domingo, 31 de outubro de 2010

Ser homem para ser santo!


Hoje celebramos com alegria a solenidade de todos os santos e a jornada da santificação universal. Sim… universal, porque a santidade não é um apanágio de ninguém mas é uma vocação de todo o crente que procura viver a própria existência dando credibilidade ao homem Jesus. Ser santo é revestir-se do nosso ser profundamente humanos deixando viver no íntimo do nosso ser o divino sopro que nos gerou à vida nova em Cristo e que faz tornar autêntico, apaixonado e cheio de valor o nosso ser homens. 
Encontrar a própria forma de viver esta realidade não é um empresa fácil, tanto mais num tempo e numa sociedade que induz a fugir dos compromissos fortes e duradouros, do aprofundamento sério, da beleza, da lenteza com a qual acontecem as coisas grandes e nos leva a não considerar como possível a realização da nossa natureza humana à imagem e semelhança daquele que é beleza, paz, misericórdia, justiça, como dizia São Francisco de Assis, vivendo como homens e mulheres insatisfeitos, frustrados. 
Ser santo é viver para o Senhor, encarnado no amor pelos outros na procura de relações novas e positivas, carregado do desejo da justiça e de paz construídas através de pequenos e grandes gestos quotidianos sendo fiel a nós mesmos, respeitando a criação. 
Quando penso ao tema da santidade passa-me sempre pela mente uma carta que o grande pastor Bonhoeffer escreve enquanto é em prisão (21 de Julho de 1944). Nesta carta o Bonhoeffer reproduz uma conversa que tivera 13 anos antes nos Estados Unidos da América com um jovem pastor francês. À pergunta recíproca sobre o que desejariam fazer das suas vidas, o pastor francês respondeu: “Gostaria de tornar-me um santo”. Bonhoeffer pensou um pouco e depois respondeu: “Eu gostaria de aprender a crer”. Mais adiante na carta explicita o que queria dizer “aprender a crer”, e escreve: “Mais tarde eu experimentei e experimento até este momento que só vivendo plenamente neste Mundo aprendemos a crer. 
Quando desistimos completamente de fazer algo importante de si mesmo, ou seja, ser um santo ou um pecador convertido ou um eclesiástico, um justo ou um injusto, um doente ou são.
Viver plenamente neste mundo significa viver na plenitude das tarefas, dos problemas, dos sucessos e fracassos, das experiências e perplexidades, assim nos lançamos completamente nos braços de Deus”. 
Eis porque dizer “santo”, no fundo, não é dizer outra coisa senão “profundamente, apaixonadamente, intimamente enamorado de Deus”
       

Para TI toda a minha vida!



Quando 6 anos a trás em Cabanas de Viriato, Viseu, Portugal emetia, com os meus caros companheiros frei Caludino e Laurindo, a profissão dos conselhos evangélicos sabia que era um empenho para toda a vida. E sabia que sozinho não seria capaz de viver nenhum dos votos que livremente fiz a Deus e aos irmãos. A minha força era e continua a ser exactamente: Deus e os irmãos. Seis anos depois continuo com a mesma determinação e alegria e se o tempo voltasse para trás mil vezes, mil vezes renovava o mesmo empenho de vida.
Alías aquele SIM inicial cresceu e tornou-se um SIM ainda mais radical e confiante e tornou-se um SIM para toda a vida. Exactamente porque perpétua devo renová-la todos os dias. Hoje de modo especial pronunciei leteralmente as palavras da formula da minha profissão:  
Tinha iniciado com as mãos nas do Frei Matias, então vice provincial dizendo EU frei Gilson Frede… apresentando -me assim ao Senhor e à comunidade dos frades e dos crentes em Cristo com o meu caminho, com a minha história, a minha família, com os meus defeitos e com os meus dons. Assim como sou!!! 
Depois disse: Movido por inspiração divina a seguir o Evangelho. Riassumindo deste modo a minha vida de fé, do Baptismo à primeira catequese, 
dos grupos de jovens aos ambientes de estudos até à vocação, à chamada que conduziu-me a iniciar um caminho como frei capuchinho com o desejo se ser preparado, com longos anos de estudos, para testemunhar o Evangelho.
Diante dos irmãos e do ministro vice provincial: porque a minha não era uma escolha solitária, mas pública, comunitária, sinal de esperança para a Igreja e interrogativo para a sociedade aparentemente longe do Senhor. 
em obediência, sem nada de próprio e em castidade: procurando portanto de imitar Jesus segundo o estilo da sua vida, resumido nos três votos que a tradição, os padres da Igreja, os monges e os religiosos individuaram como via de particular testemunho e empenho.egno. 
Obediência que significa saber pôr de lado os próprios desejos para acolher quanto a Igreja e a Ordem me pedem.
Pobreza que significa renunciar a qualquer coisa aparentemente certa para abraçar a providência   e saber assistir a totos pobres Lázaros que pedem o essêncial ou até o simples dom da atenção e do tempo para as suas chagas fisicas ou morais. 
Castidade que significa renúncia a afectos exclusivos, a uma família, para descobrir-me livre e amado pela Igreja e pela sociedade, já partecipante daquele cem vezes mais  que o Senhor promete a quem confia nele.
Professo a vida e la regra dos frades menores. 
No meu caminho como religioso nunca deixaram-me sozinho: São Francisco iniciou esta forma de vida, indicando-nos como actuar-la; a reforma Capuchinha com as suas constituções nos precisa as modalidades para ir ao encontro do Senhor.
Entrego-me a esta fraternidade, num percurso comum de santidade, rezando juntos, perdoando-nos, ajudando-nos, dando o nosso testemunho que pode, mesmo hoje, seguir aquele Senhor que continua a chamar.
Enfim confiei-me ao Espirito Santo, a Maria, ao nosso pai S. Francisco, a tutos os santos, à fraterna ajuda não só dos confrades mas de todos os irmãos e irmãs na fé, para estar ao serviço de Deus, da Igreja e dos homens.
Ao serviço: não como pessoas fora do mundo mas como irmãos dispostos a vestir o avental para estar á disposição não somente com palavras.
Esta é a minha promessa para o louvor e a glória da Santíssima Trindade, isto é, de Deus. Esta é a promessa dos irmãos capuchinhos
Ó gloriso pai Francisco, faz que as intenções do dia 31 de Outubro de 2004 sejam hoje e sempre revividas na fedelidade na paz e no bem!

