Da voz ao rosto, na casa e pelas estradas!


Com esta sugestiva imagem a XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, na sua mensagem conclusiva, descreve a percurso da Palavra de Deus. A “Voz de Deus” atestada na Sagrada Escritura, assume um “Rosto” e uma identidade humana em Jesus de Nazaré. Edifica uma “Casa”, a Igreja, que é convocada e reunida pela Palavra, para depois lançar-se longo as “estradas” do mundo num incessante dinamismo missionário.

Cada vez que um crente aproxima-se com fé à Palavra é chamado a lançar-se na mesma viagem: ele escuta a Palavra vivente de Deus, que “precede e excede” a Bíblia, permitindo-lhe um encontro pessoal com o Verbo feito carne, Jesus Cristo, que continua a abrir, como aos dois peregrinos de Emaús, o coração do homem para compreender o sentido dos livros de Moisés, dos Salmos e dos Profetas. Este encontro pessoal não é, todavia, solitário: é possível somente na comunidade e cria comunidade dando-a um novo brio no anuncio missionário.

A quaresma é aquele tempo propício (kairos) para esse aproximar á Palavra de Deus. Quaresma é um tempo (quarenta dias) e um espaço para recalibrar a nossa vida e as nossas relações: com Deus, com os outros, com as criaturas e connosco mesmo. A exigencia de colocar ordem na nossa própria existencia é muito difusa, a vários niveis. A liturgia quaresmal nos propõe alguns critérios para conseguir tal fim.

O jejum: o que tem a ver a alimentação com os nossos problemas éticos, políticos (vida da polis), religiosos, de gestão do tempo, do dinheiro ou das relações. Hoje o imperativo social, requer um corpo atlético em todas a idades e isto pode orientar-nos à “suspeita” de que, se calhar, um estado de bem estar completo não é separado das condições do corpo. Mas Jesus vai muito além: um jejum prolongado, de quarenta dias, marca a intenção de sondar a própria verdade, a própria identidade muito além da percepção superficial e pontual de uma “experiência” curiosa.

A oração: Normalmente pensamos que a oração é uma prática ou um recital, muitas vezes mecânica, palavras e frases que os nossos lábios emitem sem que o coração tenha alguma influência. A oração é nada mais do que um diálogo íntimo com Deus, é falar com ele, dizer-lhe tudo o que somos e temos o que estamos pedindo conforto, ajuda, protecção, graça ... é um colóquio filial.

A esmola: A caridade, de que nos fala Jesus, significa abrir o nosso coração à caridade, sabendo privar nos de algo, não do que nos é supérfluo, para compartilhá-lo com os irmãos: oferecer o nosso tempo e os nossos talentos para o benefício daqueles que nos estão próximos, estar perto dos que sofrem e oferecer o nosso consolo e coragem para aqueles que estão sós, doentes ou passando por uma situação difícil.
A quaresma é um tempo de graça, uma primavera do Espírito! Um bom caminho quaresmal na Paz e no Bem!

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