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A mostrar mensagens de junho, 2012

"Talita Kum"

“Talita Kum” O importante chefe da sinagoga, Jairo, num gesto de desespero e humildade, atira-se aos pés do Mestre e, com insistência, pede-lhe que lhe cure a filha. Acto de fé ou de aflição? Não sei, mas bem-aventurados são todos os Jairos desta terra que intercedem e perturbam continuamente o Senhor por causa tua e minha! Que incomodam o Criador até que ele entre na nossa casa, na nossa vida, mudando-lhe o rumo. Cada um de nós é aquela jovem, na casa das lágrimas, que Jesus pega pela mão dizendo: Talita Kum! Levanta-te! Atreve-te a acreditar e a esperar! Acorda a vida adormecida que há em ti! Retoma a descoberta do amor e a alegria de viver! Cada dia é dia de Páscoa, de ressurreição! “Tocar nas suas vestes” A mulher, sem nome nem títulos, aproxima-se no meio da multidão de Jesus apenas para “roubar” o milagre, esperando que ninguém a veja tocar as vestes da graça. Há 12 anos que se esvaía em sangue e em solidão. Na verdade, tantos se aproximam, mas só ela lhe

São João Baptista

João Baptista é a única santidade humana - com excepção da bem aventura Virgem Maria- cujo calendário litúrgico recorda não só o momento da morte, mas também o dies natalis neste mundo. Se a figura extraordinária daquele que soube “dar testemunho da luz e preparar ao Senhor um povo bem dispostos” (cf. Oração Colecta) seria já motivo suficiente para explicar a singularidade de tal recorrência, as leituras escolhidas para esta solenidade permitem-nos ir mais a fundo, indicando-nos o nascimento do Baptista como uma “maravilha estupenda” (cf. Salmo responsorial) para a qual toda a Igreja pode voltar a sua atenção e o seu coração. A narração evangélica de Lucas, diz-nos que no dia da circuncisão todos os parentes e os amigos presentes queriam chamar o menino com o nome do pai, Zacarias. A este ponto a mãe, através da voz e o pai através da escrita impõe-lhe um outro nome que ninguém esperava: “João é o seu nome”. A diferença de significado entre os dois nomes não parece ser relevante

Procurar!

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“procurar” é o verbo mais humilde e maior de toda a vida e de toda a relação… é, na verdade, muito bonito procurar: porque quem não procura é já um saciado que não sabe ir para além da sua soleira; porque quem procura sente, porém, a necessidade de procurar até quando já encontrou: visto que qualquer coisa, qualquer pessoa e, antes de tudo, Deus têm sempre novos horizontes para desvendar. Um crente também deve procurar sempre: sim, para verficar a sua fé e alimentar a sua vida de novas profundidades, de novos modos com que Deus se apresenta. De facto uma vida inteira não chega para entendermos uma pessoa. Imaginemos então se basta uma vida para entendermos a presença de Deus! É bonito procurar ainda porque o amor se exprime não só no descobrir continuamente novas profundidades, mas no valorizar inclusive aquele dom que um fez nascer no outro. Porque quem procura é um generoso que descobriu em si tantas energias (físicas, espirituais, culturais, sexuais, e de fé) e quer partilhá-l

Ser Padre?

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Ser Padre!? Quais os motivos fazem sensata e bela, hoje como ontem (talvez hoje mais do que ontem) a aventura de ser padre? O que pode atrair ao sacerdócio os filhos da “pós- modernidade”, tempo de solidão e de muita fragmentação, tempo privado de aganchos fortes e atraversada de inquietudes porfundas? Por mais paradoxal que possa aparecer, penso que o que ainda hoje torna atraente a vida do padre é simplesmente o seu colocar-se como uma misteriosa actualização do mistério da incarnação. O padre, totalmente de Cristo e como Ele totalmente para os outros e para Deus é um sinal eloquente para o nosso hoje! Antes de tudo o é porque, diante de uma cultura na qual o proveito e o interesse são apresentados como valores fortes, aos quais todas as outras escolhas da vida são finalizadas, o facto que existam pessoas dispostas a viverem uma existência para os outros, motivadas pura e simplesmente pela gratuidade, parece ao nosso tempo chocante e intrigante. Ser padre hoje não é certo uma

Excêntricos!