sábado, 30 de outubro de 2010

Quero Ficar em casa Tua


A história de Zaqueu é uma história de olhares... Há o olhar de Zaqueu, que procurava ver quem era Jesus; correu e subiu a um sicómoro para ver Jesus que devia passar por aí. Há o olhar de Jesus que, ao chegar a esse lugar, ergueu os olhos... Há, enfim, o olhar da multidão, que, ao ver tudo isso, recriminava Jesus por ir a casa de um pecador. Três olhares, tão diferentes uns dos outros! Bem o sabemos: o olhar é uma linguagem para lá das palavras. Os nossos olhares falam muito mais do que tantos discursos. As nossas palavras podem mentir, os nossos olhares não. Reparemos no olhar da multidão, em primeiro lugar. Jesus tinha curado um mendigo cego; ao ver isso, a multidão celebrou os louvores de Deus. Ao ver o maravilhoso, a multidão maravilhou-se. E depois, tudo muda de repente. Após a atitude de Jesus para com Zaqueu, a multidão olha Jesus com hostilidade. Versatilidade das multidões, sem dúvida. Mas também versatilidade dos nossos próprios olhares. Basta uma coisita de nada para que o meu olhar sobre aquele que estimava mude, quando percebo que ele não era “bem” aquilo que eu pensava! Em segundo lugar, reparemos no olhar de Zaqueu. Mais do que um olhar de simples curiosidade, é um olhar de desejo. Ele tinha ouvido dizer que este Jesus não falava como os escribas e os fariseus. Além disso, Ele fazia milagres. Não viria Ele da parte de Deus? Então, ele quer ver este rabino que não é como os outros. Mas a sua procura continua tímida. Não ousa avançar demasiado. E eu? Qual é o meu desejo de ver Jesus, de O conhecer? Não sou demasiado tímido quando se trata da minha ligação com Jesus e da minha fé? Finalmente, há o olhar de Jesus, que ergueu os olhos para Zaqueu. Que viu Ele? Um pecador à margem da Lei, banido por todos? Não, Jesus viu um homem rejeitado por todos, um homem habitado por um desejo, talvez não muito explícito, de ser acolhido por Ele próprio. Viu um homem que não tinha ainda compreendido que Deus o amava, apesar dos seus pecados, que Deus o olhava unicamente à luz do seu amor primeiro
e gratuito. Então, Jesus colocou no seu olhar sobre Zaqueu todo este amor que transformou o publicano. E que o salvou!
(www.dehonianos.org)

domingo, 24 de outubro de 2010

Partir o Pão para todos os Povos!

Celebramos hoje em toda a Igreja a Jornada Mundial das Missões “para promover o anuncio do Evangelho no coração de cada pessoa, de cada povo, cultura, raça, nacionalidade”, é este o objectivo que o Papa Bento XVI estabelece para este ano. Mas tal anuncio não é eficaz se quem o propõe não é uma testemunha credível nutrida “pela oração, pela meditação da Palavra de Deus e pelo estudo das verdades da fé” de facto “os homens do nosso tempo, talvez inconscientemente, pedem aos crentes não somente de ‘falar’ de Jesus, mas de ‘fazer ver’ Jesus em cada ângulo da terra diante das gerações do novo milénio e especialmente diante dos jovens de todos os continentes, destinatários privilegiados e sujeitos do anúncio evangélico”.
Nós sabemos hoje que a missão não é uma questão meramente geográfica. Muitas Igrejas que num passado não muito distante doaram com generosidade numerosos missionários a todos os continentes, contam hoje entre os seus membros muitos “filhos da missão”. A missão pode ser definita como uma questão de amor: amor sem medida de Deus Pai que deseja a felicidade dos seus filhos e amor de quem se faz mensageiro e testemunho da paternidade de Deus.
Temos que partir da Missa para a missão. Para os cristãos o sinal distintivo de pertença é o convite à Mesa: um pão que faz memória da vida doada sobre a cruz, um pão que é levado para o altar para ser dividido entre os irmãos, um pão que o crente leva consigo para nutrir aqueles que são privados dele, um pão que combate a fome. Fome do corpo e fome da plenitude de humanidade, de relações fraternas, de amor entre o homem e a mulher, de saber e de cultura, de trabalho e dignidade, de saúde, de alegria de viver.
O pão que levamos ao altar é “fruto do nosso trabalho” e da nossa canseira; o pão que se parte é para repartir: o Corpo do Senhor é distribuído na celebração e na vida. É necessário por isso, que as nossas comunidades reconheçam no gesto eucarístico o fundamento da missão e dêem a um evento muitas vezes tido como um ritual, um cunho de solidariedade e de abertura universal na relação entre as Igrejas que partem o pão para os seu povos e para o mundo inteiro.

sábado, 23 de outubro de 2010

Diante de Deus!



