terça-feira, 31 de agosto de 2010

Louvado Sejas com todas as tuas criaturas!


Nós Te louvamos, Pai Santo, 
pelo SOL ao fim da tarde
reacendendo a tua imagem 
na lareira que em nós arde. 

Nós Te louvamos pela NEVE
que alimenta os altos montes   
e Te cantamos pela CHUVA
que dá de beber às fontes.

Nós Te louvamos pelo VENTO 
que Te aplaude nas giestas 
e Te adora com as nuvens 
e Te grita nas florestas. 


Nós Te louvamos pelo FOGO 
que tempera e alumia, 
cura, aquece e purifica 
as noites do nosso dia.

Nós Te louvamos pelos RIOS
que, descendo pela serra,
vão cantando nas quebradas
e regando a nossa terra.

Nós Te louvamos pela BRISA
que abre o espírito da gente 
e prepara para a escuta
da Palavra e do Silêncio

Nós Te louvamos pelas FLORES
variadas do canteiro,
que nos fazem conhecer-Te
Bom e Belo e Verdadeiro.

Nós Te louvamos pelos FRUTOS
selo doce de ternura com que vais 
autenticando tua imagem na criatura. 

Nós Te louvamos pelos MARES
abraçando os Continentes, 
fecundando e preservando mil 
tesouros tão diferentes. 

Nós Te louvamos, Pai Santo, 
por Ti mesmo e pelo mundo, 
pela PAZ e pela VIDA
pelo teu AMOR fecundo.
             (Frei Lopes Morgado)
                 

Tanto o Antigo como o Novo Testamento sublinham a estreita relação entre a paz e a justiça colocado em relevo pelo profeta Isaías: “A paz será obra da justiça, e o fruto da justiça será a tranquilidade e a segurança para sempre” (Is 32,17).
Na prospectiva bíblica, a abundância dos dons da terra oferecidos pelo Criador funda a possibilidade de uma vida social caracterizada por uma justa distribuição dos bens. É a lógica do maná: “não sobejava a quem tinha muito nem faltava a quem tinha pouco” (Ex 16,18). 
Bento XVI falou várias vezes de quantos obstáculos encontram hoje para terem acesso aos recursos ambientais, inclusive  aqueles fundamentais como a água, a comida e as fontes de energia. Muitas vezes, de facto, o ambiente é submetido a uma exploração intensa o que provoca situações de degradação, que põe em risco a habitabilidade da terra para a geração presente e pior ainda para a futura. Paz, justiça e preservação da terra crescem apenas unidas e a ameaça de uma delas se reflecte também nas outras: “O livro da natureza é uno e indivisível, tanto sobre a vertente do ambiente como sobre a vertente da vida, da sexualidade, do matrimónio, da família, das relações sociais, numa palavra, do desenvolvimento humano integral” (Caritas in eritate, nº 51). Trata-se de um grande empenho que toca as grandes escolhas políticas e as orientações económicas, mas que comporta também uma dimensão mural: orientar-se para estilos de vida pessoal e comunitário mais sóbrio, evitando o superficial. 
Tal empenho pessoal e comunitário pela justiça ambiental encontrará consistência- como sublinha o Papa- contemplando a beleza da criação, espaço onde podemos acolher Deus que cuida de nós. São Francisco soube exactamente acolher a beleza das criaturas chamando-as de irmãs.
Somos, portanto, convidados a olhar com amor à variedade da criação, descobrindo nelas o dom do Criador que nelas manifesta um pouco de si. Esta espiritualidade da criação pode ser alimentada a partir da celebração eucarística, na qual damos graças a Deus por aqueles frutos da terra que na Eucaristia se transformam para nós Pão da vida e bebida da salvação.  
(Fr. Gilson Frede)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Padre Pier Aldo: 40 ANOS DO SACERDÓCIO (1970-2010)



Recebi esta manhã esta bela mensagem/testemunho do meu caríssimo frei Pier Aldo, capuchinho e missionário em Cabo Verde desde 1990. Enquanto com ele agradeço a Deus pelas graças que lhe dispensou durante estes anos de padre e irmão também agradeço-lhe pelo seu trabalho, amizade, simpatia para com o nosso povo e a nossa Igreja e agradeço pela sua vida doada para a causa do Evangelho. Eis a mensagem do Frei Pier Aldo:


