como um tesouro!

Depois de ter-nos falado através de imagens de esperança (dois domingos atrás) e de tolerância (Domingo passado), o mestre Jesus conclui o seu longo discurso com outras parábolas que são breves mas incrivelmente estimulantes. O tesouro escondido, a pedra preciosa, a rede super-acolhedora. Ao termo desta iniciação aos mistérios do Reino dos Céus, o Senhor mostra-se serenamente preocupado em ter transmitido a sua mensagem de melhor modo: compreendeste todas estas coisas?
O que é este Reino de Deus que se desenvolve apesar das dificuldades, que cresce através da paciência e tolerância? Jesus abrevia as explicações, apontando ao essencial: “é semelhante a um tesouro escondido no campo” (Mt 13,44), a “uma pedra de grande valor” (Mt 13,46). Diante das coisas belas, aquelas que se encontram imprevistamente e se esperam desde sempre, uma pessoa tem uma só, universal reacção: “vai, cheio de alegria, vende todos os seus haveres e compra” (Mt 13,44.46) aquilo que encheu de encanto os seus olhos. A vida, segundo o Evangelho, não é um difícil programa de proibições e renúncias, mas uma alegre e interessante escolha das coisas melhores escondidas no campo da experiência humana. O evangelista Mateus viveu em primeira pessoa a verdade destas parábolas, talvez por isso é o único que se lembrou de as anotar no seu Evangelho. Ele um dia, enquanto cobrava impostos para o governo romano, seduzido e atraído pelo falso tesouro da riqueza, encontrou o rosto de Cristo e nas suas palavras de misericórdia uma beleza nunca vista antes. Levantou-se, deixou tudo e tornou-se discípulo do Reino dos Céus. A sua conversão por causa de uma maravilha encontrada revela o sentido da última parábola: “O reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes...” (Mt 13,47-50). Quem encontra o belo se habituará a procurar e a recolher beleza e todas a direcções, sabendo muito bem que chegará o tempo para “distinguir o bem do mal” (1Reis 3,9). Quem entra nos parâmetros do amor não tem pressa em formular juízos, porque sabe que saber escolher (bem) o bem é o modo melhor para não temer aquilo que “será no fim do mundo” (Mt 13,49)

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