segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ser Padre?


Ser Padre!? Quais os motivos fazem sensata e bela, hoje como ontem (talvez hoje mais do que ontem) a aventura de ser padre? O que pode atrair ao sacerdócio os filhos da “pós- modernidade”, tempo de solidão e de muita fragmentação, tempo privado de aganchos fortes e atraversada de inquietudes porfundas? Por mais paradoxal que possa aparecer, penso que o que ainda hoje torna atraente a vida do padre é simplesmente o seu colocar-se como uma misteriosa actualização do mistério da incarnação. O padre, totalmente de Cristo e como Ele totalmente para os outros e para Deus é um sinal eloquente para o nosso hoje! Antes de tudo o é porque, diante de uma cultura na qual o proveito e o interesse são apresentados como valores fortes, aos quais todas as outras escolhas da vida são finalizadas, o facto que existam pessoas dispostas a viverem uma existência para os outros, motivadas pura e simplesmente pela gratuidade, parece ao nosso tempo chocante e intrigante. Ser padre hoje não é certo uma “saída” para a vida de nenhum jovem. É um risco, uma aposta corajosa, que subverte a lógica da busca frenética do maior proveito e põe em primeiro lugar a beleza do dar-se. A força do padre está na sua fraqueza: é o não ter interesses partidários, o seu existir para os outros sem ter que contentar os gostos de ninguém a torná-lo credível. O padre é credível porque escolheu contra-corrente na medida em que quis e soube ser livre, inclusive dos próprios cálculos e do próprio proveito. Numa sociedade cada vez mais dominada pelo medo do outro, uma existência doada, jogada “somente” por um amor exigente e total, parece uma possibilidade de renascimento, um sinal de contradição subversivo e libertador, como o foi a do Filho eterno que veio na nossa carne por amor. Somente por amor. Ser padre? Porque não? Frei Gilson Frede, padre capuchinho

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