Este fariseu é vilão, nada simpático, olhando apenas os seus méritos, tomando-se por modelo de virtudes! Este publicano, que exemplo de humildade! Não se coloca à frente, baixa os olhos, reconhece-se pecador! Atenção! Não andemos demasiado depressa! O fariseu é um homem profundamente religioso, habitado pela preocupação em obedecer à Lei de Deus. Vai ao Templo para rezar e a sua fé impregna toda a sua vida. Mais ainda, dá à sua fé uma cor de acção de graças. E Jesus não havia dito “aquele que violar um dos mais pequenos preceitos da Lei será tido como o mais pequeno no Reino”? O publicano, ao contrário, é um homem a não frequentar. Fica à distância, porque lhe é proibido entrar no Templo. É um colaborador dos Romanos, contaminado pela impureza dos pagãos. E é um “ladrão profissional”, como Zaqueu! Finalmente, o fariseu tem razão em experimentar um sentimento de desprezo para com este publicano que todo o mundo detesta. O próprio Jesus havia dito: “Se o teu irmão pecar e recusar escutar a comunidade, seja para ti como o pagão e o publicano”. Sabendo isso, como não ficar chocado com a palavra de Jesus: “Quando o publicano voltou a casa, foi ele que se tornou justo e não o fariseu”? Leiamos mais atentamente. O que está no centro da parábola não é o fariseu nem o publicano. É Deus. Deus deu a Lei a Moisés, mas nunca disse que se identificava pura e simplesmente com os preceitos jurídicos. Pelo contrário, com os profetas, não pára de dizer que é um Deus que não faz senão amar o seu povo. É esse traço do rosto de Deus que Jesus veio não somente privilegiar, mas colocar à frente de todos os outros aspectos. O seu nome é Pai. Jesus dirá: “É a misericórdia que eu quero, não os sacrifícios”. Com o fariseu, Deus não tem mais nada a fazer: ele é justo em si mesmo. O publicano, não tendo qualquer mérito a dar, só tem a receber. E justamente Deus quer dar, dar-Se, gratuitamente. Ele pode então “ajustar” o publicano ao seu amor. Finalmente, somos convidados, nós também, a perguntar em que Deus acreditamos. (www.dehonianos.org)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres in unum!

Quem quer ser franciscano deve compreender que o grande ideal é aquele de ser irmão. Para muitos o nosso ideal é belo porque vivemos juntos. Mas não está no viver juntos a beleza do nosso carisma mas no viver juntos como irmãos dados uns aos outros pelo Senhor. Hoje a minha pequena fraternidade viveu um dia muito especial: recebemos a visita do vigário da nossa Ordem, Frei Felice Cangelosi. Se trata de uma visita fraterna em que o nosso irmão nos escutou e nos confortou confirmando-nos na nossa vocação franciscana-capuchinha. Recordou-nos que nós os frades temos não somente uma longa história a contar, mas também e sobretudo a urgência de um testemunho de vida para oferecer. É nossa obrigação procurar transmitir de geração em geração aos homens e mulheres a mensagem franciscana de Paz e Bem. Francisco foi um homem verdadeiramente de paz: procurou viver o Evangelho de Jesus e com o seu exemplo de vida soube mostrar aos seus contemporâneos uma vida em fraternidade que é essencialmente acolhimento do outro como um dom. Ao início do seu caminho pesava até que não precisava de nada para esta missão, nem de casa, nem de coisas. É de Francisco o dito “o nosso claustro é o mundo”. Depois, naturalmente, por motivos contigentes teve que aceitar viver em convento. 
Convento é o termo que indica a casa dos frades e dá a ideia de um caminho mais do que um fixar: “con-venir”: “vir de” para “partir com”. Esta é o nosso grande desafio! Guiados pelo exemplo de Francisco podemos experimentar o inefável alegria da nossa vida fraterna:   "Ecce quam bonum et quam iucundum habitare fratres in unum"  (“Como é belo, como é agradável que os irmãos vivam unidos” (Salmo 132))   

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lucas e o seu Evangelho!

Hoje, 18 de Outubro, se celebra a festa de São Lucas Evangelista que nos acompanhou com o seu Evangelho durante este ano litúrgico que agora se encaminha para o fim. 

