quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Uma multidão imensa!


Hoje fazemos memória da estupenda companhia dos santos, irmãos e irmãs que viveram bem os seus dias neste mundo e entraram já no mistério da vida eterna e na comunhão com Deus. Devemos recuperar um olhar mais sério e sereno em relação a estas figuras, porque muitas vezes delas temos uma opinião um pouco idealizada. Em vez de tê-los como preciosos companheiros de viagem na aventura da vida, os vemos como personagens extraordinários e impossíveis de serem imitados, bastante longe da mediocridade dos nossos dias. Como sempre, convém baixar o olhar sobre as Escrituras para descobrir o que a Palavra de Deus diz deles.  

Tantos

No Livro do Apocalipse recebemos já uma surpreendente notícia: os santos são tantos, tantíssimos! Não é verdade que as pessoas boas e justas são poucas no mundo, o vidente de Patmos afirma que os santos são “uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9). Certo, nós somos sempre mais inclinados a colocar em primeiro plano os maus e os injustos segundo o costume impregnado nos meis da comunicação social. Porque é na nossa natureza exorcizar aquilo que nos mete medo e nos aterroriza exibindo-o. Com esta operação iludimos que estamos a tolerar a nossa condição, observando como alguém, no fundo, esteja muito pior que nós. Para Deus, porém, aquilo que brilha e merece der destacado é o bem e a grande assembleia de pessoas que fizeram ou fazem o bem. 

Nós
Todavia “aquilo que seremos não foi ainda revelado” (1Jo 3, 2), porque continuamos pessoas livres e em caminho para a eternidade. Portanto esta nossa condição de santidade é uma pequena semente que devemos defender e fazer crescer, confiada à nossa responsabilidade e à nossa livre escolha. Deus nos dá tudo mas não pode obrigar-nos a tornamo-nos filhos amados. Eis então o Evangelho das bem-aventuranças (Mt 5,1-12), a retirar-nos do triste engano de uma cultura que continua a afirmar que para tocar o céu com um dedo-para ser feliz- é necessário ocupar um prestigioso papel social, conquistar gratificações e reconhecimentos através dos instrumentos   do possesso e do poder. 
As bem-aventuranças proclamam, no entanto, que estrada para a vida plena  não está fora, mas dentro de nós. Nos asseguram que não é verdade que somos todos destinados à felicidade. É verdade exactamente o contrário: Deus nosso Pai, desde sempre, destinou-nos a felicidade. A chave da alegria autêntica não está em cima dos nossos desejos frustrados, mas no fundo da nossa consciência daquilo que somos. As bem-aventuranças são o convite a acolher aquilo que cada um deve ser com gratidão, rejeitando a ilusão qua a vida possa mudar pela intervenção de algo externo e estranho a nós mesmos. 


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