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A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

Primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça!

A liturgia deste VIII Domingo do Tempo Comum parece que Deus nos quer dizer sinteticamente isto: desde que te chamei á vida não parei de olhar para ti, sigo-te e acompanho-te em cada passo da tua vida. “Fui eu que modelei as entranhas do teu ser e formei-te no seio da tua mãe: fiz-te como um prodígio” (Salmo 139,14). Sim, próprio tu, sei um prodígio, és uma realidade estupenda, maravilhosa! É por isso que “és precioso aos meus olhos, és digno de estima e eu amo-te" (Is 43, 4): Sou muito orgulhoso de ti, tenho-te tatuado na palma da minha mão. Que belo! Por isso estás sempre presente nos meus pensamentos e nunca esquecerei de ti e nunca terei tantas coisas para pensar ao ponto de não pensar em ti a cada momento. Nunca esquecerei de ti! “Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele eu nunca te esqueceria” (Isaías 49,15). Não amo-te porque és bom ou bonito, ou porque sabes fazer isto ou aquilo: amo-

Tu és Pedro!

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Hoje, 22 de Fevereiro, na Igreja Católica celebramos a festa da Cátedra de São Pedro. É uma ocasião que nos é oferecido para meditarmos a peculiar missão que Jesus confiou ao pobre pescador da Galileia. O símbolo da Cátedra (cadeira) mete em evidência a missão de mestre e pastor que Jesus confiou a Pedro, indica, portanto a posição como preeminente no colégio apostólico, demostrada na explícita vontade de Jesus que lhe atribui o papel de “apascentar” o rebanho, isto é de guiar o povo de Deus, aqueles que dariam crédito a Jesus Cristo. Ao centro da Liturgia de hoje esta a ideia da paternidade de Deus. O próprio Jesus afirma que Pedro, respondendo sobre a identidade de Jesus reconhecendo-o Messias, falou por inspiração de Deus: “feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. De facto é de Deus que provém tudo o que bom e tudo o que é verdadeiro. Também Jesus é dócil ao pai. Não escolhe arbitrariamente o primei

Amai os vossos inimigos!

No Evangelho deste VII Domingo do Tempo Comum Jesus pede aos crentes de não oporem resistência ao malvado: esta dimensão negativa do ser discípulo será preenchido pelo comando positivo de amar os próprios inimigos. A violência faz parte do mundo não redimido e opõe-se radicalmente ao Reino de Deus portanto, não pode fazer parte da prática messiânica. A exigência de amar os próprios inimigos é o ponto central da “diferença cristã”: o que distingue o cristão dos pagãos e publicanos, dos indiferentes e não crentes? Jesus pede aos que crêem nele a saírem do círculo estreito, da limitação das suas relações àquilo que é homólogo, semelhante, recíproco, auto-referencial: amar quem já nos ama, saudar somente os irmãos. Trata-se de ousar a alteridade, de ter a coragem da diversidade e de vencer com as armas do amor o medo da diferença e do “outro”. Aquilo que provoca a violência é a absolutização de nós mesmo, do nosso eu. Praticar o amor aos inimigos traz consigo uma grande promessa escato

Voltar a crer e esperar!

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Ó vós todos, que passais pelo caminho, Olhai e vede se há dor igual à minha dor!” (Lm 1,12) Cerca um mês atrás a pequena cidade de Ceva, onde vivo já alguns meses, foi abalada pela morte de um jovem de 24 anos vitima de um acidente automobilístico. Este trágico evento chocou profundamente todos os cebanos (aqueles que são de Ceva), de modo particular os jovens. Marco (assim se chamava a vitima) era muito conhecido e muito amado. Era um apaixonado pela montanha (como um bom piemontese) e pelo ciclismo. Quando uma vida (em qualquer idade mas sobretudo se jovem) é assim brutalmente e inesperadamente ceifada reacendem na consciência colectiva perguntas fundamentais sobre a nossa existência e sobre a possibilidade ou não da existência de Deus. Se ele existe as dúvidas e, compreensivamente, a revolta ganham proporções ainda maiores. Sobretudo se aqueles que se declaram crentes e, inclusive,  ministros deste Deus que definem como amor não souberam calar e rezar e tentarem “justificar” o suc

O Evangelho como Pão!

