E BEM!   

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