Louvarei para sempre o nome do Senhor com um imenso obrigado a Deus

Era por volta das 4 horas da tarde do Domingo 30 de Agosto de 1970, na Igreja paroquial da cidade de Busca (Itália) quando iniciei a minha caminhada sacerdotal. Já passaram 40 anos do meu pequeno e pobre serviço presbiteral, e sempre com a mesma alegria e emoção da primeira hora vou cantando ao Senhor a minha acção de graças, porque Ele olhou para o trabalhador da sua vinha e me acompanhou nesta longa viagem com imensa bondade e paciência. Foram anos inteiramente trabalhados pela graça de Deus que seguiu os meus passos, ora rápidos, ora lentos, ora seguros, ora incertos, ora luminosos e ora obscuros, mas sempre sabendo em quem pus a minha confiança. Tinha 24 anos quando fui ordenado padre; aquela idade era uma explosão de juventude, de optimismo, de projectos e sonhos. O Senhor me ajudou a compreender ao longo dos anos o sentido da vida e o valor da missão grande que Ele me confiava; missão não fácil, nem cómoda, mas entusiasmante e exigente. Conheci por etapas o caminho a percorrer e aprendi a viver e a amar Quem me chamou, compartilhando alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos irmãos que encruzilhei no caminho da vida. 
Os meus primeiros anos sacerdotais foram serenos e cheios de entusiasmo. A minha primeira experiência sacerdotal foi vivida em Roma, dedicado aos estudos e à pastoral juvenil. Foram anos que marcaram profundamente o meu sacerdócio, porque viver em Roma era como o respirar de pulmões cheios a catolicidade da Igreja em contacto com as multidões peregrinas na cidade eterna e bem de perto da presença do Papa. Vivi quase 10 anos embebido desta espiritualidade eclesial que me ajudou muito também nos meus trabalhos de animação pastoral e na percepção da beleza e da universalidade da Igreja.
A segunda experiência significativa da minha vida sacerdotal foi o serviço prestado à paróquia de Nossa Senhora de Loreto em Chivasso como pároco. Foram quase 10 anos de apaixonado trabalho pastoral em directo contacto com os pobres, com os problemas morais e espirituais da gente, empenhado no campo da evangelização, aberto a todos, lançando sementes do Reino de Deus. Corriam os anos Oitenta, anos difíceis para um trabalho eficaz, a causa da dispersão cristã, da fuga da Igreja, do materialismo difuso. Aprendi a trabalhar sempre no ambiente da paróquia, assimilando um pouco as atitudes que foram de Jesus, o Bom Pastor das ovelhas, de paciência, de compaixão, de comunhão e de compartilha. Toda essa experiência pastoral foi fundamental e preciosa para sentir no coração a preocupação e a ânsia de Jesus que diz: tenho outras ovelhas e também daquelas devo cuidar. Era o desabrochar da vocação missionária que desde criança se ia interrogando na minha vida e que encontrou a sua realização nestes 20 anos da minha permanência em Cabo Verde, como irmão capuchinho e sacerdote, ao serviço da Igreja e da sociedade cabo-verdiana. Foi mais uma chamada que o Senhor me fez para dilatar a vida e o coração, às dimensões do mundo, vivendo mais próximo dos pobres e disponibilizando as energias que o Senhor me deu para a sua glória e para a construção do Seu Reino na terra. Esta experiência foi e é vital para a minha existência de homem consagrado ao serviço de Deus e dos irmãos.
Nunca acabarei de agradecer a Deus por esta oportunidade que a Providência divina me ofereceu e que considero um imenso e precioso Dom de Deus.
Ao entrar em Cabo Verde no ano de 1990 eu recebi uma graça especial: o Dom de anunciar Jesus aos pobres e pequenos, de compartilhar com os pobres os bens da vida, da amizade, da comunhão e da fé; crescer e participar de perto no desenvolvimento de uma comunidade extraordinariamente rica em humanidade que aspira encontrar sempre melhor qualidade de vida; estes foram as maravilhas, as surpresas, os compromissos, as canseiras e as esperanças que acompanharam até agora o meu percurso de homem, de missionário, de sacerdote e de amigo desta querida terra que é Cabo Verde.
Convido todos os amigos, toda a gente que tive a graça de encontrar pelas estradas da vida, na Itália e em Cabo Verde a levantar os braços comigo para darmos glória ao Senhor e para continuarmos com a mesma paixão o caminho do Evangelho que é o caminho de Paz, de vida, do Amor, no meio dos pobres. Obrigado Senhor!
Louvarei para sempre o nome do Senhor
Porto Novo, 29 de Agosto de 2010         Padre Pier Aldo Delfino

domingo, 29 de agosto de 2010

A missa é uma Festa!

