quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Recebei de graça, dai de graça!

Possuir
“Buscai o bem e não o mal, para que vivais, e o Senhor, Deus do universo, estará convosco, como vós dizeis. Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça no tribunal. Talvez, então, o Senhor, Deus do universo, tenha compaixão do resto de José” (Amós 5, 14-15)
Para a Bíblia os bens são expressões da benção divina. Tudo aquilo que existe está sob a benção de Deus: bem-dizer é querer o bem do homem. O povo de Israel, qual destinatário  da Terra Prometida, deve compreender que a Terra é um dom de Deus que deve ser possuída na justiça (não com violência e poder) e na fidelidade ao doador. 
Mas porque, sempre para a Bíblia, o homem é por sua vez chamado a imitar a bondade  divina tornando-se benção para o outro homem, nasce a responsabilidade de uma equa distribuição das riquezas e de um justo uso dos bens. Em síntese, a riqueza é uma benção se é usada para a necessidade do outro, enquanto se transforma em maldição se foge à ordem da justiça, se fecha nos confins egoistícos do eu. 
Por isso os profetas muitas vezes no Antigo Testamento condenam os ricos e defendem os pobres. Nas suas riquezas vêem a causa das injustiças para com os pobres e frágeis porque a fidelidade à aliança com Deus exige o respeito do direito e o exercício da justiça. 
Acumular 
Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar” (Mateus 6, 19-21)
O que pensa Jesus sobre o dinheiro, sobre a riqueza? Como se devemos comportar em relação aos bens deste mundo? O dinheiro não é em si mesmo nem um bem nem um mal, é um instrumento em que em relação ao seu poder sedutor devemos estar atentos porque se transforma facilmente num ídolo ao qual sacrificamos nós mesmos e os outros. Ocorre escolher: qual divindade queremos servir? Deus ou o dinheiro? 
Jesus chama a nossa atenção mostrando-nos quanto é perigoso e enganador colocar no dinheiro a nossa própria esperança. Muitas vezes os homens acreditam ilusoriamente que encontram, acumulando riquezas, liberdade e segurança enquanto na verdade se limitam a viver inquietudes e preocupações. Uma autêntica escravidão! 
Não é certamente um mal viver do fruto do próprio trabalho, pelo contrário, é um dever, diria São Paulo: “quem non quer trabalhar ……...” (2Ts 3, 10). O ensinamento de Jesus consiste em pontualizar o uso do dinheiro e dos bens em geral. Um uso justo, livre de uma excessiva preocupação para o amanhã, ao serviço do bem-estar pessoal e de todos, tendo presente que aquilo que é central para o discípulo é ante de tido Deus e a vinda do seu Reino. 
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A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum. Entre eles não havia ninguém necessitado, pois todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, traziam o produto da venda” (Actos 4, 32.34)
Já no grupo dos discípulos existia uma caixa comum destinada seja às necessidades da comunidade seja aos pobres. 
O modo de gestir os bens narrado por Lucas nos Atos dos Apóstolos indica prática do ensinamento de Jesus da parte da primeira comunidade cristã. 
Não podemos privar-nos dos bens e do uso do dinheiro e, portanto, não é possível não consumir senão se ruína toda a sociedade. Todavia o pensamento de Jesus acerca disto é claro: os bens permanecem um bem quando nos compromete para que sejam justamente distribuído e destinados a todos. Uma voz, a sua, que se escutada podia transformar o mundo e os destinos de muitos, crentes e não crentes.   

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