Ele é o autor do terceiro Evangelho e dos Actos dos Apóstolos e, segundo a tradição era um médico di Antioquia de Síria. Dos evangelista é o único que não conheceu pessoalmente o Senhor. Era um pagão e foi convertido por São Paulo, do qual se torna companheiro nas viagens de evangelização. Permaneceu com Paulo durante a sua prisão (2Tim 4, 11). 
O seu Evangelho se abre com um prólogo no qual manifesta as caracteristicas e a finalidade do seu trabalho. Escreve o seu Evangelho num tempo em que era já claro que a vinda do Senhor não era eminente. Esta convicção sugere uma maior reflexão sobre a história que continua e concentra a atenção no presente. 
Lucas, sem esquecer a esperança na vinda do Senhor, recorda que o futuro não anula a importância do presente mas a reforça. O Reino se decide e se constroe no hoje. O tempo presente é tempo decisivo, não porque é breve, mas porque é rico de possibilidades de salvação e de testemunho. Apresenta-nos portanto um Evangelho “histórico”: toma em consideração a história do homem concreto e a abre à salvação, antes promessa e ora realizada em Jesus. Ele é o centro do tempo, o hoje eterno de Deus para o mundo. No prólogo do seu Evangelho Lucas apresenta as credenciais de histórico da salvação: fala dos “factos que entre que se consumaram” transmitidos pelas “testemunhas oculares” que se tornaram “servidores da Palavra”.
Através de Maria de Nazaré, o Filho que pertence à mesma realidade de Deus entra no mundo como protagonista de uma autêntica experiência humana. Com Jesus a manifestação de Deus se realiza plenamente como história, para estar debaixo dos olhos de todos os que estão dispostos a acolher os sinais da salvação que se faz presente no meio de nós.
A figura de Jesus que Lucas nos oferece é rica e articulada e apresenta aspectos particulares, como por exemplo a universalidade da mensagem cristã, a predilecção pelos pobres, a misericórdia e o perdão. 

domingo, 17 de outubro de 2010

A Bíblia e o Telefone



13 do 10 do 10. Três números a somar 33 – um número mágico já registado pelos 33 mineiros do Chile. Uma data do calendário que vai ficar para a história: 13 de Outubro de 2010.
Depois de 69 dias – mais noites do que dias – nas profundezas da terra, a mais de 600 metros de profundidade, na mina de San José, no norte do Chile, a humanidade pôde celebrar a vitória da fé e da tecnologia: os 33 mineiros “renasceram” do ventre da Mãe terra. Sãos e salvos. Emocionados e a contagiar-nos a todos com a sua saga.
         Cada um destes 33 homens é uma imagem a reter para a posteridade. Mais uma vez, os mídia puseram-nos o coração a bater a uníssono com o coração de cada um deles. E com os cerca de 17 milhões de chilenos. E com os mais de seis mil milhões de seres humanos que habitam a terra. E com o coração de Deus.
Há marcos inesquecíveis nesta aventura com os mineiros, uma das profissões de maior risco. Destaco a saída do primeiro mineiro. Tocou a sorte (e o risco) a Florêncio Ávalos, que saiu da cápsula Fénix 2, após 16 longos minutos de trajecto. Emocionante foi o abraço a sua esposa Mónica e ao pequeno Byron, seu filho de 8 anos. No Chile, os relógios marcavam a meia-noite e quinze minutos do dia 13 de Outubro de 2010 (mais quatro horas em Portugal).
 Outro marco a fixar, a saída do último mineiro, o 33º, Luís Urzúa, o líder do grupo. Eram as 21h55 do mesmo dia 13 de Outubro.
         Neste apontamento quero deixar registada a saída de dois outros mineiros: Cada um deles, triunfante, empunhava um símbolo diferente e complementar: Omar Reygadas, o mineiro 17º, surgia com a Bíblia na mão; e  Ariel Ticona, o mineiro 32º, apresentava-nos o telefone.
         Estas duas imagens fizeram-me recuar a 4 de Dezembro de 1963. Ao fim da primeira sessão, os Padres do Concílio Vaticano II aprovavam dois emblemáticos documentos: um sobre a Liturgia, o diálogo, a comunicação com Deus, onde é decretado que se abram mais amplamente ao povo os tesouros da Palavra de Deus. Um segundo documento sobre as relações com as pessoas, as comunicações sociais, apresentadas entre as maravilhas do nosso tempo.
         47 anos depois, as mesmas vertentes, com idêntica carga simbólica, como expressão de vida e de luta: a Bíblia e o telefone. A comunhão com Deus, a comuncação com os outros.
         Partiu dos Cristãos da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Chile a iniciativa de fazer chegar a cada mineiro um exemplar da Bíblia em miniatura. Junto a cada uma das Bíblias em miniatura, foi enviada uma lupa para facilitar a leitura.  Foi destacado o Salmo 40:

 «Invoquei o Senhor com toda a confiança;
Ele inclinou-se para mim e ouviu o meu clamor.
 Tirou-me dum poço fatal, dum charco de lodo;
assentou os meus pés sobre a rocha
e deu firmeza aos meus passos.
Ele pôs nos meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus» (Sl 40,2-4)

A Bíblia chegou às mãos dos mineiros no dia 26 de Agosto. Em sintonia com eles, também os seus familiares e amigos liam e meditavam a Palavra de Deus no deserto chileno de Atacama, como esperança de um povo que luta, certeza da presença do Deus Libertador, o Deus do Êxodo e da Ressurreição.
A operação de resgate de Omar Reygadas, de 56 anos, terminou por volta das 13h40. Ele apresentou-se tranquilo e, com a sua Bíblia na mão, ajoelhou-se para agradecer a Deus  o «milagre» da sua salvação. «A chegada da Bíblia deu-me tanta fé que eu sei que vou sair daqui» – confessara Renán Ávalos, o 25º mineiro a ser resgatado.
Mas há mais. Também umas t-shirts com mensagens religiosas e bíblicas tinham chegado ao interior da mina de San José. Assim, Alex Vega, o 10º mineiro a ser resgatado, ao sair da mina, apareceu com a Bíblia na mão e mostrando com orgulho a t-shirt que enverga por cima do traje verde de salvamento. Podemos ler: «Gracias, Señor!». As letras são garrafais. Obrigado, Senhor! Na parte superior há um versículo do Salmo 95:
«Na sua mão estão as profundezas da terra
e pertencem-lhe os cimos das montanhas.» (Sl 95,4)