"A Missa é uma festa muito alegre, a Missa é uma festa que dá luz!" Recordo muito bem deste refrão de uma bonita canção que se cantava na minha Paróquia natal quando ainda era adolescente. Efectivamente para mim e para os meus pares a Missa dominical na nossa Paróquia era uma festa muito participada e muito animada. Depois Domingo era uma ocasião para encontrarmos, num ambiente diferente que não a escola, os amigos e porque não as belas raparigas de quem éramos apaixonados ou enamorados. 
Para mim era o dia em que se realizava também o encontro da JuFra que era sempre um prazer.  Enfim.... a Missa e o Domingo eram uma festa muito alegre e efectivamente eram uma festa que dava luz para toda a semana que se seguia feita de estudos e de relativo stress.
Naturalmente cresci e tornei-me um jovem adulto e responsável da minha fé. A Missa continuou e continua sendo uma festa muito alegre e que me dá luz e me dá à Luz. Hoje, posso juntar a minha voz àquele grupo de cristãos que no ano 304 em Abitinia, actual Tunísia, surpreendidos na celebração eucarística dominical, que estava proibida, foram conduzidos ante o juiz, que lhe perguntou por que, no Domingo, haviam celebrado a função religiosa cristã, sabendo que isso implicava castigo de morte e eles responderam: «Sine dominico non possumus!» Sem o domingo do Senhor, sem o Dia do Senhor não podemos viver. 
Numa sua homilia pronunciada na catedral de Santo Estevão de Viena, Áustria, em 2007 o Papa Bento XVI, explicou que o Domingo não é um “preceito”, mas “uma necessidade interior.” 
«Também nós temos necessidade do contacto com o Ressuscitado, que nos apoia até depois da morte. Temos necessidade deste encontro que nos reúne, que nos dá um espaço de liberdade, que nos permite olhar mais além do activismo da vida quotidiana para contemplar o amor criador de Deus, do qual procedemos e para o qual estamos a caminho». 
Passaram os anos da minha adolescência e da minha primeira juventude e agora que, com gratidão e, fortalecido por este contacto que o Domingo e a Missa nos proporciona, preparo para desta festa ser aquele que preside e que serve devo absolutamente agradecer o Senhor que não cessa de ser aquele dono de casa que convida para o seu banquete todos nós pobres e humildes que não temos como retribuir-lhe a não ser oferecer-lhe as nossas mãos e a nossa vida para continuar a santificar o Pão e o Vinho, fruto da terra, da videira e do nosso labor mas sempre dom absoluto da sua bondade, para que a festa com ele e com os irmãos seja eterna na Paz e no Bem. 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diante de Deus e dos homens!




Há muitos “manuais de boas maneiras” para saber como organizar uma festa, uma recepção, para que cada convidado se encontre à vontade à mesa, não se sinta ferido na sua honra – ou na sua vaidade! Hoje, Jesus dá-nos indicações de protocolo:
“Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar”. Jesus não quer que soframos uma humilhação! Não vai longe o tempo em que, na Igreja, se dizia: “Para crescer em humildade, é preciso suportar humilhações!” Mas suportar humilhações leva geralmente a ser humilhado, mas não a se tornar humilde! Ora Jesus, precisamente, não quer que sejamos humilhados. Deseja mesmo que sejamos honrados. Ele veio para que cada um ganhe de novo a sua verdadeira dignidade, volte a manter-se de pé. Mas, evidentemente, Jesus não se contenta em nos ensinar como nos comportarmos em sociedade. Ele convida-nos, na realidade, a um exercício de lucidez sobre nós próprios. Todos desejamos dar de nós mesmos uma imagem positiva, valorizante. Mas o que os outros percebem de mim não corresponde necessariamente ao que gostaria que eles vissem. E eu próprio vejo os outros a partir das minhas próprias impressões e sentimentos. Então, seguindo o meu temperamento, terei, por exemplo, um complexo de inferioridade, pensando ser um eterno compreendido. Desvalorizar- me-ei aos meus próprios olhos. Sentir-me-ei mal na própria pele. Ou terei um complexo de superioridade, seguro do meu valor. Procurarei mostrar-me, fazer-me ver, ocupar os primeiros lugares, com o risco de esmagar os outros e humilhá-los. Isso é da psicologia elementar? Mas Jesus sabe bem que a psicologia é importante. Somente, vai mais longe. Convida-nos a juntarmo-nos ao olhar de Deus sobre nós, sobre os outros. Só Ele é capaz de amar cada ser humano como ele é, porque só Ele nos olha unicamente e sempre à luz do seu amor. Colocarmo-nos nesta luz é ainda a melhor maneira de nos amarmos humildemente a nós mesmos para amar os outros em verdade. (www.dehonianos.org)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Senhor me deu irmãos!


