terça-feira, 19 de julho de 2011

Ser padre!

Ser discípulo é um dom que recebi gratuitamente: escolhido respondi com o meu “sim”, embora pequeno e humilde. Em determinados momentos e lugares precisos da minha vida de jovem, Jesus irrompeu em mim através da sua palavra que, em algumas passagens, parecia ser escrita propositadamente para mim: quase escrita para ser lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos. Apesar de ser consciente disto, compreendi, caminhando sobre a estrada da minha história, o quanto é difícil viver plenamente a revolução profunda que a sua Palavra provoca.
Acreditando na promessa contida na sua Palavra e graças ao encontro pessoal com ele através de homens e de mulheres felizes que ajudaram-me a crescer todos os dias na minha adesão incondicional a ele, pronunciei, mais uma vez o meu “sim” ao grande dom do ministério presbiteral. A minha única ganância é servir a Deus e aos homens e mulheres do meu tempo como frade menor capuchinho, na Igreja de Cristo. E, como foi para Pedro, estou certo que o Senhor encherá a barca da minha vida. É difícil, eu sei, mas Jesus não cessa de dizer-me: “não temer, doravante serás pescador de homens”. Pescador de homens! Homem que pesca outros homens e mulheres no mar desta vida, no mar dos seus medos, das alegrias, das perguntas e das procuras insaciáveis, para ajudá-los a encontrar um sentido, um horizonte que se espalanca através do encontro com o Senhor. Esta Palavra a ouço para mim: tornar-me pescador de homens é o meu desejo e, ao mesmo tempo, promessa do Senhor. Uma promessa que me sustém mesmo quando o desejo se naufraga, mesmo quando parece que corro por nada, mesmo quando experimento os meus inumeráveis limites. O Senhor sabe que diante da sua Palavra recusei ficar sozinho na praia com as minhas redes vazias, seguro das minhas convicções e certezas, mas, confiando nele, fiz-me ao largo na expectativa de uma pesca maior. Recusei, tendo plena a aljava, guardar egoisticamente para mim a Semente da sua Palavra. O Senhor sabe que é sobre a sua Palavra- e sobre nenhuma outra- que joguei inteiramente a minha própria vida ao serviço transparente e apaixonado do Reino de Deus em menoridade, fraternidade, na paz e no bem! O Senhor sabe… e eu sei que “se não tiver amor, nada sou” e nada serei e sei também que “o amor não é amado” e é por isso que, tal como o Semeador, não cessarei, agora mais do que nunca, de espalhar com abundância a Semente da sua Palavra. Sei que não compete a mim escolher o terreno e, enquanto Semente houver, percorrerei os caminhos dos homens e semearei sem me cansar, em jardins espinhosos, em terra árida e infértil, semearei à beira da estrada, ainda que conheço os riscos de uma tal sementeira. Não desistirei. Não posso desistir! A força da Semente me impulsiona. Estou certo que algures haverá outra terra boa, como a de Assis, onde a Semente possa encontrar acolhimento e possa germinar, crescer e frutificar. Então teremos uma nova primavera de irmãos, novos Franciscos e novas Claras nesta Húmbria universal.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

Aqui escreves TU