As imagens escolhidas por Jesus para anunciar aos discípulos o sentido do seu existir não evidenciam somente as belas qualidades que Deus coloca na aventura humana. Dizem também quanto esta nossa beleza não seja - por sorte - um dom recebido para nós mesmo, mas exactamente o contrário: uma chamada a sairmos de nós mesmos, a vivermos uma pró-existência. “vós sois o sal da terra… vós sois a luz do mundo...” (Mt 5,13.14). Existe alguma coisa de “excêntrico” nestas definições com que o Senhor Jesus nos restitui à nossa genuína natureza. O sal não tem outra função senão aquela de dar sabor à comida sobre a qual é espalhada, renunciando impor-se ao olhar dos outros. Se perde este carácter gratuito e desinteressado não serve para nada. A luz, da sua parte, não brilha senão para oferecer aos outros a liberdade de poder viver e caminhar na casa e no mundo. Com estas imagens o mestre põe um genitivo na nossa natureza. Anuncia-nos que não existimos para nós mesmos, mas que existe sempre um

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Jesus prometeu-nos estar connosco até ao fim do mundo (Mt 28,20). Ele manteve a sua palavra de tantas maneiras. Ele está connosco na sua palavra, que é sempre uma palavra viva e santa, que conduz ao Pai quem nela se confia. Ele está presente, ainda mais, no sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. E isto merece certamente uma festa. Este  sacramento nos enche, antes de tudo porque faz chegar até nós a “encarnação” do Verbo divino: Deus continua a vir para ficar. Nunca mais nos abandonará. Em segundo lugar, este sacramento nos nutre: alimenta em nós aquela vida divina que é a nossa verdadeira vida porque é eterna. Este sacramento, enfim, faz-nos ver, sob a forma de pão e vinho, aquele que os apóstolos viram, mas, como Jesus de Nazaré não era visto por todos como o Messias, o sacramento do seu corpo e do seu sangue não convence todos. Para aqueles que ficam pela aparência, tal sacramento não constitui uma prova, porque aquilo que se vê não chega. De facto vê-se somente aquilo qu

Chamar as coisas pelo nome!

Nos últimos tempos a palavra crise tem estado presente em todos os discursos mais ou menos sérios que se fazem nas nossas praças, ruas e meios de comunicação social. A complicar ainda mais a situação temos assistido, quase sistematicamente, situações que metem a nu a miséria humana, para onde, aliás, a nossa sociedade se encaminha paulatinamente. Muitos dos nossos jovens vêem para o futuro com muita apreensão e dúvida . Diante destas situações, sobretudo quando vemos inocentes a morrer gratuitamente, colocamos perguntas profundas que chamam em causa as razões pelas quais eu próprio contínuo aceitar viver. Acho que cada um de nós, de vez em quando, coloca estas questões cruciais e procura as próprias “razões de vida”. Dizer sim á vida equivale a reconhecer que ela tem um significado original, tem um sentido . Intuo que este significado deve coincidir com a exigência mais profunda que sai da minha consciência: experimentar a alegria de ser amado. Sem a experiência gozosa do amor recebi

Santíssima Trindade!

Deus é família Para uns, Deus é simplesmente algo de misterioso e sobrenatural. Para outros, é um velhote de barbas brancas sentado à janela do paraíso, distante e isolado do nosso mundo, quase um sem abrigo e sem família, que pede ao homem para o fazer sair da sua eterna solidão. Para outros ainda, é uma ilógica equação matemática (1+1+1=1). Porém, Deus não é uma definição, mas é vida, caminho, experiência. Deus não se explica, mas ama-se, reza-se, experimenta-se, vive-se. Deus não é um abismo de solidão, mas é amor que não se fecha no segredo dos deuses. Deus é festa, família, dança, relação, dom. Por Jesus sabemos que o único rosto de Deus, o verbo amar, se declina em três pessoas. São três pessoas que se amam totalmente que, nós de fora, vemos apenas um, como se fosse um oceano de amor. Cada pessoa desaparece na outra. Só quando nos aproximamos é que experimentamos a diferença do Pai, do Filho e do Espírito. Deus é comunidade de vida e de amor de pessoas, que vivem e conv