Padre Pier Aldo: 40 ANOS DO SACERDÓCIO (1970-2010)



Recebi esta manhã esta bela mensagem/testemunho do meu caríssimo frei Pier Aldo, capuchinho e missionário em Cabo Verde desde 1990. Enquanto com ele agradeço a Deus pelas graças que lhe dispensou durante estes anos de padre e irmão também agradeço-lhe pelo seu trabalho, amizade, simpatia para com o nosso povo e a nossa Igreja e agradeço pela sua vida doada para a causa do Evangelho. Eis a mensagem do Frei Pier Aldo:


Louvarei para sempre o nome do Senhor com um imenso obrigado a Deus

Era por volta das 4 horas da tarde do Domingo 30 de Agosto de 1970, na Igreja paroquial da cidade de Busca (Itália) quando iniciei a minha caminhada sacerdotal. Já passaram 40 anos do meu pequeno e pobre serviço presbiteral, e sempre com a mesma alegria e emoção da primeira hora vou cantando ao Senhor a minha acção de graças, porque Ele olhou para o trabalhador da sua vinha e me acompanhou nesta longa viagem com imensa bondade e paciência. Foram anos inteiramente trabalhados pela graça de Deus que seguiu os meus passos, ora rápidos, ora lentos, ora seguros, ora incertos, ora luminosos e ora obscuros, mas sempre sabendo em quem pus a minha confiança. Tinha 24 anos quando fui ordenado padre; aquela idade era uma explosão de juventude, de optimismo, de projectos e sonhos. O Senhor me ajudou a compreender ao longo dos anos o sentido da vida e o valor da missão grande que Ele me confiava; missão não fácil, nem cómoda, mas entusiasmante e exigente. Conheci por etapas o caminho a percorrer e aprendi a viver e a amar Quem me chamou, compartilhando alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos irmãos que encruzilhei no caminho da vida. 
Os meus primeiros anos sacerdotais foram serenos e cheios de entusiasmo. A minha primeira experiência sacerdotal foi vivida em Roma, dedicado aos estudos e à pastoral juvenil. Foram anos que marcaram profundamente o meu sacerdócio, porque viver em Roma era como o respirar de pulmões cheios a catolicidade da Igreja em contacto com as multidões peregrinas na cidade eterna e bem de perto da presença do Papa. Vivi quase 10 anos embebido desta espiritualidade eclesial que me ajudou muito também nos meus trabalhos de animação pastoral e na percepção da beleza e da universalidade da Igreja.
A segunda experiência significativa da minha vida sacerdotal foi o serviço prestado à paróquia de Nossa Senhora de Loreto em Chivasso como pároco. Foram quase 10 anos de apaixonado trabalho pastoral em directo contacto com os pobres, com os problemas morais e espirituais da gente, empenhado no campo da evangelização, aberto a todos, lançando sementes do Reino de Deus. Corriam os anos Oitenta, anos difíceis para um trabalho eficaz, a causa da dispersão cristã, da fuga da Igreja, do materialismo difuso. Aprendi a trabalhar sempre no ambiente da paróquia, assimilando um pouco as atitudes que foram de Jesus, o Bom Pastor das ovelhas, de paciência, de compaixão, de comunhão e de compartilha. Toda essa experiência pastoral foi fundamental e preciosa para sentir no coração a preocupação e a ânsia de Jesus que diz: tenho outras ovelhas e também daquelas devo cuidar. Era o desabrochar da vocação missionária que desde criança se ia interrogando na minha vida e que encontrou a sua realização nestes 20 anos da minha permanência em Cabo Verde, como irmão capuchinho e sacerdote, ao serviço da Igreja e da sociedade cabo-verdiana. Foi mais uma chamada que o Senhor me fez para dilatar a vida e o coração, às dimensões do mundo, vivendo mais próximo dos pobres e disponibilizando as energias que o Senhor me deu para a sua glória e para a construção do Seu Reino na terra. Esta experiência foi e é vital para a minha existência de homem consagrado ao serviço de Deus e dos irmãos.
Nunca acabarei de agradecer a Deus por esta oportunidade que a Providência divina me ofereceu e que considero um imenso e precioso Dom de Deus.
Ao entrar em Cabo Verde no ano de 1990 eu recebi uma graça especial: o Dom de anunciar Jesus aos pobres e pequenos, de compartilhar com os pobres os bens da vida, da amizade, da comunhão e da fé; crescer e participar de perto no desenvolvimento de uma comunidade extraordinariamente rica em humanidade que aspira encontrar sempre melhor qualidade de vida; estes foram as maravilhas, as surpresas, os compromissos, as canseiras e as esperanças que acompanharam até agora o meu percurso de homem, de missionário, de sacerdote e de amigo desta querida terra que é Cabo Verde.
Convido todos os amigos, toda a gente que tive a graça de encontrar pelas estradas da vida, na Itália e em Cabo Verde a levantar os braços comigo para darmos glória ao Senhor e para continuarmos com a mesma paixão o caminho do Evangelho que é o caminho de Paz, de vida, do Amor, no meio dos pobres. Obrigado Senhor!
Louvarei para sempre o nome do Senhor
Porto Novo, 29 de Agosto de 2010         Padre Pier Aldo Delfino

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