Já se sabe que entre os jovens de todos os tempos e Francisco de Assis existe um feeling
especial e assim muitos se deixam fascinar pelo Santo de Assis. É raro encontrar um jovem que não tenha ouvido falar dele. Muitos porém não se deixam ficar pela curiosidade mas decidem de viver o Evangelho à maneira de Francisco. É o caso concreto da Juventude Franciscana. Outros tantos jovens ainda, na melhor da sua juventude, decidem com generosidade de se consagrar numa das Ordens Franciscanas ou Congregações da Familia Franciscana.
Foi exactamente isto que aconteceu com três jovens no Domingo passado. Flávio, Odair e Inelson acolheram o convite do mestre e decidiram abraçar o ideal evangélico na Ordem dos Capuchinhos. Estes jovens, como Francisco despiram-se de velhas ilusões para vestirem com o santo Hábito capuchinho que é evocação da simplicidade, minoridade e pobreza. Vestiram-se do Hábito que é da cora da irmã terra e tem a forma da cruz, para nos recordar que é em Cristo morto e resuscitado que está toda a nossa glória.
A estes neo-capuchinhos, meus amigos já de longa data (com o Frei Flávio estudamos no mesmo liceu na nossa cidade de S. Filipe no Fogo), mandei esta mensagem que agora partilho com todos:

“O Senhor me deu irmãos” assim rejubilava Francisco de Assis diante da primavera de irmãos que, na alegria, abraçavam o ideal evangélico. Assim, hoje, com o mesmo sentimento de gratidão a nossa fraternidade vos acolhe e, enquanto vos comprometeis a viver o Evangelho na pobreza, na obediência e na castidade, nós nos comprometemos a acompanhar-vos na vossa caminhada para que juntos sejamos fiéis até ao fim. Sim, caríssimos, porque este é um projecto que apesar de comprometer-vos pessoalmente não é individual. Este é um projecto fraterno. Portanto, não tenhais medo de ser autênticos irmãos menores capazes de criar relações novas e sinceras.
Caríssimos, sinto-me orgulhoso de vós e do vosso caminho e outra coisa não podia desejar-vos senão muitas felicidades e que o sim que hoje pronunciais com generosidade e alegria se renove todos os dias até o sim definitivo no seio do Pai. Parabéns!!! Estamos unidos na mesma alegria e no mesmo sim!

Vosso irmão: Frei Gilson Frede

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pensar a própria salvação!



Eis uma questão que fez correr muita tinta ao longo da história da Igreja: “Senhor, são poucos os que se salvam?” Uma corrente como o jansenismo – que não é só do passado! – acreditava no pequeno número dos eleitos. Poderíamos encontrar sem dificuldade outros exemplos desta tentação. Sem dúvida, outras palavras de Jesus parecem ir no mesmo sentido: as que falam do largo e espaçoso caminho que leva à perdição, em que muitos se comprometem; as que falam da porta estreita que leva à Vida, em que poucos a encontram. Mas, em contraponto, Jesus declarou aos seus apóstolos: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”. Notemos, primeiro, que São Lucas escreve o seu Evangelho quando os cristãos são já perseguidos e as tensões se tornam cada vez mais vivas entre as comunidades cristãs e o judaísmo. A ruptura não está longe de ser dolorosamente consumada. O evangelista recorda-se aqui de um aspecto em que Jesus quer despertar a atenção dos seus compatriotas. Abraão, Isaac e Jacob e todos os profetas souberam escutar a palavra de Deus. Os seus longínquos descendentes fecham-se à palavra de Deus. Jesus não responde à questão do seu ouvinte sobre o número dos eleitos. Mas alarga o debate. É preciso dar um salto na fé para O escutar, ter n’Ele confiança. Isto, certamente, não é fácil, porque o caminho que Jesus deverá percorrer vai conduzi-l’O à cruz e os seus discípulos deverão tomar, por seu vez, esse caminho para ter lugar no festim do reino de Deus. Jesus vê, então, a multidão dos pagãos que acolherão a sua palavra, que virão “do oriente e do ocidente, do norte e do sul”. A sua mensagem ultrapassa todas as fronteiras, a salvação não é reservada apenas a um só povo, mesmo sendo o da primeira Aliança. “Os primeiros que serão os últimos” são os contemporâneos de Jesus que recusam escutá-l’O. “Os últimos que serão os primeiros” são o povo da
Nova Aliança selada no seu sangue. Então, a palavra de Jesus atinge-nos, ainda hoje. Não tenhamos a pretensão de acreditar que, por sermos cristãos, teremos “direito” à salvação. Jesus é o Salvador de todos os homens. Haverá muitas surpresas “do outro lado”! (www.dehonianos.org)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O teu Rosto Senhor eu procuro!