Por coincidência, na celebração deste Domingo, Paulo escreve ao seu discípulo Timóteo, inculcando-lhe o amor à Palavra de Deus, como caminho de sabedoria e de salvação:
«Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça.» (2 Tm 3, 15-16)

Entretanto, a 2 de Setembro, o Papa Bento XVI tinha enviado a cada mineiro um Terço benzido por ele…

Além da Bíblia, que proporcionou a estes mineiros soterrados o diálogo pessoal com Deus, há um segundo símbolo muito significativo: o telefone.. Foi Ariel Ticona, o penúltimo mineiro a ser resgatado das profundezas da terra, quem se apresentou, triunfante, de telefone na mão. Eram 21h30. Foi aquele o primeiro telefone a ser utilizado pelos mineiros para comunicarem com os técnicos e familiares durante os 69 dias que permaneceram nas entranhas da terra. Ariel era o encarregado das comunicações. Aquele telefone foi o seu instrumento de salvação. «O inferno são os outros» – sentenciou Sartre. Corrigimos: O inferno é a ausência dos outros. E do Outro.
A saga dos mineiros chilenos constitui, entre outras coisas, um hino à fé e à técnica, uma e outra ao serviço da pessoa.
«Gracias, Señor!»
Obrigado, Senhor!
Obrigado, mineiros do Chile!
Santos – SP / Brasil, 17 de Outubro de 2010
frei Acílio Mendes

Veja aqui link para o vídeo no Youtube com Omar Reygadas, saindo da cápsula com a Bíblia na mão: 

sábado, 16 de outubro de 2010

Um Deus que faz justiça!


“É preciso rezar sempre sem se desencorajar”. Jesus tomou o exemplo da viúva que pede obstinadamente que a justiça lhe seja feita, para ilustrar o seu convite e uma oração perseverante, também ela obstinada. Mas poderíamos esperar esta conclusão: “Se vós insistis sem cessar junto de Deus com a vossa oração, então, como o juiz, Ele acabará por ceder e atenderá o vosso pedido”. Mas não! Jesus parece incoerente. Ele diz: “E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa”. É preciso rezar longamente, com perseverança, sem se desencorajar e então Deus escuta-nos depressa, sem tardar! Tudo isso não é muito lógico! Mas que quer Jesus dizer-nos? A palavra-chave é que “Deus faz-nos justiça”. É uma palavra terrivelmente ambígua. A justiça entre os homens é indispensável. Consiste em dar a cada um o que lhe é devido, a reconhecer os deveres e os direitos de cada um. Há leis para dizer quais são esses direitos e deveres, há juízes para aplicar essas leis. Mas a justiça humana é sempre muito limitada e é preciso, muitas vezes, uma longa paciência para que ela seja, ao menos um pouco, aplicada! Com Deus, as coisas não são assim. Deus não é um juiz mais perfeito que os juízes terrestres, a justiça de Deus não é um decalque eterno da justiça humana. Deus veio revelar-nos que Deus é Amor. Desde então, Deus é justo quando a sua acção é “ajustada” ao seu ser, é justo quando ama. O mais alto degrau da justiça é perdoar e fazer misericórdia, porque aí se manifesta em plena luz a verdadeira natureza de Deus, o seu amor totalmente gratuito. É precisamente isso que pedem os “eleitos”, aqueles que compreenderam qual é a justiça de Deus: Ó Deus, dá-me o teu amor, o teu Espírito Santo, para que Ele ajuste o meu coração e toda a minha vida ao teu amor. Perdoa os meus pecados”. Esta oração, Deus atende-a sem tardar, como fez ao bom ladrão: “Hoje, estarás comigo no Paraíso”. Esta oração, posso e devo fazê-la todos os dias, sem me cansar, sem me desencorajar, porque é todos os dias que preciso de ser ajustado ao amor de Deus. (www.dehonianos.org)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ecumenismo espiritual

