São João Baptista

João Baptista é a única santidade humana - com excepção da bem aventura Virgem Maria- cujo calendário litúrgico recorda não só o momento da morte, mas também o dies natalis neste mundo. Se a figura extraordinária daquele que soube “dar testemunho da luz e preparar ao Senhor um povo bem dispostos” (cf. Oração Colecta) seria já motivo suficiente para explicar a singularidade de tal recorrência, as leituras escolhidas para esta solenidade permitem-nos ir mais a fundo, indicando-nos o nascimento do Baptista como uma “maravilha estupenda” (cf. Salmo responsorial) para a qual toda a Igreja pode voltar a sua atenção e o seu coração. A narração evangélica de Lucas, diz-nos que no dia da circuncisão todos os parentes e os amigos presentes queriam chamar o menino com o nome do pai, Zacarias. A este ponto a mãe, através da voz e o pai através da escrita impõe-lhe um outro nome que ninguém esperava: “João é o seu nome”. A diferença de significado entre os dois nomes não parece ser relevante: Zacarias significa “Deus recorda”, enquanto João significa “Deus usa misericórdia”. Mas entre estes dois nomes existe uma subtil, fundamental diferença. O primeiro é uma seta que indica para o passado, à história da salvação construída por Deus ao longo da história: as suas intervenções, os seus prodígios, a sua fidelidade. Sugere o critério em que o passado deve orientar o presente. O segundo nome, focaliza a atenção sobre o presente e sobre aquilo que o Senhor, hoje, tem intenção de operar. Promove o critério em que a actualidade da história é também livre dos seus condicionamentos.

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