Se por absurda hipótese Deus quisesse inscrever-se no Facebook, Hi5 ou Orkut, para poder ser nosso “amigo” qual seria a foto que colocaria no seu perfil?
Se entrarmos nestas “redes sociais”, que vai muito de moda hoje em dia, encontrámos milhares de grupos que trazem o nome de Deus (por amor ou por desprezo). Cada um traz uma imagem ou um símbolo que acredita falar de Deus. Interessante é que encontrei um perfil que não encontrou melhor solução para a foto do perfil que uma moldura vazia.
De todas as imagens de Deus que a arte soube exprimir o vazio é seguramente a formula mais ambígua de todas. Se de um lado mostra a grande insuficiência da criatura em exprimir o divino., do outro lado pode dar origem a um sentido de impossibilidade de relacionar-se com Deus. O inacessível pode tornar-se o inexistente.
Mas Deus tem ou não um rosto? Procurar o Rosto de Deus é o grande desejo do homem. De facto, o homem é um ser aberto ao infinito e a necessidade do absoluto faz parte da sua estrutura. A procura do rosto de Deus, porém, pode assumir contornos ambiguos, vagos e confusos. Pode conduzir não à descoberta do verdadeiro Rosto de Deus mas a uma caricatura. Onde encontrar então o Rosto de Deus? Um rosto que não seja projecção dos rostos humanos.
“A Deus jamais ninguém o viu. O Filho unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer”. O Deus “escondido” assumiu um Rosto de carne, um Rosto humano: Jesus Cristo. Ele retirou, por assim dizer, a máscara do Rosto de Deus e tornou acessível ao homem a sua absoluta verdade, bondade e beleza. Em Cristo, Deus é um Tu com quem podemos entrar em relação de amizade e de comunhão.
A encarnação, porém, baralhou as categorias habituais com que os homens pensavam o divino. De facto, Deus entrou em comunicação com os homens abaixando si mesmo, entrando humildemente na história com a vida de Jesus de Nazaré que culmina com o evento “escandaloso da cruz”.
Proprio essa morte, na sua desconcertante brutalidade, manifestou uma imagem de Deus absolutamente inédita, inconcebível para a mentalidade religiosa do tempo e, talvez, ainda hoje. Sobre a Cruz Deus se revela como Aquele que é capaz de morrer para que o homem possa viver.
Senhor, eu procuro a Vossa Face! Não me afasteis para longe dela por causa dos meus pecados; não desvieis de mim o Vosso Santo Espírito.                          

Frei Gilson Frede (http://poco-da-palavra.blogspot.com)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Clara e Francisco, dois enamorados de um único Senhor!

"Escrevi esta reflexão a pedido de Thiago, jufrista brasileiro para o blog: http://jufrabrasil.blogspot.com o reproduzo aqui como foi publicado."


Carissimas irmãs e carissimos irmãos da JuFra do Brasil, Paz e Bem!

O nosso caro irmão Thiago, formulou-me o convite de partilhar convosco duas linhas sobre a nossa Irmã e mãe Clara de Assis e a sua relação com o nosso Irmão de Assis, o Frei Francisco. Aceitei de bom agrado fazê-lo esperando que seja útil para o vosso caminho. Desde já agradeço a simpatia fraterna de muitos de vós a meu respeito. Deus vos abençoe na sua paz e no seu bem!

Muito, longo os séculos, já se escreveu e se disse sobre a figura singular de Clara e da sua relação com Francisco. Portanto, não direi nada de novo ou de melhor.

