sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Filhos de um Deus "menor"


Não é obrigatório viver como “todo-poderoso” como se fossemos seres estaminais… podemos habitar a vida colocando-nos simplesmente ao lado das pessoas e das coisas, sem a pretensão de sermos superiores e de ter nas mãos todas as soluções de todos os problemas. Podemos admitir de não termos sempre a capacidade ou a vontade de vencer. Podemos estar juntos sem pensar que somos muitos galos fechados numa pequena capoeira rivalizando-nos para conquistar um lugar no poleiro a custa de perder as penas todas. Podemos conseguir ainda somente partilhar as situações “baixas”, humildes da existência, sem fazer milagres. Podemos apresentar-nos nas relações escolhendo ser sem poder, aramados apenas da nossa pequena e normal humanidade. E talvez com um sorriso!  
Não somos uns falhados se não gastarmos a vida para nos tornarmo-nos todos, sem excepção, uns “managers”. Pode ser bonito e cativante viver e trabalhar sem deixar-se consumir pela voracidade de presidir, de comandar, de superintender, de controlar. Existem manifestações de alegria, de afecto, de calor humano que conseguimos doar uns aos outros somente quando conseguimos deixar de lado a corrente apetecível do comando, somente quando sentimos acolhidos por pessoas que não se impõe como patrão. Mais ainda: sentimos verdadeiramente reconhecidos e amados como pessoas quando alguém livremente, de boa vontade e com alegria põe-se ao nosso serviço, não tem vergonha de doar-se-nos por amor. Sem segundas ou terceiras intenções.
Estas palavras de Francisco são escandalosas para os homens e mulheres que não podem viver sem a lógica do “carreirismo”: “Os irmãos, quando se encontrem em casa de outros a servir ou trabalhar, não façam o ofício de mordomos, nem camareiros nem de administradores, nem outro qualquer ofício que dê escândalo ou cause dano à sua alma (Mc 8, 36); mas todos sejam menores e sujeitos aos demais que vivem na mesma casa.” (Regra não Bulada 7)
Podemos escolher ser filhos de um Deus que se fez menor como nos ensinam o Natal e cada Eucaristia que celebramos. 

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