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Na narração cristã de Deus a imagem do pão é absolutamente central. No “Pai Nosso” Jesus ensina a rezar: “dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” recolhendo neste pedido e portanto no símbolo do pão tudo aquilo que é essencial, não somente no sentido moral, para uma vida boa e digna de ser vivida.  Sobretudo, Jesus, quando decide deixar um gesto ritual que continuasse a sua presença no meio dos seus discípulos escolhe a Eucaristia, partindo e distribuindo um pão que é ele mesmo.  Mas porquê o pão? Porque Jesus chega ao ponto de instituir esta surpreendente identificação: “eu sou o pão da vida”? Faz pensar a qualquer coisa de simples e de sublime ao mesmo tempo: a maravilhosa normalidade do pão que exprime de maneira original e imediato a bondade da existência? Mas o de Jesus não é somente um pão oferecido mas é um pão (re)partido. Na Ultima Ceia Jesus toma o pão, diz a oração de agradecimento, parte o pão dividendo-o em fragmentos e o distribui aos discípulos. Sucede que aquele gesto, con

Jesus, cumprimento da Lei!

O ideal religioso do judeu devoto consistia, no tempo de Jesus, em observar a lei, através da qual se realizava a vontade de Deus. Meditar e obedecer à lei, era a herança do judeu devoto, "uma lâmpada para os seus passos", o seu "refúgio", a sua "paz" (cf. Sl 119). Jesus é o cumprimento da lei, porque ele é a palavra definitiva do Pai (Hb 1,1). Paulo nos diz que "quem ama o próximo cumpre a lei ... pleno cumprimento da lei é o amor" (Rm 13,8-10). E é neste sentido que Jesus é o cumprimento de toda palavra que procede da boca de Deus: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito... Para que o mundo seja salvo por seu intermédio" (Jo 3,16-17). O cristão é, em primeiro lugar, um discípulo de Jesus, e não um cumpridor de leis. Os fariseus eram obcecados com a aplicação literal e minuciosa da lei, mas tinham perdido completamente o espírito da própria lei. Daí as palavras de Jesus: "Se vossa justiça não s

...Era muito boa!

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Durante esta semana e a próxima a liturgia quotidiana irá apresentar-nos algumas passagens do livro de Génesis. Escutaremos o relato bíblico da criação, que não ha nenhuma pretensão científica, no sentido que damos hoje a esta expressão, mas a sua intenção é catequética. Na criação o homem ocupa um lugar singular em relação às outras criaturas de Deus. O homem é o único criado “à imagem e semelhança de Deus”. O homem é o ponto máximo da criação de Deus. O que significa que o homem foi criado à imagem de Deus? Muitas foram as explicações propostas durante a história da Teologia. O que é central é que a criação do homem à imagem e semelhança de Deus propõe uma relação estreita entre Deus e o homem. Deus cria um ser que que lhe é conforme, com quem possa comunicar. O livro de Génesis, como já disse, “não foi redigido para escrever História, mas para dizer que Deus domina a História”. Devemos, lendo este belíssimo livro, fazer a distinção entre "representação" e "revel

Sabor e esplendor de Deus!

« Vós sois o sal da terra... ». Como se sabe, uma das funções primárias do sal é temperar, dar gosto e sabor aos alimentos. Esta imagem recorda-nos que, através do baptismo, todo o nosso ser foi profundamente transformado, porque «temperado» com a vida nova que nos vem de Cristo (cf. Rm 6, 4). Este sal que tem a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado, é a graça baptismal que nos regenerou, fazendo-nos viver em Cristo e tornando-nos capazes de responder ao seu apelo para «oferecermos os [nossos] corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus» (Rm 12,1). S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma, exorta-os a evidenciarem claramente o seu modo de viver e pensar diverso do de seus contemporâneos: «Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito» (Rm 12,2). O sal foi também, durante muito tempo,

homens livres, servidores do Evangelho!

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Hoje, a quarenta dias depois do Natal, a Igreja nos convida a celebrar a festa da Apresentação de Jesus no Templo. Maria "apresenta" a Deus o seu filho Jesus e lho "oferece". ora, toda oferta é  também uma renúncia. Por isso podemos quase afirmar que começa aqui o mistério do sofrimento de Maria, que culmina ao pé da cruz. A cruz é a espada que atravessaria a sua alma. Todo judeu primogénito era um sinal quotidiano e memorial permanente da "libertação" da grande escravidão: os primogénitos de Israel no Egipto, foram poupados. Mas Jesus, o Primogénito por excelência, não será "poupado", mas com o seu sangue traz a nova e definitiva libertação. O gesto de Maria, que "oferece" o próprio filho se traduz no gesto litúrgico, de cada nossa Eucaristia. Quando o pão e o vinho - frutos da terra e do trabalho do homem - nos é dado de novo como Corpo e Sangue de Cristo, também nós somos em paz do Senhor, porque contemplamos a sua salvação e vivemos