Não se pode pensar em compreender a figura de Francisco com toda a sua novidade evangélica sem associar à sua vida e à sua história Clara de Assis, sua conterrânea e, como a chamam, a “plantazinha” de Francisco. Clara é efetivamente e afetivamente o rosto feminino do franciscanismo e, como tal, é parte integrante e íntimo de um único projeto de vida evangélica. Clara e Francisco são dois lados de uma única moeda.

Tornou-se, entretanto, comum pensar a relação entre Clara e Francisco em termos do amor humano, de romantismo. De fato, dos muitos livros e filmes que retratam o encontro extraordinário entre estes dois filhos de Assis, poucos conseguiram evitar o cedimento a esta redutora tentação romancista.

Para o famoso escritor italiano Francesco Aberoni, por exemplo, “a relação entre Santa Clara e São Francisco tem todas as características de um enamoramento transferido ao divino” (Enamoramento e amor, Rio de Janeiro, Rocco, 1986).

Na minha opinião, a relação entre Clara e Francisco era certamente muito forte, inclusive do ponto de vista humano. Era uma relação paternal e filial. Porém, não era certamente de tipo erótico e conjugal. Francisco chamava a Clara de “plantazinha” e esta a Francisco de “nosso pai”.

Apraz-me muito pensar a estes dois “jograis” de Deus como, efetivamente, dois enamorados. Não enamorados um do outro, mas enamorados cegamente de Cristo crucificado e ressuscitado. Naturalmente foram um para o outro um constante e importante ponto de referência. Me é muito simpática a ideia de que é junto à Clara que Francisco entoa o “Cântico do Irmão Sol e da Irmã Lua” e que é a ela que se inspira para o maravilhoso verso à “irmã água” que é “útil e humilde e preciosa e casta”.

Partindo de uma célebre frase de Antoine de Saint Exupery que diz: “amar-se não significa fixar-se um ao outro, mas fixar juntos a mesma direção”, o Frei Raniero Cantalamessa, capuchinho e pregador da Casa Pontifícia, numa sua belíssima recensão do Filme “Francesco e Clara” do realizador Fabrizio Costa (2007), (filme muito interessante e fortemente recomendável) mostra como de fato Clara e Francisco não passaram as suas vidas em Assis fixados um ao outro, mas eram como dois olhos que fixam com alegria a mesma direcção.

Dois olhos não no sentido de um olho multiplicado por dois, mas dois olhos que olham para a mesma realidade mas de ângulos e prospectivas diferentes conseguindo assim uma maior percepção da realidade observada. Eis porque o nosso carisma é abrangente e não exclusivista.

Clara e Francisco olharam fixos para o mesmo e único Deus, para o mesmo Senhor Jesus Cristo, para o mesmo Crucifixo, para a mesma Eucaristia, mas sempre de ângulos diferentes, com os dons e sensibilidades de cada um. É assim que juntos, qual dois olhos, acolheram muito mais de quanto podia acolher dois Franciscos ou duas Claras.

Caros Jovens, num tempo fortemente marcado pelo hedonismo, pornografia e egoísmo re-evocar a relação entre estes dois santos, fundadores do franciscanismo, reveste-se de peculiar importância. Francisco e Clara são um exemplo de como um homem e uma mulher podem estar unidos mantendo uma total pureza, longe de todo o hedonismo, pornografia e egoísmo. Francisco e Clara viveram totalmente unidos porque totalmente livres e se fizeram totalmente dons um ao outro porque totalmente oferecidos a Cristo e aos irmãos.

Queria terminar esta curta partilha convosco com uma belíssima imagem inicial do, já citado, filme “Francesco e Chiara” que muito me edificou: Francisco caminha num prado, Clara o segue colocando os seus pés sobre as pegadas de Francisco. A um certo ponto Francisco vira-se e pergunta a Clara: ‘Estás a seguir os meus passos?’ Clara responde: ‘Não, sigo passos mais profundos’.

Penso que também nós, jovens do terceiro milénio, apaixonados pelos ideais evangélicos vividos por Francisco e Clara devemos colocar os nossos passos sobre as suas pegadas convencidos fortemente que estamos a seguir “passos mais profundos”, passos do Nosso Senhor Jesus Cristo, passos que tanto Clara como Francisco seguiram com ardor na simplicidade, na alegria, na paz e no bem. Portanto, olhando para atrás , caros jovens, não nos limitamos a fixar Francisco e Clara mas mantenhamos os nossos olhos fixos em Jesus Cristo. Porém fixamos Jesus Cristo com os olhos e o jeito de Francisco e de Clara.