“Cristo chama todos os seus à unidade” com estas palavras na abertuta da Enciclica Ut unun sint, João Paulo II recordava o empenho da Igreja a que nenhum cristão deve evitar ou sentir-se excluído. Procurando despertar as consciências de muitos cristãos que vivem fechados nas próprias convições e tradições o Santo Padre insistia ainda dizendo: “como poderiam, de facto, recusar-se a fazer todo o possível, com a ajuda, para derrubar muros de divisão e desconfiança, superar obstáculos e preconceitos que impedem o anúncio do Evangelho da salvação através da Cruz de Jesus, o único Redentor do homem, de cada homem?” 
Esta é apenas uma passagem da minha tese sobre o ecumenismo espiritual que hoje, depois de muito tempo de investigação e de trabalho, entreguei na secretaria do Studio Teologico Interdiocesano. Dos muitos aspectos teologicos que muito me ajudaram a crescer como homem, crente em Jesus Cristo, católico e frade capuchinho escolhi fazer a tese sobre o ecumenismo. De facto, estes anos de Teologia fez-me conhecer um pouco da doutrina, dos valores, da história, da espiritualidade e de tantas outras coisas dos nossos irmãos evangelicos e ortodoxos. Isto ajudou-me a perder o complexo de ser católico e aprendi a aceitar e a amar a diferença. 
Naturalmente com a minha tese não tornei-me num entendendor em questões ecumenicas. O meu foi apenas uma tentativa pessoal de introduzir-me no argumento. Terminei a tese porém com a determinação de “fazer tudo que posso para a unidade dos cristãos e deixar ao Senhor aquilo que somente ele pode fazer”. 
Terminei a minha pobre tese com o hino à caridade de São Paulo, como via a seguir para o pleno restabelicimento da unidade visível da única Igreja de Cristo: Una, Santa, Católica e Apostólica.
“Vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros 
A caridade é paciente, a caridade é benigna, não é invejosa;
A caridade não se ufana, não se ensoberbece,
Não é inconveniente, não procura o seu interesse,
Não se irrita, não suspeita mal,
Não se alegra com a justiça, mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade nunca acabará” (1Cor 12, 31. 13, 4-8). 

domingo, 10 de outubro de 2010

A força da Palavra!





Todas as semanas quando chega quinta feira, deixo tudo o que estou a fazer para fazer upload dos meus vídeos de partilha da Palavra de Deus. Carrego-os no YouTube, no Sapo.cv, no Videolog, no Vimeo e às vezes também no Yahoo vídeos depois com o código de incorporação do YouTube carrego-o no meu perfil de hi5, de Facebook, de Windows live, de Orkut e depois ainda mando-o pessoalmente a uma meia dúzia de pessoas que mo pediram. Sempre, depois de carregar os meus vídeos vejo ao lado os vídeos relacionados e ouço sempre com muita atenção aquilo que dizem os outros sobre o mesmo tema. Aprendo sempre muita coisa e constato que este ou aquele sublinhou um aspecto do Evangelho que eu transcurei ou que aquilo que disse está muito próximo do meu discurso. 

Uma média de 300 pessoas seguem semanalmente os meus vídeos e recebo todas as semanas muitos comentários com sugestões, com criticas, perguntas e elogios. A todos procuro responder imediatamente agradecendo o interesse e as palavras de incentivo. Sem fazer caso, vejo-me dentro uma teia de relações humanas e cristãs. Pessoas do outro lado do mundo entram na minha vida e partilha comigo um pouco de caminho e da fé…
Penso que tudo isto é resultado da força da Palavra que, apesar da miséria do semeador, vai encontrando terreno bom onde crescer e produzir. No Sínodo sobre a Palavra de Deus que se realizou em Roma no ano passado, cuja exortação pós- sinodal estamos ainda à espera, os padres sinodais descreviam com uma sugestiva imagem o percurso da Palavra de Deus: “da voz ao rosto, na casa e pelas estradas”.  A “Voz de Deus” atestada na Sagrada Escritura, assume um “Rosto” e uma identidade humana em Jesus de Nazaré. Edifica uma “Casa”, a Igreja, que é convocada e reunida pela Palavra, para depois lançar-se longo as “estradas” do mundo num incessante dinamismo missionário. 
Cada vez que um crente aproxima-se com fé à Palavra é chamado a lançar-se na mesma viagem: ele escuta a Palavra vivente de Deus, que “precede e excede” a Bíblia, permitindo-lhe um encontro pessoal com o Verbo feito carne, Jesus Cristo, que continua a abrir, como aos dois peregrinos de Emaús, o coração do homem para compreender o sentido dos livros de Moisés, dos Salmos e dos Profetas. Este encontro pessoal não é, todavia, solitário: é possível somente na comunidade e cria comunidade dando-a um novo brio no anuncio missionário. 
Eis porque a Palavra de Deus não está encadeada! Ela provoca movimento, cria relações, abre rotas novas, espalanca horizontes, liberta e recria. A palavra de Deus é vida e “ai de mim se não a proclamar”.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A fé que salva!




Todos os pais têm a preocupação em ensinar aos seus filhos “se faz favor” e “obrigado”. Isso faz parte da boa educação. Mas estas duas palavras estão carregadas de um sentido que a criança deve descobrir progressivamente: ninguém consegue sozinho, todos temos necessidade dos outros. Reconhecer que, sozinho, não posso fazer tudo; tenho necessidade de receber, de pedir. E dizendo obrigado aos outros, reconheço que me fizeram bem. Enfim, estas palavras, que parecem tão banais, exprimem a dimensão social do ser humano. A comunidade humana e a comunidade cristã constroem-se através destas relações, destes contactos quotidianos nos quais cada um se reconhece, em todos os sentidos desta palavra. Hoje, Jesus convida-nos a recordar tudo isso na nossa relação com Deus. Os dez leprosos vieram até Ele porque reconheciam n’Ele um mestre, um enviado de Deus. Ousam pedir o que ninguém podia dar naquela época: a cura da lepra. Pedem um favor que ultrapassa as forças humanas. É a Deus que se dirigem através de Jesus. Pedem a Jesus e Ele cura-os. Mas um só vem dizer “obrigado”. Um estrangeiro, um
samaritano. Talvez os outros pensassem que tinham o direito de serem curados por serem judeus... O estrangeiro, esse, reconhece que a sua cura é dom gratuito da bondade de Deus. Volta junto de Jesus para “reconhecer” este dom. Entra numa relação plena com Deus. Veio com a sua pobreza, para pedir; regressa, com a sua gratidão, para reconhecer que Jesus respondeu ao seu pedido. O acto central, fonte e cume da vida cristã, a Eucaristia, significa “acção de graças”. Eis o pedido supremo que podemos dirigir a Deus: que nos dê a sua presença em Jesus ressuscitado e o nosso “obrigado”, o mais perfeito possível que possamos dizer a Deus. Aí, estamos bem no coração da nossa fé e do nosso amor. (www.dehonianos.org)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vida blocada!



