quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Conversão - II Domingo do Advento




Caríssimos amigos e amigas, paz e bem! sejam bem-vindos! Espero que tenham tido uma boa semana. 
Eis que, neste segundo domingo do Advento entra em cena uma das suas figuras centrais: O percursor, João Baptista. A sua entrada em cena é marcada pelo tom ameaçador que lhe é característico: O juízo está eminente! Na sua pregação o cumprimento é descrito recorrendo à ameaça. De facto, as palavras que articulam a sua mensagem parecem, à primeira vista, muito semelhantes àquelas de Jesus no Evangelho: convertei-vos porque o reino dos céus está próximo! 
Todavia a interpretação da mensagem privilegia o juízo eminente que tal proximidade comporta; ela impõe com urgência uma conversão. 
Nas palavras do profeta Isaias o Messias prometido é descrito, contrariamente á descrição de João Baptista, como portador de uma paz inimaginável, absoluta e consolante. O rebento de Jesse reacende a esperança para a casa de David. 
Ora caros amigos e amigas, a diferença de tom entre a pregação severa de João Baptista e o anúncio alegre Jesus é evidente. De facto Jesus, com os seus gestos milagrosos e acolhedores confirma a imagem messiânica de Isaias. Ele põe fim efectivo ao tempo da miséria, da ânsia e do medo e revela a paciência, a misericordia e o perdão de Deus. Ora, esta diferença evidente deve ser compreendida e não certamente cancelada. 
João Baptista prepara a vinda do Salvador. Uma preparação é necessária e indispensável! A vinda do Senhor não poderá nunca ser acolhida como dia de festa senão a condição que seja preparada por uma espera trepidante. Através do ministério de João Baptista todos devem encontrar este sentimento de espera. Este sentimento deve ser re-descoberto. Nós muitas vezes, esquecemos que a nossa condição presente é de miséria, de indigência, de necessidade. A miséria do nosso presente tem sobretudo uma face: a face do defeito da justiça e da necessidade do perdão. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, dirá Jesus. A fome e a sede de que fala Jesus, caríssimos, diz respeito à justiça que falta a cada um de nós, que falta ao mundo, que falta na sociedade, que falta nos outros. Não vim para os justos mas para os pecadores, dirá ainda Jesus numa outra passagem. Bem aventurados, portanto, são os pecadores, isto é aqueles que reconhecem e confessam o próprio pecado, para eles de facto, e talvez só para eles a vinda do Senhor será uma festa. Neste sentido, caros amigos e amigas, João veio para pregar um Baptismo de penitência. 
Relativamente á culpa e à inocência, caríssimos, é muito fácil o engano.  De facto os juízos, nesta matéria, baseiam-se muito no ouvir dizer. Eis, então que a espera do Messias é a espera daquele que não julgará segundo as aparências e não decidirá por ouvir dizer; mas julgará os pobres com justiças e com equidade os oprimidos. Para que se possa esperar com confiança e desejo um juiz assim, é indispensável participar à desilusão e à dor provocados pelos juízos de ouvir dizer. Ocorre renunciar aos preconceitos, aos juízos expressos antes do tempo, juízos precipitados e motivados pela sede de vingança. Esses juízos não se identificam com os juízos do messias. 
O engano, caríssimos, risca de se perpetuar quando ganha força a separação entre o momento religiosa da vida e o seu momento público e social. Aliás, é sob esta luz que devemos entender a reprovação que João Baptista dirige aos fariseus e saduceus. Eles também responderam ao convite de João Baptista. Acorriam a ele de Jerusalém, de toda a Judeia e da zona do Jordão. 

Esta confissão dos pecados, de que fala o trecho evangélico, seguramente não era analítica e pessoal. Era, talvez, uma confissão à pressa muito semelhante á nossa confissão que fazemos no início das nossas Missas. Uma confissão à pressa, que não toca a consciência, que não ajuda a celebrar nem melhor nem pior. João, caros amigos e amigas, não julga por ouvir dizer mas nem mesmo pelo que vê exteriormente, por aquilo que parece. Ele reconhece as diferentes atitudes daqueles que acorrem ao Jordão. Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir à ira de Deus que se aproxima? Quem vos ensinou esta possibilidade ilusória de subtrair-vos à ira de Deus através da prática de um baptismo apenas exterior, ao qual não corresponde nenhum propósito de mudar de vida?     

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