Hoje, somos convidados a sermos no nosso meio os novos Franciscos e as novas Claras para construirmos novamente a fraternidade universal. Eu topo e TÚ?


Frei Gilson Frede, Capuchinho.
Frade de Cabo Verde, foi vice-presidente
Nacional da JUFRA de Cabo Verde,
hoje está em Roma/ITA em
preparação para sua ordenação.
freifrede@gmail.com
http://poco-da-palavra.blogspot.com
www.youtube.com/freifrede

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Vigilância e Confiança!




Decididamente, Jesus não se cansa de chamar os seus discípulos a uma vida de pobreza, no Evangelho deste domingo e do domingo passado. Mas Ele próprio sabia bem que o dinheiro é necessário para viver. O grupo dos apóstolos tinha uma bolsa comum. São Paulo fará um peditório, que dará uma grande soma, para a Igreja de Jerusalém. Segundo o Evangelho, a pobreza não é a miséria. Já domingo passado Jesus nos convidava a sermos ricos em vista de Deus e não a amealharmos para nós mesmos. Hoje, diz uma pequena frase muito esclarecedora: “Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino”. O Pai quer encher-nos com a sua Plenitude. Mas isso supõe, da nossa parte, uma atitude de despojamento para nos tornarmos disponíveis e acolhedores do dom de Deus. Recordemos que somos apenas criaturas. Não somos a nossa própria origem. Desde o início da nossa existência, devemos primeiramente tudo receber, a começar pela vida. Numa palavra, devemos, em primeiro lugar, ser amados para podermos aprender a amar. A verdadeira pobreza consiste em reconhecer a ligação de dependência no amor e na vida. Se a recusamos, fechamo-nos em nós mesmos, numa riqueza que podera. (www.dehonianos.org)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crer em novas fronteiras!

"Morreu no mar a gaivota mais esbelta,
A que morava mais alto e trespassava
De claridade as nuvens mais escuras com os olhos"

A Elegia à Gaivota, de Sebastião da Gama, bem pode ser uma "parábola" do jovem inquieto. Do jovem que não fica sentado na areia da praia, sem arriscar na aventura da vida.

As Estatísticas falam duma faixa juvenil demasiado satisfeita, sem preocupações pelas grandes causas. Os Jesuítas portugueses reuniram-se para umas Jornadas de Estudo. Tinham como Temática: "Crer na fronteira; Crer em novas fronteiras". Um deles, que trabalha com jovens universitários, reconhece que uma faixa da nossa juventude não voa muito alto nem é trespassada por grandes inquietações.

Pergunta: em que gastam o tempo muitos jovens adolescentes? Vemo-los muito agarrados ao telemóvel, quando passam pela rua e, até, sentados a estudar, com fios a encher de ruídos os ouvidos. Estruturados por esta superficialidade, é difícil descer à profundidade onde se pode encontrar Deus; é quase impossível comover-se pelo próximo caído na berma da estrada.

Um jovem que sai fora destes esquemas é quase olhado como um marginal. Mas os grandes vocacionados da Bíblia-Abraão, Moisés, Jeremias, Maria, Paulo de Tarso, tiveram de fazer silêncio para descer à profundidade, travar batalhas interiores, rupturas com mentalidades e mediocridades, para atravessar "Novas fronteiras". Foi o convite que Jesus Cristo fez a Simão Pedro :"Faz-te ao largo"; e vós lançai as redes"(Lc. 5, 6)

Cito uma Carta aos Jovens sobre as Vocações":

"Oxalá consigas escolher bem; essa escolha por vezes é fácil, outras vezes é uma verdadeira crucifixão. Lembra-te de Francisco de Assis que, para indicar a sua renúncia à vida burguesa, que o pai queria para ele, se refugiou nu, ou seja, despojado de todo o sinal de riqueza e de toda a pertença mundana sob a protecção do bispo de Assis."

Há poucos dias um grupo de jovens desta Comunidade Cristã de S. António (Barcelos) partiu em peregrinação a Assis. No momento que escrevo este artigo, outro grupo parte para uma experiência nova em Taizé (França).

No dia 15 de Agosto será ordenado sacerdote capuchinho, fr. Hermano Filipe, na Igreja dos Capuchinhos de Gondomar. Fr. Filipe partirá como missionário para as terras do "Sol Nascente", para Timor Lorosae.

Ainda há jovens que crêem em novas Fronteiras.

Frei Manuel Pires, Capuchinho (www.capuchinhos.org)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Porciúncula, cabeça e mãe dos Frades Menores!