No passado dia 29 de Agosto, em pleno verão saiu a notícia que dava conta do desaparecimento misterioso de uma adolescente chamada Sarah Scazzi. Tinha saído de casa com uma mochila e vestida para ir ao mar e devia passar na casa dos tios a 400 metros da sua para encontrar a prima que a acompanhava ao mar. Desapareceu em pouco tempo. A prima que a esperava não a viu chegar e não respondia ao telemóvel. 
No início foram muitas as hipóteses e possibilidades para justificar o desaparecimento. Se pensou até que ela tivesse fugido ou que tivesse sido sequestrada. Este facto foi notícia quase todos os dias e ontem soubemos todos que afinal a pobre Sarah de apenas 15 anos tinha sido morta pelo próprio tio que depois a violou e deitou o cadáver num poço profundo e abandonado. 
Tudo isso seria mais um facto de crónica negra de um país onde todos os dias se ouve casos mais ou menos assim. Mas aquilo que surpreendeu a todos é que o próprio tio homicida, tinha feito declarações publicas mostrando-se preocupado com a situação da sobrinha, proporcionando uma cena de cinema. 
Ontem à noite o tio foi chamado pelos magistrados e depois de 11 horas de interrogatório acabou por confessar o crime. A mãe, naquele momento em que as agências de noticias divulgavam a notícia de que Sarah era morta e que foi o próprio tio a cometer o crime, era em directo na Televisão dando entrevista num programa sobre desaparecimentos misteriosos e foi durante a transmissão que soube do dramático fim da sua filha. A condutora ainda queria que ela falasse e explicasse…. Pior ainda, ela encontrava-se na casa do assassino, seu cunhado, esperando que ele voltasse do interrogatório, enquanto participava ao programa televisivo. Naturalmente esta falta de sensibilidade da jornalista motivou muita polémica e alguma revolta. Eu, que seguia a transmissão, fiquei estupefacto esperando que a jornalista interrompesse a ligação directa que mantinha com a pobre mãe. Mas não a fez até que a situação tornou-se embaraçante: depois de mais de um mês em que a mãe vivia na esperança de reabraçar a própria filha fazendo todo o possível, sabe em directo da televisão que a sua menina já não vivia e que foi um familiar a provocar tudo isto. É caso para dizer: “até o meu amigo intímo, em quem eu confiava e que comia do meu pão até ele se levantou contra mim” (salmo 41) penso porém que Sarah, com o seu belo sorriso, cheios de quem sabe quantos sonhos e esperanças, possa dizer com confiança: “Tu me ajudarás, porque vivo com sinceridade, e me farás viver para sempre na tua presença” (salmo 41). Que assim seja! 
Pobre mãe e pobre Sarah. Que Deus a acolha no seu Reino de paz e de bem e aos familiares dê o conforto e a serenidade. Ao tio o arrependimento e o perdão.
 Veja a transmissão em directa daquilo que descrevi clicando aqui

domingo, 3 de outubro de 2010

Festa de São Francisco!

Em todo o mundo onde vive ou trabalha um franciscano sei que hoje a primeira coisa que fez foi erguer os olhos aos Céus para agradecer a Deus por fazer parte desta imensa multidão de homens e mulheres que desde há 800 anos vivem o grande ideal de Francisco de Assis: viver o Santo Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo, na minoridade, em fraternidade na paz e no bem! 
Somos muitos que na melhor da nossa juventude decidimos deixar-nos seduzir por um ideal que nos faz sentir homens e mulheres livres, servidores do Evangelho. Homens e mulheres incarnados na nossa Igreja e na nossa sociedade procurando ser sal e luz. 
Tenho ainda a certeza que todo o franciscano hoje, depois de agradecer, pediu perdão pelas infedelidades e afastamento de um ideal maior do que nós. Pedir perdão e recomeçar porque um carisma assim belo e jovem deve ser absolutamente transmitida de geração em geração.
Sei que também os franciscanos hoje agradeceram os muitos benfeitores que com a sua generosidade permitem-nos abraçar o mundo numa onda de gratuidade que não tem fim.
O trecho que escutamos na liturgia desta solenidade está entre as páginas mais intensas e profundas do Evangelho: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos.” Segundo Frei Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontificia, o melhor comentário a estas palavras de Jesus é aquilo que diz Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa (1 Cor 1, 26-29).” As palavras de Jesus e de Paulo iluminam de modo singular o mundo de hoje. É uma situação que se repete. Os sábios e os inteligentes mantêm-se longe da fé, às vezes disprezam a multidão dos que acreditam. Devo dizer que nem todos os sábios e inteligentes, segundo a lógica do mundo, nem mesmo a maioria fazem parte desta grupo que descrevi, mas seguramente a parte mais influente, a parte que tem à disposição os microfones mais poderosos e controlam os grandes meios de comunicação social. 
E nós que abraçamos a fé no Filho de Deus e como Francisco de Assis O colocamos no centro da nossa vida devemos ter a coragem de testemunhar a beleza da nossa fé. Não somos estúpidos mas loucos por um Evangelho que liberta e por um ideal que constroe santos. 
Sou feliz de ser cristão. Sou feliz de ser franciscano.
A todos um feliz dia de São Francisco!

