Louvado Sejas com todas as tuas criaturas!


Nós Te louvamos, Pai Santo, 
pelo SOL ao fim da tarde
reacendendo a tua imagem 
na lareira que em nós arde. 

Nós Te louvamos pela NEVE
que alimenta os altos montes   
e Te cantamos pela CHUVA
que dá de beber às fontes.

Nós Te louvamos pelo VENTO 
que Te aplaude nas giestas 
e Te adora com as nuvens 
e Te grita nas florestas. 


Nós Te louvamos pelo FOGO 
que tempera e alumia, 
cura, aquece e purifica 
as noites do nosso dia.

Nós Te louvamos pelos RIOS
que, descendo pela serra,
vão cantando nas quebradas
e regando a nossa terra.

Nós Te louvamos pela BRISA
que abre o espírito da gente 
e prepara para a escuta
da Palavra e do Silêncio

Nós Te louvamos pelas FLORES
variadas do canteiro,
que nos fazem conhecer-Te
Bom e Belo e Verdadeiro.

Nós Te louvamos pelos FRUTOS
selo doce de ternura com que vais 
autenticando tua imagem na criatura. 

Nós Te louvamos pelos MARES
abraçando os Continentes, 
fecundando e preservando mil 
tesouros tão diferentes. 

Nós Te louvamos, Pai Santo, 
por Ti mesmo e pelo mundo, 
pela PAZ e pela VIDA
pelo teu AMOR fecundo.
             (Frei Lopes Morgado)
                 

Tanto o Antigo como o Novo Testamento sublinham a estreita relação entre a paz e a justiça colocado em relevo pelo profeta Isaías: “A paz será obra da justiça, e o fruto da justiça será a tranquilidade e a segurança para sempre” (Is 32,17).
Na prospectiva bíblica, a abundância dos dons da terra oferecidos pelo Criador funda a possibilidade de uma vida social caracterizada por uma justa distribuição dos bens. É a lógica do maná: “não sobejava a quem tinha muito nem faltava a quem tinha pouco” (Ex 16,18). 
Bento XVI falou várias vezes de quantos obstáculos encontram hoje para terem acesso aos recursos ambientais, inclusive  aqueles fundamentais como a água, a comida e as fontes de energia. Muitas vezes, de facto, o ambiente é submetido a uma exploração intensa o que provoca situações de degradação, que põe em risco a habitabilidade da terra para a geração presente e pior ainda para a futura. Paz, justiça e preservação da terra crescem apenas unidas e a ameaça de uma delas se reflecte também nas outras: “O livro da natureza é uno e indivisível, tanto sobre a vertente do ambiente como sobre a vertente da vida, da sexualidade, do matrimónio, da família, das relações sociais, numa palavra, do desenvolvimento humano integral” (Caritas in eritate, nº 51). Trata-se de um grande empenho que toca as grandes escolhas políticas e as orientações económicas, mas que comporta também uma dimensão mural: orientar-se para estilos de vida pessoal e comunitário mais sóbrio, evitando o superficial. 
Tal empenho pessoal e comunitário pela justiça ambiental encontrará consistência- como sublinha o Papa- contemplando a beleza da criação, espaço onde podemos acolher Deus que cuida de nós. São Francisco soube exactamente acolher a beleza das criaturas chamando-as de irmãs.
Somos, portanto, convidados a olhar com amor à variedade da criação, descobrindo nelas o dom do Criador que nelas manifesta um pouco de si. Esta espiritualidade da criação pode ser alimentada a partir da celebração eucarística, na qual damos graças a Deus por aqueles frutos da terra que na Eucaristia se transformam para nós Pão da vida e bebida da salvação.  
(Fr. Gilson Frede)

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