quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

homens livres, servidores do Evangelho!

Hoje, a quarenta dias depois do Natal, a Igreja nos convida a celebrar a festa da Apresentação de Jesus no Templo.
Maria "apresenta" a Deus o seu filho Jesus e lho "oferece". ora, toda oferta é  também uma renúncia. Por isso podemos quase afirmar que começa aqui o mistério do sofrimento de Maria, que culmina ao pé da cruz. A cruz é a espada que atravessaria a sua alma. Todo judeu primogénito era um sinal quotidiano e memorial permanente da "libertação" da grande escravidão: os primogénitos de Israel no Egipto, foram poupados. Mas Jesus, o Primogénito por excelência, não será "poupado", mas com o seu sangue traz a nova e definitiva libertação. O gesto de Maria, que "oferece" o próprio filho se traduz no gesto litúrgico, de cada nossa Eucaristia. Quando o pão e o vinho - frutos da terra e do trabalho do homem - nos é dado de novo como Corpo e Sangue de Cristo, também nós somos em paz do Senhor, porque contemplamos a sua salvação e vivemos na expectativa da sua "vinda".
Por vontade do Papa João Paulo II se celebra também a Jornada de oração pelos consagrados. Ora pelo Baptismo somos já todos consagrados a Cristo. No entanto essa fundamental e insuperável consagração que nos constitui como novo povo de Deus em igual dignidade deve assumir formas concretas em vista á própria santificação, à santificação dos irmãos e ao testemunho evangélico ao mundo de hoje. É assim que nasceu na Igreja a vida religiosa, homens e mulheres que professando os conselhos evangélicos vivem o próprio Baptismo na Igreja sendo uma chamada de atenção constante sobre os verdadeiros valores da vida e da fé. Os objectivos da celebração deste dia é, segundo o saudoso Papa, “ajudar toda a Igreja a valorizar cada vez mais o testemunho das pessoas que decidiram seguir Cristo pela prática dos conselhos evangélicos e, ao mesmo tempo, uma ocasião propícia para as pessoas consagradas renovarem o seu compromisso e reacender o fervor que devem inspirar a sua doação ao Senhor.”
Não posso, porém, deixar de lamentar, à luz do primeiro objectivo, o facto de este importante dia se resumir no fim, em algumas Igrejas, a um mero encontro dos religiosos com o próprio bispo (noutras Igrejas nem mesmo isto). Para mim o não valorizar a riqueza que representa os religiosos Igreja local, ou uma errada visão funcionalistica dos religiosos, é um evidente sinal de auto-suficiência dos nossos pastores e agentes pastorais. Muitos, de facto, consideram a vida religiosa uma concorrência na actividade pastoral. Tudo isto é fruto de uma concepção de Igreja ainda centralista, clericalista e jerarquica incapaz de acolher e valorizar a diferença. Em algumas Igrejas que conheço o corporalismo é ainda forte e dá evidentes sinais de querer consolidar ainda mais. 
A esperança é que finalmente a eclesiologia de comunhão que o Concílio Vaticano II inaugurou seja finalmente acolhida nas nossas comunidades locais.  

Sem comentários:

Enviar um comentário

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

Aqui escreves TU