Com Francisco de Assis, 
hei-de seguir por uma estrada de ninguém
sonhando a liberdade de todos;
hei de levar os braços cheios de nada,
cantando a esperança de tudo. 

sábado, 2 de outubro de 2010

Servidores do Evangelho!



“Aumenta a nossa fé!” Jesus já tinha ouvido uma súplica semelhante, quando o pai da criança epiléptica lhe havia suplicado: “Vem em ajuda da minha pouca fé!” A resposta de Jesus é surpreendente, até provocadora, sem dúvida: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia”. A sua resposta, na realidade, força-nos a ir para além do imediato e do sensacional. A fé é já um caminho humano. Quando duas pessoas se amam, sabem bem que o seu amor não se pode demonstrar cientificamente. O amor descobre-se como um dom gratuito, mas constrói-se na confiança. Posso dizer àquele, àquela que amo: “Eu sei que te amo”, porque sei o que vibra dentro de mim. Mas ao mesmo tempo não posso dizer-lhe: “Creio que tu me amas”, porque não estou na pele do outro. O amor implica, pois, um salto num certo desconhecido que, no plano das relações humanas, pode, sem dúvida, apoiar-se nas provas “tangíveis”, mas que são fracas. Quando se trata da nossa relação com Deus, a fé é, sem dúvida, mais difícil, porque não tem, ou tem muito pouco, suporte “afectivo”. Mas o “princípio”, finalmente, é o mesmo. Sou convidado a ter confiança na Palavra de Deus, que se exprimiu plenamente em Jesus e que foi transmitida pelos seus primeiros discípulos. Jesus dá- lhes como missão serem suas testemunhas autorizadas. Posso, sem dúvida, pôr em causa o seu testemunho, não aderir a ele, exigindo provas convincentes. Mas posso igualmente comprometer-se noutro caminho, aquele da relação amorosa com Jesus. A fé só se pode viver numa relação de amor que nos faz ver para lá das aparências, porque os homens vêem com os olhos, mas Deus vê com o coração. Sim, Jesus, aumenta em mim a fé, para que eu possa amar-Te sempre cada vez mais. (www.dehonianos.org)

Quero ser Amor!

Os Santos nos surpreendem! Num periodo em que os homens da Igreja se destroem uns aos outros em busca de poder  e prestigio (a afirmação é forte mas não é minha mas é do Santo Padre que no entanto partilho na íntegra) eis que, graças a Deus, nos sãos apresentado logo ao início deste mês de Outubro, mês das missões, duas figuras incontornáveis da santidade cristã: Teresa de Menino Jesus e Francisco de Assis.  Eu há muito tempo deixei de imaginar os santos como pessoas celestes, distantes e distraídas da nossa realidade. Para ser verdadeiro desde quando conheci Francisco de Assis os santos tornaram-se para mim uns amigos que me inspiram constantemente nesta luta titânica para ser sal da terra e luz do mundo
Santa Teresa de Menino Jesus que passou toda a vida fechada num Mosteiro foi declarada padroeira das Missões e Doutora da Igreja. De facto sempre quis ser missionária e não cessava de rezar por aqueles pelo mundo anunciavam a Boa Notícia. Desmente categoricamente aqueles que pensam que a vida religiosa é fuga do mundo e da história. Embora sem sair do Mosteiro o seu coração era aberto ao mundo. Teresinha viveu intensamente a sua vocação por isso é Doutora da Igreja. Ensina-nos a trilhar os nossos dias na humildade. Aquela humildade que tanta falta faz hoje à nossa Igreja e à nossa sociedade. A única ganância desta pobre senhora era ser na Igreja o Amor. “Compreendi que a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o membro mais nobre e mais necessário. Compreendi que a Igreja tinha um coração, e que este coração ardia de amor. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja agirem, que se o amor viesse a se apagar, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires se recusariam a derramar seu sangue…” Compreendeu tudo! De facto todo o nosso frenesim para ocupar lugares de prestigio e poder, para recebermos vénias e considerações nada são porque vazio de amor. Devíamos aprender desta Santa tanto actual. 
A outra grande figura de santidade é Francisco de Assis, pai e fundador da nossa fraternidade, irmão universal. Este jovem viveu também ele, como nós, num período difícil da história da Igreja e enquanto outros procuravam a frescura do Evangelho abandonando a Igreja Francisco a encontra continuando fiel ao Evangelho que se torna Regra de vida e, fiel ao magistério da Igreja ao qual se submete.  
Estes dois santos fazem-nos entender que a beleza de ser discípulo do Senhor está na caridade e na humildade e não nas lutas de cadeira. O amor e a humildade são virtudes de todo o cristão autentico e não somente destes dois gigantes da santidade. 

Atualidade

O carinho do Papa Francisco que irrita muitos padres

É uma coisa maravilhosa mas, por exemplo, também João Paulo II foi à cadeia encontrar o seu assassino Ali Agca. Mas desta vez, aposto, ...

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