terça-feira, 12 de junho de 2012

Excêntricos!


As imagens escolhidas por Jesus para anunciar aos discípulos o sentido do seu existir não evidenciam somente as belas qualidades que Deus coloca na aventura humana. Dizem também quanto esta nossa beleza não seja - por sorte - um dom recebido para nós mesmo, mas exactamente o contrário: uma chamada a sairmos de nós mesmos, a vivermos uma pró-existência. “vós sois o sal da terra… vós sois a luz do mundo...” (Mt 5,13.14).
Existe alguma coisa de “excêntrico” nestas definições com que o Senhor Jesus nos restitui à nossa genuína natureza. O sal não tem outra função senão aquela de dar sabor à comida sobre a qual é espalhada, renunciando impor-se ao olhar dos outros. Se perde este carácter gratuito e desinteressado não serve para nada. A luz, da sua parte, não brilha senão para oferecer aos outros a liberdade de poder viver e caminhar na casa e no mundo. Com estas imagens o mestre põe um genitivo na nossa natureza. Anuncia-nos que não existimos para nós mesmos, mas que existe sempre uma direcção para a qual a nossa vida é chamada a encaminhar-se. É a sabedoria que a  viúva de Sarépta parece ter amadurecido nos seus dias, visível quando o profeta Elias a pede de poder servir-se do seu pouco manjar, suficiente apenas para ela e para o seu filho e para um dia somente.  
Esta mulher soube responder com generosidade ao apelo do profeta, porque livre do medo de perder-se e de morrer. Talvez, exactamente a experiência de ter já perdido quanto de mais caro se possa desejar na vida já tinha arrebatado do seu coração o terror de ficar com as mãos vazias. Próprio esta experiência lha fez compreender que a vida é dom, não possesso ou conquista. Por isso pôde tornar-se sal, e ser luz. 

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