Diversos textos, das assim chamadas "fontes franciscanas", falam do sentido e do valor que este lugar passou a ter na vida de São Francisco, e posteriormente considerado "cabeça e mãe dos Frades Menores". 


"Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor queria aumentar o número de seus frades, disse-lhes um dia: 'Caríssimos irmãos e meus filhinhos, vejo que o Senhor quer fazer crescer a nossa família. Parece-me que seria prudente e próprio de religiosos irmos pedir ao Senhor Bispo ou aos cônegos de S. Rufino ou ao abade do mosteiro de São Bento uma igreja pequena e pobre onde os frades posssam recitar as horas e, ao lado, uma casa pequena e pobre, de barro e de vimes, onde os frades possam descansar e fazer o que lhes for necessário. O lugar que agora habitamos já não é conveniente e a casa é exígua demais para nos abrigar, visto que aprouve ao Senhor multiplicar-nos. ... Foi então apresentar ao bispo o seu pedido, que lhe respondeu assim: "Irmão, não tenho igreja para vos dar". Dirigiu-se em seguida aos cônegos de S. Rufino. Estes deram-lhe a mesma resposta. Foi dali ao mosteiro de São Bento do Monte Subásio. Falou ao abade como fizera ao bispo e aos cônegos, relatando-lhe a resposta que deles obtivera. O abade compadecido, depois de se aconselhar com os seus monges, resolveu com eles, como foi da vontade de Deus, entregar ao bem-aventurado Francisco e seus frades a igreja de Santa Maria da Porciúncula, a mais pobre que eles possuiam. Para o bem-aventurado Francisco era tudo quanto de há muito desejava. ... Não cabia em si de contente, com o benefício recebido: porque a igreja era dedicada à Mãe de Cristo; porque era muito pobre; e também pelo nome que era conhecida. Era com efeito chamada de Porciúncula, presságio seguro de quje viria a ser cabeça e mãe dos pobres frades menores. O nome de Porciúncula tinha sido dado a esta igreja por ter sido construída numa porção acanhada de terreno que de há muito assim era chamada" (Legenda Perusina, cap. 8).



"Depois que o santo de Deus trocou de hábito e acabou de reparar a Igreja de São Damião, mudou-se para outro lugar próximo da cidade de Assis, ... chamado Porciúncula, onde havia uma antiga igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus, mas estava abandonada e nesse tempo não era cuidada por ninguém. Quando o santo de Deus a viu tão arruinada, entristeceu-se porque tinha grande devoção para com a Mãe de toda bondade, e passou a morar ali habitualmente. No tempo em que a reformou, estava no terceiro ano de sua conversão" ( T.Celano, Vida I, cap. 9,21).

"Embora o Seráfico Pai soubesse que o reino dos céus é estabelecido em todos os lugares da terra... sabia, no entanto, por experiência, que Santa Maria dos Anjos havia sido contemplada com bençãos especiais... Por isso recomendava sempre os frades: 'Meus filhos, tende cuidado de jamais abandonar este lugar. Se vos expulsarem por uma porta, entrai pela outra. Este lugar é sagrado, morada de Cristo e da Virgem Maria, sua bendita Mãe. Aqui, quando éramos apenas um pequeno número, o bom Deus nos multiplicou. Aqui ele iluminou a alma destes pequeninos com a luz de sua sabedoria, abrasou a nossa alma com o fogo de seu amor" (Espelho da Perfeição, cap. 83).

"Neste tempo nasceu a Ordem dos Frades Menores, multidão de homens que, então, começou a seguir o exemplo do Seráfico Pai. Clara, esposa de Cristo, recebeu nesta igreja a tonsura, despojando-se das pompas do mundo para seguir a Cristo. Aqui, para Cristo, a Santa Virgem Maria gerou os frades e as Pobres Damas, e, por meio deles, deu Cristo ao mundo. Aqui, estrada larga do mundo antigo tornou-se estreita e a coragem dos que foram chamados tornou-se maior. Aqui foi composta a Regra, a santa pobreza foi reabilitada, a vaidade humilhada e a cruz alçada às alturas. Se algumas vezes o Seráfico Pai sentiu-se conturbado e aflito, neste lugar reanimou-se, o seu espírito recuperou a paz interior. Aqui desaparece toda a dúvida. Por fim, aqui se concede aos homens tudo que o pai pediu por eles" (Espelho da Perfeição, cap. 84).

Atualidade

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